Estava mais uma vez enfurnado dentro do escritório, haviam muitos papeis sobre a mesa, minha cabeça já doía por ter que ler sempre as mesmas coisas.
Os papéis nada mais eram do que cartas de Reis e Duques, eles diziam sempre as mesmas coisas, pedidos para visitar minhas terras ou até mesmo ofertas de casamento.
Aquilo me causava repúdio, ver tantos pais tratando seus filhos como meras mercadorias de troca, era algo inadmissível para mim. Sempre detestei e neguei qualquer oferta de casamento, justamente por saber que seria apenas algo contratual e forçado.
Os ômegas que eram entregues para pessoas ricas, eram sempre infelizes, criados para agradar seus noivos , gerar filhotes e trazer lucros para suas famílias.
Aquela era uma visão tão deturpada sobre os ômegas, eu não queria alguém para casar apenas para geral filhotes ou para ser minha cortesã. Eu não precisava de nada daquilo, eu queria alguém que me amasse e ficasse ao meu lado por vontade própria e não por mero capricho de velhos.
Acredito que meu sonho de um belo casamento, morreu junto com a minha mãe e seu falso casamento feliz, no último suspiro de minha mãe jurei não tratar meu futuro ômega como meu pai a tratou e sim como o mais raro dos cristais.
Crescer é perceber como nada daquele sonho encantado que eu achava ser o casamento dos meus pais era verdade. Minha mente de criança não percebia as brigas, as marcas de agressão e até mesmo as orelhas sangrando por conta da voz de alfa de meu pai.
Perceber tudo isso depois de viver anos sobre a sombra de algo apagado por minha mente para não me causar dor, foi como se abrissem minha cabeça com ferro quente, eu me culpava por não ter percebido antes.
Quantas vezes eu com pouca idade disse para mamãe o quanto eu gostaria de ter um relacionamento como o dela e eu via seu sorriso, que só hoje eu percebo o quanto era forçado.
Saí dos meus pensamentos punitivos, minhas mãos já tremiam e meus olhos oscilavam. Ouvi minha barriga roncar e tentei focar na fome e não na raiva que irradiava por meu corpo.
Saí da sala indo para o salão, a mesa novamente já estava posta, diferente de hoje cedo haviam mais pessoas ali, mas entre todos os presentes apenas um estava comendo.
O meu pequeno filho era o único que tinha permissão para comer antes de mim. Uma das regras da realeza é que só podem comer após o Rei, mas nem sempre eu consigo comer nos mesmo horário.
Por medo de deixar meu menino com fome e querendo dar mais liberdade para ele poder comer o que sentir vontade independente da hora, eu o retirei dessa regra estúpida.
Me sentei na mesa e comecei a me servir vendo as outras pessoas fazerem os mesmo, eu havia dispensado as criadas que faziam isso, não via necessidade alguma naquilo, todos ali podiam se servir sozinhos.
Meu menino terminou seu prato antes de qualquer um naquela mesa e me olhou com seus olhinhos brilhantes, ele nunca foi de me pedir as coisas mesmo com toda nossa fortuna ele não desejava muitas coisas, mas se tem uma coisa que meu menino amava, eram guloseimas.
- Não precisa me olhar com esses olhinhos meu amor, papai deixa você comer um doce, mas apenas um - disse sério, sua saúde era algo deveras sério para mim e eu não iria prejudicar ela deixando ele se afundar em um monte de doces.
- Obrigado papai - disse beijando minha bochecha e correndo para a cozinha, sorri vendo como meu filhote era lindo.
Continuei minha refeição envolto em silêncio, não era comum conversarmos durante as refeições, era uma questão de etiqueta, enrolei um pouco mais para terminar meu prato, apenas para ter certeza de que todos haviam comido bastante.
Assim que larguei os talheres, todos as minha volta fizeram a mesma coisa, menos Aylin que sustentava no rosto um sorriso ácido, não me deixei abalar por suas provocações, sabia que ela apenas precisava de atenção para se sentir feliz.
- Se como princesa você não aprendeu a ter etiqueta, eu acho que vou precisar te ensinar - olhei para ela com um olhar divertido, desafiar a autoridade do rei, era um terrível erro - caminhei até ela e peguei seu prato, entregando para uma das serviçais - da próxima vez que fizer isso, saiba que a forca te espera.
Sai dali não me importando com a reação das pessoas e nem com os rosnados de irritação do meu pai, eu não era obrigado a aguentar desrespeito em meu palácio.
Fui para a cozinha onde meu menino estava sentado em uma das enormes mesas de madeira maciça, Tae estava ao seu lado fazendo carinho nele. Ao me ver o mais novo tentou se curvar em minha direção, mas impedi que ele fizesse isso.
Haviam poucas pessoas que eu considerava família, mas Taehyung era uma delas e pelas mesmas causas de Magnólia, ambos tinham o coração do meu menino.
- Precisamos te limpar - disse para o alfinha que estava com as bochechas cheias de chocolate.
Peguei suas mãozinhas o levando para o lavabo, Kai sorria enquanto eu passava água por suas bochechas, seu banho seria daqui a pouco, mas agora era hora da sua soneca da tarde.
Meu menino assim como toda criança, carrega um mal humor pelo resto do dia se não dormir ao menos duas horas após o almoço.
Taehyung estava lhe esperando na porta, entreguei o filhote em seus braços e sai dali voltando para o escritório, eu teria uma reunião com alguns dos conselheiros.
Me preparei mentalmente para o que viria, as reuniões podiam ser frustrantes em alguns momentos, porém eu participava de todas para ficar a par do que acontecia em meu reino e com meu povo.
Sempre fiz questão de que todos tivessem o que comer e com o que se esquentar, jamais negaria o básico para meu súditos, eles mereciam as melhores coisas e eu faria de tudo para que eles tivessem uma vida tranquila.
🧡 Notas da autora 🧡
Oiê amores, capitulo novinho pra vcs, peço desculpas por não ter conseguido revisar.
Bjs e até a próxima 🧡
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Sonho Infantil
FanfictionSonhos infantis mortos, decepções e frustrações. Uma família destruída por uma traição. Um ômega poderá mudar isso ?. 🥇#jikook ( 15/11/24)