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Já faz algumas horas que estamos aqui esperando alguém chegar. Hael está andando de um lado para o outro e eu estou sentada, brincando com meus dedos gélidos por conta do frio que faz aqui em cima.

Um barulho nos chamou a atenção, fazendo Hael se juntar a mim e segurar na minha mão, como se estivesse com medo de algo acontecer.

No meio da escuridão, apareceu uma mulher de cabelos pretos curtos, olhos castanhos grandes e uma cicatriz ao lado da boca. Ela usa uma calça de couro preta, uma blusa branca com alguns símbolos desenhados e uma jaqueta do mesmo tipo da calça.

— Hael. — seus lábios se curvaram em um sorriso — Você finalmente voltou.

— Quem é você? — perguntei.

— Me chame de Raidne. Sou uma guardiã dos segredos da floresta. — a garota sorri enquanto fala.

— Raidne é uma amiga atinga, nos conhecemos no orfanato. — Hael respondeu, dando um abraço na garota — Ela conhece todos os caminhos ocultos e os mistérios que nos cercam.

— Estou aqui para ajudar, não precisa ter medo. — seus olhos estão direcionados para mim.

— Não estou com medo. — respondi e ele assentiu, ainda com um sorriso no rosto.

— Minha mãe sentiu a presença de vocês, então me mandou aqui para levá-los até a nossa casa.  — ela disse, fazendo Hael arquear as sobrancelhas — Depois que você foi embora, uma mulher, também com poderes, me adotou.

— Fico muito feliz por você. — Hael respondeu com um sorriso.

— Segurem em minha mão, vamos descer até a floresta, a nossa casa fica lá no meio. — Raidne disse, esticando os braços para mim e para Hael, que seguramos cada um em uma.

Em um piscar de olhos, já estamos aqui embaixo na floresta. Hael arrumou sua blusa e Raidne fez sinal para nós a acompanharmos.

— Como chegamos aqui embaixo tão rápido? — perguntei.

— Raidne é rápida. — Hael respondeu — Bem rápida.

A garota virou para trás e sorriu, logo voltando a andar por meio das folhas e árvores que completam o lugar escuro e silencioso. Hael está atrás de mim e eu estou no meio, achei melhor desse jeito.

Um barulho de passos apareceu e Raidne nos puxou pelo braço, nós pressionando contra uma árvore. Ela colocou o dedo na frente de sua boca e fez um sinal de silêncio, para que não falássemos nada.

Os passos já estão longe e ela nos solta, me deixando com uma expressão de dúvida.

— Explico para vocês quando estivermos na casa, não é seguro ficarmos aqui por muito tempo. — disse e eu assenti, voltando a acompanhar.

Caminhamos mais um pouco e finalmente consegui ver uma casinha marrom pequena no meio das árvores e folhas. Na porta, tem uma mulher sentada em um banco de madeira e em pé, ao seu lado, tem um rapaz conversando com ela.

Ao nos ver, os dois abriram um sorriso largo e a mulher de levantou, vindo em nossa direção, arrumando o seu vestido longo preto com alguns detalhes em dourado. Em sua cabeça tem uma tiara fina também dourada e em seus lábios, um batom vermelho forte está presente.

— Mãe, aqui está eles. — Raidne disse, parando ao lado da mulher que deu um tapinha em suas costas e sorriu.

— Bexley Winthrop e Hael Wevery. — ela disse, cruzando os braços na altura da barriga — Ótimo ver vocês.

— Me desculpa, mas quem é você? — perguntei, colocando uma mecha do meu cabelo loiro para trás.

— Me chamo Eldra. — disse — Aquele ali é Leopold, meu filho mais velho, ele vai ajudar vocês com qualquer coisa que precisarem.

Leopold veio até a gente e abriu um sorriso amigável. Seus cabelos são de um tom castanho e bem curto, seus olhos são escuros e possuí uma pinta pequena no lado direito de sua boca.

— Obrigada pela recepção, mas não queremos incomodar. — falei e ela riu, balançando a cabeça.

— Não é incômodo nenhum, querida, será um prazer ter vocês aqui em casa junto da gente. — Eldra disse, passando a mão pelo cabelo longo — Entrem, não é seguro ficar aqui de fora.

Assentimos e todos nós entramos na pequena e confortável casa. Fomos para a sala e Hael se sentou no sofá marrom ao lado de Raidne e Leopold, já eu fiquei em pé olhando para os quadros pendurados na parede.

— Não é querendo me aproveitar de você, mas poderia me ajudar a preparar um chá? — Eldra perguntou, passando a mão pelo meu ombro.

— Claro. — falei com um sorriso.

Caminhei até a cozinha atrás de Eldra e coloquei as mãos sobre o balcão de mármore. A água ferve e a mulher pega algumas folhas em um pote de vidro transparente.

— Meu marido está viajando para trazer mais. — falou ao ver que acabaram as folhas.

— Moram vocês quatro aqui? Ou tem mais gente? — perguntei.

— Somente nós. — respondeu — E você, mora com seus pais?

— Sim, moro com meu irmão também. — falei — Nós temos uma relação incrível. Leopold e Raidne também se dão bem?

Ela parou o que estava fazendo, colocando as mãos para baixo e suspirou, virando-se para mim com delicadeza.

— Não muito. — falou baixo, quase em um sussurro — Eu adotei os dois e dei o mesmo amor para ambos, mas Raidne insisti em dizer que Leopold é mais amado, somente porque peguei ele quando ainda tinha poucos dias de vida e ela foi acolhida com onze anos.

— Você sempre teve uma certa paixão pela adoção? — perguntei.

Minha tia Poppy, irmã mais nova de minha mãe, adotou suas duas filhas em um orfanato assim que se casou. Ela perdeu o útero por conta de complicações associadas a uma gravidez de risco, na qual perdeu o bebê, então adotou duas menininhas gêmeas que viviam em situações complicadas.

Meus avós não acharam isso muito bom, mas com o tempo eles foram aceitando e hoje em dia elas têm nove anos e são muito amadas por todos.

— Sempre quis ser mãe, mas fui amaldiçoada quando eu tinha somente sete anos. Paguei pelas ações irresponsáveis de minha mãe. — lágrimas começaram a se acumular em seus olhos — Um dia, eu estava caminhando pela floresta e encontrei uma mulher com vestimentas rasgadas, rosto todo machucado e o corpo todo avermelhado. Ela estava com um bebezinho no colo, que chorava muito.

Ela começou a mexer em seus dedos, como uma forma de aliviar a tensão.

— Eu cheguei perto dela e olhei para o bebezinho, que estava bem magro e chorando muito. A mulher me entregou o bebê e pediu para que eu cuidasse dele como se você meu filho de sangue, pois ela sabia que eu ia cuidar melhor do que ela. — ela direcionou sua cabeça para baixo e sorriu em meio às lágrimas — Aceitei e trouxe o bebezinho para minha casa, o batizando com o nome de Leopold, que significa "corajoso entre seu povo".

— Isso é incrível, Eldra. — falei entre um sorriso — É uma ação extremamente maravilhosa, a mulher que estava com ele deve estar feliz de saber que ele está bem e feliz com você.

— Eu espero, Bexley. — respondeu, virando novamente para a água fervendo — Adotei Raidne porque senti uma sensação ruim ao passar de frente ao orfanato. Quando entrei, vi-a em uma situação horrível, machucada e com dor, então resolvi adotá-la e criei-a com o maior amor do mundo.

— Você é uma mulher com um coração incrível.

— Ela é a melhor pessoa que eu já pude conhecer. — Leopold apareceu atrás de mim.

— Obrigada. — Eldra respondeu a nós dois — O chá já está pronto, vamos para a sala.

Me sentei no sofá sozinha e Leopold se sentou ao meu lado, sorrindo e me entregando uma xícara com um pouco de chá quentinho.

— Me desculpem pelo que vou dizer, mas vocês dois entraram em algo que vai ser muito difícil de sair. — Eldra diz.

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