CIVIL • WAGNER MOURA

sete; última vez

Salvador, Bahia
Comando da Sexta Região Militar do Exército

; wagner p.o.v. ;
Na medida em que me aproximava do grande pátio do batalhão, pude começar a escutar a tão bem conhecida oração do infante, me enfiei entre as pessoas ali e rapidamente procurei pela presença de Laura ali no meio dos jovens que estariam, em poucas horas, começando o curso de estágio da caatinga, que duraria um pouco mais que cinco semanas, Laura tinha falado a quantidade certa de semanas, mas no momento não consegui me lembrar.

Prontamente achei a mais nova, que estava praticamente irreconhecível com todo aquele uniforme em seu corpo, a mais nova teria se formado na AMAN como sniper, e pelo o que me falaram sobre ela no dia de sua formatura, ela era a melhor que já teria passado naquela academia militar, a precisão dela era tanta que 100 tiros que ela desse, no máximo só errava um.

"Senhor; Tu que disseste ao infante; Dominai sobre todas as criaturas; Fazei-me forte de corpo e alma; Dai-me a graça de saber lutar com lealdade; E vencer com justiça"

Todos ali gritavam em conjunto com tamanha emoção que fazia todos os pelos do meu corpo se arrepiarem cada vez mais, a cada momento em que gritavam aquela oração.

"Mas, se não merecer a vitória; Morrer com dignidade; Infantaria; Brasil; Acima de tudo."

No final disto todos os convidados e familiares dos infantes, incluindo eu, aplaudimos e logo fomos liberados para dar um último abraço de te vejo logo logo naqueles que eram especiais para nós. Como ninguém da sua família poderia estar presente naquele momento tão especial para ela, a mais nova teria pedido em nosso último encontro para que eu estivesse presente aquele dia, e obviamente aceitei seu convite sem problemas algum, pois mesmo que eu não demonstrasse os meus sentimentos por ela (no qual eram muitos) eu iria morrer de saudades dela e da presença dela.

Não nos víamos todos os dias, como eu gostaria, mas sempre que podíamos nos ver eu gostaria de prender ela em meus braços eu não deixar ela ir a lugar algum, queria ter ela só pra mim, todo o segundo, todo o minuto, toda hora, todos os dias, todas as semanas e todos os meses.

"Princesa" falo ao achar ela em meio aos infantes, a garota prontamente abriu um belo sorriso em seus lábios, soltou sua arma que estava presa em seu ombro pela bandoleira e logo jogou seus braços em volta ao meu pescoço, me abraçando firmemente.

"Achei que não vinha" a mais nova sussurrou escondendo seu rosto na curvatura de meu pescoço, enquanto eu prendia a cintura da mais nova entre meus braços, a puxando ainda mais para perto de meu corpo, eu não queria solta-la.

"Não iria perder de te ver por uma última vez, princesa" sussurro deixando um beijo carinhoso em seu ombro.

"Não é a última vez, você sabe" ela sussurrou e cuidadosamente afastou seu rosto do meu ombro para me encarar, no fundo dos meus olhos.

"Modo de falar"

"Te vejo daqui a algumas semanas, Capitão Nascimento" a mais nova falou e deu um sorriso carinho.

"Te vejo daqui a algumas semanas, meu amor" sussurro um tanto apreensivo, e sem esperar por uma reação da parte da mais nova, junto meus lábios aos dela, aproveitando cada último segundo juntos para gravar em minha mente a sensação que era ter aqueles belos lábios colados aos meus.