4. Supercine

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P.o.v. João

As semanas iam passando e nossa rotina era a mesa de sempre, reuniões, cuidar dos gatos, às vezes compor um pouco e passar raiva com o noticiário todo fim de noite.

Estava cansativo, mas pelo menos eu e Pedro tínhamos um ao outro.

Jão: — Cheguei vida!!! — Gritei logo que entro em casa, tinha ido ao mercado comprar umas coisas.

Silencio.

Deixei as compras na pia, me livrei das sacolas e troquei na área de serviço, ritual básico.

Jão: — Pepê? — Chamo de novo.

Vou até o quarto e vejo ele deitado com a Chicória em seu peito olhando para o teto com um olhar perdido.

Jão: — Amor? Tá tudo bem?

Pedro: — Oi, vida... — Diz com a voz levemente emagrada. — Tudo bem, sim.

Jão: — É feio mentir para o amor da sua vida... — Me sento do lado dele na cama. — O que aconteceu?

Pedro: — É só que... eu tava olhando umas fotos nossas do ano retrasado, vi umas fotos da minha cidade... eu to com saudade de lá. — Ele esconde o rosto com as mãos

Jão: — Ah, meu amor... — Passo a mão pelo cabelo dele. — Tá tudo bem sentir saudades. — Deixo um beijo na testa dele. —Eu também tô sentindo.

Pedro: — Queria poder sair, viajar, ir no cinema, sei lá. — Ele murmura.

Jão: — Eu também, meu amor, eu também.

Pedro: — Somos pessoas livres demais pra lidar com tudo isso.

Jão: — Tem razão, mas a gente tá se saindo bem, já estamos a mais de um ano.

Pedro: — É...

Jão: — Olha, eu prometo que quando tudo isso passar a gente não vai mais parar em casa, vamos viajar, sair, podemos passar um mês na sua cidade se você quiser. — Ele sorri. — A gente vai virar a noite na Praça Sete, vai comer em todos aqueles restaurantes maravilhosos, vai ver um jogo do Cruzeiro, sei lá! — Rimos. — Podemos até fazer um piquenique no parque municipal tipo aquele que fizemos no nosso primeiro aniversário de namoro, o quer você acha?

Pedro: — Vai ser legal... — Ele diz ainda desanimado, mas com um leve sorriso.

Jão: — Isso vai passar, tá? Eu prometo. — Dou um beijo no rosto dele.

Pedro: — Vai...

Eu entendia o que ele estava sentindo, nós dois tínhamos esses dias em que ficamos muito para baixo, não estavam sendo tempos fáceis.

Jão: — Você... quer ficar um pouco sozinho, Pepê? — Pergunto depois de um tempinho em silêncio.

Pedro: — Não!!! Por favor, fica aqui comigo. — Ele segura meu braço.

Sorri.

Jão: — Vem cá... — Me deito na cama do lado dele e o abraço, ele apoia a cabeça no meu peito, dividindo lugar com a Chicória.

Ficamos assim abraçados em silêncio, por um tempo.

Fiquei pensando em uma maneira de animar meu noivo, não gostava de ver ele assim abatido.

Depois de um tempinho notei que a respiração de Pedro ficou constante e percebi que ele tinha pegado no sono.

Sorri, ele era tão lindinho dormindo.

Depois do "E se?" - Pejão (Segunda Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora