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Meus olhos se voltam ao professor, que passava insistentemente de um lado ao outro na sala, quase que interpretando os personagens da história européia, com suas falas maximalistas e egocêntricas sobre o próprio povo e sistema rígido criado em benefício próprio, eu já havia quase decorado as frases sem sentido de homens brancos sem o que fazer se não reclamar do muito que teem.
- " Ainda que a terra e todas as criaturas inferiores pertençam em comum a todos os homens, cada um guarda a propriedade de sua própria pessoa; sobre esta ninguém tem qualquer direito, exceto ela."- Disse gesticulando de forma estranha.- alguém sabe qual pensador disse?- levanto minha mão imediatamente, voltando atenções a mim.- Senhorita Juma!- o velho senhor me permite a fala.
- John Locke!- o senhor sorri, afirmando com a cabeça a minha resposta, as vezes acho que ele tem vontade de chorar quando acertamos suas perguntas.
- Certo senhorita...- ele prosseguiu sua aula, continuando com seu teatro unicamente corporal e sua fala dramática e interpretativa, algumas pessoas riam atrás de mim, cochichando de maneira encomoda, é... talvez eu sinta muita inveja dessas pessoas, sei que por mais que eu saiba que não duraria não é algo comum uma adolescente do ensino médio não ter amigos de escola ou ao menos amigo fora dela, mas... simplesmente não consigo interagir com pessoas da minha idade, minha amiga mais próxima é a atendente de setenta anos do sebo de livros que eu costumo ir, sempre comentamos sobre as novelas que estão passando, geralmente eu fico com ela até que o capítulo da novela em questão tenha terminado, e isso é o máximo de amizade que já me ocorreu, mas enfim, prefiro preservar meu futuro a me perder com más influências, não que todos sejam, mas prefiro me prevenir.
Ouço gritos no corredor, seguidos de uma correria, todos indo em direção as escadas, os alunos da sala se levantam, esperando a ordem do professor como no treinamento de incêndio, ele então acena positivamente, pedindo calma, por mais que seu rosto demonstrasse seu desespero, todos nós fizemos uma fila, com as garotas na frente e garotos atrás, eu era a quinta da fila, o professor passa a nossa frente, pedindo calma e para não entrarmos em Pânico, seu que poderia ser só mais um treinamento, mas tenho a impressão de que os gritos sai mais que verdadeiros, são extremamente apavorados, saíamos da sala descendo rapidamente as escadas indo até a quadra que estava separada por turmas com seus professores afrente delas, sentia meu coração acelerar, pedindo para que fosse mais um treinamento, tenho pavor de fogo e pensar que a escola estava sendo queimada comigo e vários colegas dentro...
Ouvimos uma risada masculina e escandalosa em meio ao barulhento silêncio dos alunos, trazendo nossa atenção a um garoto alto, moreno, forte e com tatuagens por seu pescoço e mãos,que usava uma jaqueta de couro ele parecia quase que passaram mal de tanto rir, ele deve ter sido o causador da algazarra.
