Recepção ao Salão do Inferno.

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Amélia.

Botando um pouco mais de gloss no meus lábios na frente do banheiro do aeroporto, posso dizer que estou pronta.

Me afasto um pouco para me observar, e gosto do que vejo.

Retoquei minha cor cinza do cabelo antes de vim para cá e amei como combinou comigo. Com raiz loiro escuro e o resto mais um loiro extra claro bastante totalizado.

Mordo meu lábio arrumando a minha saia branca que chega até a metade das minhas coxas grossas e a minha blusa curta celeste que tem um pouco de decote em circulo mostrando a pele dos meus peitos. No meu pescoço, uma pequena gargantilha de prata como acessório. Até com meu metro e cinquenta e cinco, achei que ia melhor um scarpin nude nos meus pés em vez de uns tênis. Ao final quero dar uma boa impressão ao meu papai querido.

Pego a minha bolsa e saio do banheiro para ir na busca de um taxi.

Graças a um serviço de encomendas internacionais, não precisei de carregar malas gigantescas eu sozinha. Só trouxe uma pequena de mão para facilitar meu traslado já que meu querido pai está tão ocupado sendo um bom servidor religioso que não tem tempo para pelo menos receber sua própria filha.

Bufo revirando os olhos e me lembro que quem escolheu vim para cá fui eu.

Encontro mais rápido do que pensava um taxi e passo a informação que a minha mãe deu pra mim, para o motorista. Eu tenho também o endereço da casa dele mas fui informada que antes das 18hrs, ele não estaria disponível. Então, eu marco diretamente para igreja.

O carro começa a andar e eu me perco nos meu próprios pensamentos.

Eu só tenho uma foto do Marcus, meu pai, porque ele não é um ser muito fotogênico. Ainda que não sei como deveria chamá-lo oficialmente. Eu não tenho nada de convívio com ele porém ele ainda é meu pai. A minha lógica pede chamar por ele pelo nome e o meu coração fala para chamar de pai.

O tempo passou e nem vi que já estávamos na frente de um grande prédio. Saio dos meus devaneios e dou uma nota de vinte na mão do motorista.

Agora é real. Vejo a hora no meu celular e marca quinze para as cinco da tarde. Suspiro, espero muito que ele esteja lá dentro.

Tomando cuidado com meus scarpins na pequena escada e a minha mala, chego na entrada da igreja. Sou recebida por um leve toque do Órgão que vejo depois, está no fundo da sala.

Sem chamar muito a atenção, sento no primeiro banco que vejo e espero enquanto vejo o homem grande conduzir a missa. Nesse tempo, mando uma mensagem para minha mãe para falar que cheguei bem e que estava na igreja esperando por meu pai.

Observo aos lados, e tem muita gente prestando atenção para o que está sendo falado pelo homem que parece ser o padre principal daqui.
E vendo as roupas bem cobertas dessas mulheres, eu estou ressaltando por a minha vestimenta um tanto inadequada. Limpo a minha garganta de leve e tento abaixar um pouco mais minha saia.

Nunca fui a uma igreja antes, então não é minha culpa por não saber a etiqueta cristã!

Finalmente, a missa acaba e muitas pessoas se aglomeram na frente da sala para poder conversar com o padre.

Ele fica um pouco mais perto, e consigo distinguir os detalhes do seu rosto e fico chocada com a beleza desse homem.

Seus cabelos escuros bem cortados e penteados mostra que tal vez sejam compridos. Sua mandíbula forte abraçada por uma barba curta escura juntos com os lábios bem definidos e grossos, faz eu soltar um suspiro. Observo mais, e noto sua altura impressionante junto com seus ombros largos e musculosos, o que me faz pensar que ele deve se exercitar constantemente para manter esses músculos debaixo dessa batina. Passo minha língua pelos lábios.

Com um padre desses, eu virava crente na hora.

Pisco duas vezes e percebo que durante minha inspeção ao seu corpo, de um a um os seguidores dessa igreja foram iram embora e só ficou ele é um cara de terno de tres peças que tem quase a mesma altura que o padre bonitão.

A diferença que o de terno elegante, tem o cabelo loiro escuro e olhos que agora eu vejo, verdes claros.

Meus saltos batem contra o marmol e que o cara loiro me observa primeiro ao estar de frente para entrada. Ele me escaneia desde a cabeça aos pés e me da um sorriso de dentes brancos.
O padre de costas largas ainda não se virou e eu pigarreio um pouco alto para chamar a atenção dele. Escuto o loiro murmurar pra ele que tal vez queira se virar e ele faz.

De perto, posso ver suas pequenas linhas de expressão e me sinto pressa nos seus olhos cor safira. Seguro uma respiração enquanto ele me avalia mais detalhadamente igual seu amigo fez. Mas a diferença do loiro, eu sinto uma eletricidade passar por meu corpo cada vez que ele cruza seus olhos com alguma parte que não está coberta com roupas.

A sua altura sobrepõe a minha me abraçando desde cima de mim como uma sombra.

Eu sou mulher midsize e eu sei que as minhas cadeiras e bunda chamam muito a atenção, mas nunca me senti tão pressa ao um olhar como estou agora.

Limpo minha garganta, e me obrigo achar minha voz.

-Oi, não queria interromper vocês, mas eu preciso achar alguém. -falo olhando para os dois homens, mas eu me concentro no padre vestido todo de preto na minha frente.

-Sim, claro. Em que posso lhe ajudar? -suas palavras eram pra ser gentis só que o tom grosso e gutural dele não condiz com a gentileza que ele quer transmitir. E sem prever, eu fico arrepiada.

-Estou procurando o Padre Marcus, -passo minha unha por cima da ponte do meu nariz tentando não parecer nervosa. O padre na minha frente franze a testa e eu continuo- Em fim, achei que pelo horário ainda estaria aqui mas me enganei...

-Amélia? -o padre pergunta e eu tenso meus músculos na menção do meu nome saindo da sua boca.

-O que...? Você é o padre Marcus? -pergunto sem acreditar nisso. Ele não se parece em nada na foto que eu tenho no celular.

O loiro solta uma gargalhada e aperta o ombro do padre na minha frente.

-Vejo que você vai precisar de muita sorte, Padre Marcus. -o loiro debocha dele me olhando acima abaixo e Marcus, meu pai, solta um grunhido fuzilado ele- Senhorita.

O loiro passa por mim me dando um saludo com os dois dedos na sua testa.
Eu só consigo piscar aturdida para ele eu seguro a respiração.

-Eu achei que seu voo chegava só amanhã. -meu pai fala depois de ter queimado as costas do loiro e virando seus orbes azuis royal na minha direção. A minha pele fica arrepiada ao ter sua atenção.

-Era pra ser, só que meu voo foi adiantado para ontem e eu aproveitei para vim um pouco antes. –falo e engulo em seco. Ele só levanta uma sobrancelha passando seus olhos em mim novamente.

-Eu vejo. -fala e umedeço meus lábios. Ele não perde esse movimento e faz um som gutural- Preciso avisar o selador que estou indo embora. Por favor, me espera na entrada enquanto termino de ajeitar aqui.

Assinto e caminho com cuidado de não cair sentido seus olhos quentes nas minhas costas até o lugar onde eu estava quando cheguei aqui e comecei a secar o homem quem logo seria meu pai.

E quando finalmente viro meu corpo, ele não está mais lá.

Puta merda.

Perdoe-me Pai, porque eu pequei.Onde histórias criam vida. Descubra agora