5. Rotina

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P.o.v. Pedro

Os dias iam passando naquela correia de sempre, apesar de ser cansativo, voltar a trabalhar mesmo que de uma forma mais contida era muito bom.

Agora, Coringa e Amor Pirata estavam oficialmente no mundo, aquela semana foi bem cheia de entrevistas on-line e algumas reuniões com a UFO.

Então logo que o domingo chegou eu e o Jão decidimos aproveitar nosso dia livre fazendo vários nadas.

Ficamos a tarde inteira deitados vendo filme, e trocando uns beijos e carinhos, não existia coisa melhor.

Pedro: — O que quer pedir para jantar, vida? — Pergunto.

Jão: — Que tal macarrão? — Sugere.

Pedro: — Excelente. — Sorrio. 

Jão: — Sabe o que eu tava pensando?

Pedro: — Diga.

Jão: — Na minha próxima turnê... — Ele suspira saudoso. — Agora que a vacinação tá finalmente avançando, talvez a gente possa pensar a respeito.

Pedro: — É, realmente.

Jão: — Sei que nem temos álbum pronto ainda, mas como vai ser só no ano que vem, talvez a gente consiga ter algumas ideias. E eu queria que você começasse a pensar na estrutura, já que, bem, você é meu diretor criativo.

Não vou mentir, amo quando ele me chama assim.

Pedro: — Assim você me deixa ansioso. — Rio e deixo um selinho nos lábios dele. — Bem, a estética vai ser bem a coisa do elemento agua, né? 

Jão: — Isso, vai ser o elemento do próximo álbum.

Pedro: — Já consigo imaginar várias coisas envolvendo isso, vou até anotar. — Abro o bloco de notas do meu celular.

Jão: — Fico imaginado quantas experiências daria para fazer em um show relacionado a isso se a gente tivesse como.

Pedro: — E quem sabe? Vai que esse seu terceiro álbum dá muito certo e você explode nesse país inteiro.

Jão: — Parece um sonho tão distante... — Ele suspira.

Pedro: — Eu acredito.

Ele sorri.

Jão: — Obrigado por sempre acreditar em mim, meu amor. — Ele me dá um beijo.

Conversamos mais um pouco sobre a turnê até que nosso interfone soa anunciando que nosso jantar chegou.

Deci pra buscar e depois fiz o ritual básico de esterilizar tudo.

Nos sentamos no sofá pra comer.

Jão: — Acha que a gente vai conseguir se vacinar nos próximos meses? Tipo, antes do lançamento do álbum?

Pedro: — Espero muito que sim, vida.

Jão: — Quando todo mundo tiver tomado as duas doses, a gente vai poder fazer uma daquelas reuniões com nossos amigos. 

Pedro: — Estou ansioso para rever todo mundo em um contexto que a gente possa ficar próximo.

Jão: — Eu também, meu amor, eu também.

Depois do jantar, eu me sentei no sofá e fiquei mexendo no celular.

Foi quando, mais manhoso que um dos nossos gatos, Jão deitou no meu colo.

Jão: — Cansou de mim?

Pedro: — O quê? — Deixo o celular de lado e olho pra ele.

Jão: — Passou o dia todo agarrado comigo e agora nem me da mais atenção. — Diz com o bico na boca, meu peito se serrete inteiro.

Pedro: — Ai, meu deus, — Me inclino e dou um beijo nele. — Eu nunca vou cansar de você, meu amor. 

Jão: — Tem certeza?

Pedro: — Eu poderia ficar agarrado com você para sempre.

Ele sorri.

Jão: — Pepê... — Chama

Pedro: — Sim, meu amor?

Jão: — Você acha que nossa rotina tá muito monótona ultimamente? — Ele pergunta em um tom um pouco serio. — Porque, meio que não tem muito o que a gente pode fazer além de trabalhar remotamente, to com medo dessa rotina nos afastar.

Pedro: — Ei, não foi você quem montou um cinema na nossa sala pra me animar uns dias atrás? — Passo a mão pela cabeça dele, contornado o raio com a ponta do meu dedo indicador. — Acha mesmo que eu conseguiria ficar longe de alguém que faz de tudo por mim, meu amor? 

Jão: — Não sei, mas sempre me bate um medo de te perder, quando a rotina tá corrida demais, ou quando tá monótona demais, sei que minha insegurança já é um assunto batido, mas, de vez em quando ela volta e...

Pedro: — Amor... — Interrompo carinhosamente antes que ele entre em um daqueles monólogos que faz quando fica ansiosos demais. — Eu já disse e nunca vou me cansar de repetir, a gente volta nesse assunto quantas vezes forem necessárias, eu sei como você se sente vida, eu também tenho esse medo.

Jão: — É serio?

Pedro: — Sim, algumas vezes eu acordo com medo de que você não queira mais minha companhia, eu também me sinto insuficiente às vezes, e nos tempos que estamos vivendo qualquer sensação é amplificada por essa constante ansiedade de não saber como vai ser o outro dia, tá tudo bem.

Jão: — Te amo, Pepê. — Ele se levanta ficando sentado no meu colo de frente pra mim. — Obrigado por sempre ser tão paciente comigo.

Pedro: — Te amo, meu amor — Beijo ele. — E, na verdade, eu fico muito feliz quando você se abre comigo, não importa quantas vezes a gente já tenha tido essa conversa. — Outro beijo.

Jão: — Por que nós dois continuamos sendo tão inseguros? Tipo, a gente vai se casar. — Um pequeno sorriso brota nos seus lábios quando ele diz a última parte.

Pedro: — Acho que nenhum de nós tem noção de que isso está acontecendo. — Dou um riso. — Mas estamos conversando sobre isso ao invés de só esconder um do outro, pra mim isso é um aprova de que estamos amadurecendo, juntos.

Jão: — É, tem razão, amor. — Ele me beija. — Você já vai deitar? Quero dormir abracadinho com você.

Pedro: — Daqui a pouco, quero tomar um banho antes.

Jão: — Posso ir com você? — Ele faz aquele biquinho lindo.

Pedro: — Só se eu puder lavar seu cabelo.

Jão: — Você sempre pode, mas eu não tenho muito cabelo pra você lavar. — Ele ri passando a mão pelo cabeça raspada, o cabelo já tinha começado a crescer, mas ainda estava bem curto.

Pedro: — Eu só queria fazer um charme mesmo.— Dou risada e me levanto, ainda com ele no colo, vou até o banheiro e deixei ele apoiado na pia.

Jão: — Te amo meu noivo.— Ele sussurra conta os meus lábios. — Só pra lembrar.

Pedro: — Te amo mais que tudo, meu noivo. — Beijo ele. — Pra você nunca esquecer.

Tomamos nosso banho com nossas brincadeiras bobas de sempre, acho que sempre vamos ser assim, muito maduros pra lidar com algumas coisas e completamente imaturos pra outras.

E eu amo isso.

Depois do "E se?" - Pejão (Segunda Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora