Musa, Fada da Música

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Melody, 2022

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Melody, 2022

O cemitério de Melody ficava em uma área afastada e mais calma da população. As folhas de cerejeira caiam em sincronia de suas árvores diretamente no chão e em minha cabeça.

Ajeito uma mecha de cabelo que cai de meu coque atrás da orelha e coloco delicadamente o arranjo de flores em cima do túmulo de minha mãe. O céu está em uma cor rosada e tem nuvens em formato de coelhos, pássaros e peixes...

Ela iria amar poder agraciar uma vista tão bela quanto esta.

– Olá, mamãe! – me sento de frente para sua lápide. – Já faz algum tempo que eu não venho aqui... – seco a lágrima solitária que desce por minha bochecha. – Espero que não esteja irritada comigo, eu gostaria de ter vindo antes, mas papai anda meio irritado esses últimos dias por causa da minha cantoria... – Solto uma risada nasalada. – Dá pra acreditar que ele odeia que eu cante?

Espero uma resposta dela. A resposta que eu sei que eu nunca vou receber.

– Ele disse que se eu quiser continuar com essa loucura, ele me mandará embora. – Suspiro. – Alfea não parece um lugar tão ruim, mas eu gostaria de ficar em Melody e estudar onde a senhora esteve durante toda a adolescência. Trabalhar com música sempre foi o meu sonho e agora ele quer que eu o abandone... e tudo isso para que? – Me exalto. – Hoje de manhã tivemos uma briga, a pior de todas elas, acredita que ele fez a minha matrícula sem nem se quer perguntar a minha opinião?

Solto o cabelo, que cai em cascata pelas minhas costas. Apoio a cabeça em meus joelhos e me deixo esconder pelo cabelo.

– Nas palavras dele "isso foi só por garantia", e então eu fui aceita... – encolho os ombros. – Eu estava tão animada para estudar em Harmony! – dou um sorriso contido. – Já tinha preparado todas as minhas bolsas – gesticulo animada com as mãos –, feito várias melodias lindas para surpreender todos os meus professores... – encolho os ombros. – No final fiz tudo isso atoa, não preciso de nada disso em Alfea. Só da força e coisas do tipo. – Dou de ombros.

– Talvez, se a senhora ainda estivesse aqui, iria me apoiar em todos os meus sonhos! Talvez quisesse que eu fosse estudar em Alfea, talvez se pudesse estar aqui, neste exato momento, me diria que mesmo diante de todas as montanhas em meu caminho, eu ainda daria um jeito... – Fungo. – Eu to tentando ser forte, eu juro que estou tentando fazer o meu melhor, mas é impossível quando literalmente a única outra pessoa que você tem no mundo não tenta se ajudar também.

Reviro os olhos, afastando as lágrimas teimosas que caem deles, jogo meus cabelos para trás raivosa.

– Papai acha que eu ainda sou sua garotinha e que ainda pode tomar decisões por mim, mas eu não posso simplesmente arrumar minhas trouxas e ir embora para outra dimensão e deixá-lo aqui sozinho com suas dores! – Respiro fundo. – Okay, a senhora está certa, o meu medo é deixá-lo sozinho... – faço biquinho – na verdade, talvez meu medo seja sair daqui e ir para um lugar completamente novo longe de tudo o que eu conheço. – Mordo o lábio inferior. – Eu nunca estive tanto tempo longe de casa.

Olho em volta arranhando a garganta.

– Eu nunca fiquei longe do papai, eu nem se quer tenho amigos! – Seco as palmas da mão na calça jeans. – Melody é o único lugar que eu conheço e era o único lugar que eu tinha certeza de que iria continuar conhecendo. Eu queria fazer jus ao legado que a senhora deixou... – engulo o nó na garganta e coço o nariz quando ele começa a queimar junto de meus olhos lacrimejantes. – Acho que não tem jeito de qualquer forma, e eu terei que ir embora. – Suspiro. – Vou sentir sua falta, mamãe! Mas prometo que em breve voltarei para visitá-la.

Me levanto e abano as pernas da calça.

– Mas não posso ir embora sem antes deixá-lo de cabelos em pé. – Comento com um sorriso travesso. – Talvez eu faça um corte de cabelo mais curto do que o que ele deixaria, uma franja talvez? – Bato as palmas animada. – Que tal um preto azulado? – Mordo o lábio inferior arregalando os olhos. – Isso parece ótimo! Obrigada por me ouvir, mamãe! Eu te amo.

Me despeço e corro para o salão de Suyin, que fica na esquina de casa. Acho que hoje eu faço com que os cabelos restantes na cabeça de meu pai caiam. 

The Dreams | O Clube das Winx - Livro 1 e 2Onde histórias criam vida. Descubra agora