dezesseis; de volta aos seus braços

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Rio de Janeiro, Brasil - Base Militar da Força Aérea Brasileira

; laura p.o.v. ;
Cuidadosamente ajeito a mochila em meu ombro e pego a grade mala, me despedindo dos jovens garotos que teriam me tirado daquele ninho de loucura e me trouxeram de volta a grande paz que o Rio de Janeiro me passava. De inicio eu iria para Bahia, mas em uma breve ligação que tive com Wagner, descobri que ele estava no Rio de Janeiro, ajudando seu grande amigo Selton Mello com a pré-produção do segundo filme de Auto da Compadecida (aka o melhor filme brasileiro existente).

Ajeito a boina em minha cabeça e logo entro no estacionamento da grande base militar da FAB, indo atrás do meu carro, que eu teria pedido para um dos amigos do meu irmão trazer. No caso o carro não era meu, era do meu irmão que ficava na casa que ele tem em Angra dos Reis, então não pude deixar de ligar pra ele e pedir pra usar seu carro, obviamente afirmando que iria cuidar bem do neném dele, e que não iria ficar ligando pra ele fazer um pix pra por combustível.

"Não achei que fosse ficar esperando minha pessoa chegar, só pra me entregar as chaves" solto uma risada animada ao ver o jogador se desencostar do carro, e logo trocamos um abraço rápido.

"E não fiquei, to em casa já, aqui é um holograma meu, sabe como é né? Esse mundo tecnológico" o jogador uruguaio falou em um tom brincalhão, animado e cheio de sarcasmo.

"Você é fodastico, Arrasca! Vem que eu te dou uma carona até o CT" comento jogando minhas coisas no banco de trás do grande Audi de cor azul, em conjunto com a minha jaqueta do uniforme militar.

Fecho a porta do carro, tiro a boina e logo a prendo no cinto em minha cintura, indo até o banco do motorista, me sentindo um pouco mais relaxada ao ligar o som do carro e escutar algum pagode começar a tocar na rádio local. Agora sim estou em casa, pensei.

"Como sabe que tenho treino hoje, Laurinha?" o jogador uruguaio perguntou, enquanto colocava o cinto no banco do passageiro ao meu lado.

"Cara, você só anda arrumado quando é pra sair com alguma mulher, ir a alguma festa, ir para seus jogos ou ir treinar. Sabendo que é uma segunda-feira, oito horas da manhã, apenas deduzi que teria treino hoje" dou de ombros enquanto aumentava a potencia do ar-condicionado do carro e saia do estacionamento com ele.

Arrascaeta teria se tornado grande amigo do meu irmão, por causa do seu conterrâneo e companheiro de seleção Joaquin Piquerez, que acontecia de ser companheiro de time e melhor amigo de meu irmão, e eu como era o chaveirinho feminino do grupinho de amigos do meu irmão, acabei criando uma boa e grande afinidade com o uruguaio, que ao passar do tempo acabou se tornando mais que um amigo para mim, em poucos meses eu já o considerava como um irmão.

Passamos todo o caminho conversando sobre algumas coisas e acontecimentos recentes de nossas vidas, e obvio não deixamos de fofocar sobre algumas pessoas e alguns jogadores do time do flamengo. Arrascaeta, era mil vezes pior doque qualquer mulher que gostasse de fofocar, o homem falava de todos, e sabia sobre fofoca de todos, até mesmo dos funcionários que apareciam no CT do flamengo algumas vezes na semana para fazer a manutenção dos aparelhos utilizados no mesmo. Arrascaeta aka o maior maria fifi que existe em todo o mundo.

"Esta entregue, irmão" sorri estacionando o carro em frente ao CT do Flamengo.

"Não quer entrar e ver o treino um pouquinho?" o jogador perguntou enquanto soltava o cinto de segurança.

"Nada, mano. Deixa pra próxima, beleza? Tenho que ir ver meu homem agora e contar a maior pra ele" deixo uma risadinha baixa escapar por meus lábios, involuntariamente deixando uma de minhas mãos relaxarem sobre minha barriga.

"Então vai lá, gatinha" o jogador deixou um beijo carinhoso em minha bochecha e logo fizemos nosso típico toque de mãos, o terminando com um abraço duradouro e carinhoso "Me conta da reação dele depois, okay?"

"Pode deixar, querido" sorri dando um pequeno aceno ao jogador, deixando ele seguir seu caminho para dentro do prédio.






















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Estaciono o carro em frente ao gigantesco prédio que Wagner teria me passado a localização, e logo saio do carro, um tanto nervosa, sentindo meu coração acelerar em minha caixa torácica enquanto eu fazia meu caminho até o elevador para poder subir até o último andar, onde, segundo o mais velho, disse ficar a sala de reunião que ele estava.

Adentro o elevador e respiro fundo apertando a boina entre minhas mãos que já estavam completamente tremulas e gélidas, por tamanho nervosismo que eu estava sentido aquele momento, e a cada momento que o elevador passava por cada andar daquele prédio, era como se eu fosse desmaiar a qualquer momento, como se meu coração fosse sair correndo de tão rápido que ele estava.

"Okay" sussurro para mim mesma, respiro fundo e saio do elevador, sussurrando para mim mesma, repetidamente, que tudo ficaria bem.

Vou até a sala que ele disse estar, e mordo meu lábio inferior com certa força, puxando o celular de um dos meus bolsos da calça camuflada, para poder mandar mensagem para o mais velho, e poder me encontrar com ele, e dizer que ele seria papai. Meu Deus, que loucura.

Mensagem enviada.
Mensagem visualizada.

E em poucos minutos escutei uma porta se abrir ao meu lado, tirei os olhos do celular e logo levei em direção de onde o som teria vindo, e logo pude ver ele com um grande sorriso em seus belos lábios, e seus olhos brilhando, apenas por me ver ali a sua frente.

"Princesa" o mais velho rapidamente me pegou em seus braços e me abraçou firmemente.

"Amor" sussurro, sentindo um nó se formar em minha garganta, rapidamente fecho meus olhos e me encolho entre os braços do homem, me aproveitando da perfeita sensação que era estar no meio de seus braços, sentindo o calor de seu corpo, como se fosse a última vez.

"O que aconteceu? Está tudo bem?" o homem perguntou, um tanto preocupado ao ver minha mudança de humor, ao ver que algo estava mexendo profundamente comigo, ele conseguia me ler tão bem.

Deixo um longo suspiro pesado escapar por meus lábios, e fecho meus olhos por alguns segundos, tentando procurar e retirar forças do fundo de minha alma e do fundo de meu coração para poder contar a ele, que a partir de agora nossas vidas iriam mudar quase que por completo, por descuido nosso.

"Laura? O que aconteceu?" o homem perguntou novamente com tom de preocupação pesando em sua voz "Você ta me deixando preocupado, Laura!"

"Okay" sussurro para mim mesma e dou um pequeno sorriso para o homem "E-eu... a gente..."

"A gente o que, Laura?"

"Nós vamos ter um filho"

CIVIL • WAGNER MOURAOnde histórias criam vida. Descubra agora