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Senti algo tocar meus pés e o puxei para trás, logo abrindo meus olhos rapidamente. Olhei para baixo e vi um gato de coloração preta e os olhos verdes bem claros.

Ele é pequeno e miou ao me ver. Cheguei mais perto e ele veio correndo até mim, colocando a cabeça em minhas mãos e eu sorri, fazendo carinho em seu queixo.

— Bexley, me desculpa, ele ama entrar aqui. — Ragna saiu do banheiro e olhou para a cena a sua frente — Esse é o Robin, um dos gatos da academia. 

— Oi, Robin. — falei e o gatinho soltou um miado fino, me fazendo dar um sorriso largo.

— O antigo diretor da academia amava gatos, por isso aqui é cheio. Já viu o caminho da biblioteca? Eles amam ficar lá.

— Eu vi eles quando fui pegar meus livros. — respondi me levantando da cama e deixando Robin lá em cima — Vou trocar de roupa para a gente ir tomar café.

Ragna assentiu e eu peguei uma roupa na mala, logo entrando no banheiro, retirando meu pijama de frio preto e entrando embaixo do chuveiro que saía uma água morna. Lavei o cabelo e em seguida passei um sabonete líquido de lavanda pelo meu corpo, massageando meus braços e meu ombro que estava um pouco dolorido. 

Saí o chuveiro e me sequei, logo colocando uma calça preta justa, uma blusa de lã preta e deixei meu cabelo solto para secar naturalmente. Passei um gloss com brilho e saí do banheiro, encontrando Ragna com Robin no colo. 

Dei um sorriso e esperei ela colocar Robin em cima da cama novamente. Ela cobriu o gatinho com o meu cobertor e saímos do quarto, deixando somente um espaço para caso o felino queira sair para dar uma volta.

Andamos pelo corredor e a cada passo que eu dou, todas as pessoas me olham de um jeito estranho, como se estivessem desconfiadas.

Decidi ignorar isso e seguir até o refeitório, que quando coloquei meus pés, todos os olhares se viraram para mim e cochichos começaram a ser ouvidos. 

— O que está acontecendo? — perguntei sentando ao lado de Patrick, que tomava um gole de seu café forte e, provavelmente, sem açúcar. 

— Você está na boca de todo mundo. Já te defendi de mais de 20 pessoas. — ele respondeu esticando um potinho com nozes em minha direção — Quer?

— Como assim? Porque estou na boca de todo mundo? — perguntei arqueando as sobrancelhas — E não, eu não quero nozes.

— Acham que você é uma ladra. — Hael entrou na conversa e eu o encarei.

— Eu não roubei nada, não tem porque eles acharem isso. — respondi incrédula.

— A gente sabe disso, mas eles acham que você roubou o sangue de Emeric. — Lucien disse e eu bati as mãos na mesa.

— O que é sangue de Emeric? — perguntei.

— Digamos que sangue de Emeric é um artefato poderoso. Muito poderoso. — Patrick disse — Dizem que Emeric era um homem igual a nós, mas com poderes horríveis e cruéis. Um dia ele morreu e o seu sangue foi recolhido e guardado por um cara chamado Morrigan, só que um dia ele sentiu uma tentação por aquilo e simplesmente o bebeu, o fazendo tornar um homem poderoso. 

— Depois de tudo isso, um pouco do sangue foi guardado aqui na academia e durante anos ele esteve seguro, mas hoje ele sumiu. — Hael disse — E todos estão achando que é você.

— Mas porque eu? 

— Durante anos ele ficou aqui sem nenhum problema, mas aí você chegou e ele foi roubado. — Patrick disse, segurando minha mão — Nós sabemos que não foi você quem roubou, Bex, mas a maioria dos alunos juram que a ladra da história é Bexley Winthrop. 

Isso não pode estar acontecendo. Eu estou sendo acusada de roubar esse sangue de Emeric e a maioria dos alunos estão acreditando que realmente sou a ladra. 

Coloquei a na cabeça e suspirei, sentindo uma vontade imensa de chorar diante da situação. Eu deveria ter ouvido o meu pai e nunca ter vindo para cá.

— O que eu posso fazer? — perguntei encarando os meninos que pareciam ter dó de mim. 

— Se trancar no quarto e nunca mais sair. — Hael respondeu mordendo um pedaço de brownie.

— Pode ter sido você também, Hael. — falei o encarando.

— Estão dizendo que o roubo aconteceu durante o apagão que teve durante a festa. — falou colocando o brownie no prato — Eu estava com você nessa hora.

Isso é verdade, Hael estava me segurando quando o apagão aconteceu. Pelo menos ele tem certeza que não fui eu quem roubei essa coisa.

— Já retiraram a mesa do café, pode comer o meu biscoito, Bex. — Patrick esticou o prato para mim e eu neguei com a cabeça, não estou com mais fome.

— Perdi o apetite, Patrick, mas obrigada. — falei me levantando — Preciso sair daqui, as pessoas não estão me olhando com uma cara ótima. 

Levantei do banco e Patrick também se levantou, passando o braço pelo meu ombro e caminhando junto comigo para fora do local repleto de pessoas que, agora, não têm confiança nenhuma em mim.

— Não gosto de te ver assim, com uma expressão séria. — Patrick disse enquanto paramos de frente ao campo — Sei que é difícil, mas você é Bexley, a minha irmã, e consegue superar isso.

— Eu não teria tanta certeza.

— Você disse a mesma coisa quando fomos para o parque de diversões e você acabou desmaiando no brinquedo. Falei que rapidamente você ia superar isso e a resposta que recebi foi "eu não teria tanta certeza". — ele disse e eu não consegui prender uma risadinha que saiu de mim.

Eu me lembro disso. Eu, meu irmão e meus pais fomos a um parque aproveitar as férias de verão e Patrick sempre foi o mais animado de todos, então me chamou para ir em um brinquedo com o tema de terror, eu aceitei e me arrependi no mesmo instante. Tinha muitas pessoas fantasiadas de personagens horripilantes e eu comecei a chorar muito, muito mesmo, a ponto de desmaiar e dizer que não iria mais em nenhum brinquedo pelo resto da minha vida. 

— Eu tinha quatro anos quando falei isso. — soltei uma risada e ele envolveu meu rosto com suas mãos mornas.

— Se precisar de qualquer coisa, conte comigo. Sou seu irmão e estarei contigo até o último minuto. — ele sorriu — Sabe que eu faria de tudo por você, não é?

— Sei.

— Você é e sempre será a minha irmãzinha que prometi proteger, então vai ter que me aguentar até o dia da minha morte. — ele disse e eu bati de leve minha mão em seu peito, dando uma risadinha.

— Iria até a minha casa todos os dias só para se certificar de que eu estou bem? — perguntei e ele sorriu.

— Se precisar, eu iria todas as horas. 

— Eu te amo muito, Patrick. — eu o envolvi em um abraço apertado, colocando toda a minha força. 

— Eu te amo mais, Bex. 

A Academia Eldritch: A Busca pela Verdade Onde histórias criam vida. Descubra agora