CAPÍTULO 47

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Antigo Aeroporto, Fresno, CA - December 6, 2018. 01:56 PM.

— Dorme menino está com soninho, a mamãe vai comprar um passarinho, e se o passarinho não cantar, um anel de ouro a mamãe vai dar... - João cantarolava com a cabeça caída para o lado, enquanto observava Marilia olhado Maiara e as meninas. - E se o anel não servir, um espelho então vou mandar vir, e se o espelho de partir, um cabrito te fará rir...

— Cala a boca, Fernando.

— Maiara começou a cantar essa merda de música quando as gêmeas nasceram, eu não suportava e colocava qualquer coisa para não ouvir. Depois de anos ela voltou a cantar para o Léo, dentro da barriga. - Marilia não queria acreditar em nada do que João falava, nem mesmo citando o nome do Léo. - Ficar olhando para ela, não vai fazer com que elas não sejam a minha família, Marilia.

— Ninguém merece um encosto como você na vida, elas merecem coisa melhor.

— Você? - João gargalhou com gosto, não vendo Kristine sumindo aos poucos e logo voltando para o lugar de antes. - Vamos acordar a Maiara, ela vai dizer quem é melhor.

Marilia queria dizer que amava a mulher em sua frente, amava as duas meninas que nem gostavam dela, mas o medo de perder qualquer uma delas era enorme, só por isso Marilia não jogava tudo na cara de João.

— Se afasta delas ou eu atiro em você, Marilia. - Ninguém percebeu, mas uma delas estava acordada e não tinha muito tempo. - Não vai se afastar? Então eu vou atirar em uma das três... Melhor ainda. Kristine, acorda a minha linda e traíra esposa.

— Para que? - João não respondeu a pergunta da loira, o que a deixou irritada antes de descer e parar de frente para Maiara, acertando um tapa em seu rosto. - Um só será...

— Sua filha da puta. - Marilia se jogou contra Kristine, acertando um tapa atrás do outro na loira. Seus gritos faziam João rir, também despertava mais uma das Pereira que tinha as mãos quase soltas. - ISSO AQUI É PARA VOCÊ NUNCA MAIS COLOCAR AS MÃOS NA MAIARA E NAS MENINAS.

— Chega. - Marilia parou com seus tapas ao ouvir um tiro, soltando Kristine para ver se não tinha pegado em nenhuma das cinco, porque ela acreditava que Hailee e Hilary ainda estavam vivas apesar de tudo. - O próximo tiro vai ser na Maiara.

— Se elas são mesmo a sua família, não teria coragem de fazer nada com elas.

— Como não? A Maiara me traiu com o banana do Gregory, com a imbecil da Leila, com o Thiago eu achei demais. E depois você, logo você. Que nojo. - Do lado de fora, de frente a vidraça que Marilia havia quebrado com o carro, o seu pequeno, talvez mínimo, reforço se aproximava sorrateiramente. - Acha mesmo que não tenho coragem de atirar nela? Ou na Emily? Essa menina sempre me deu problema, além de odiar o próprio pai. Também tem a Hanna, apesar dela sem a minha preferida, ela me decepcionou...

— CALA A PORRA DA BOCA. - A explosão de Marilia fez com que Hanna e Emily levassem um susto, mas ninguém além da pessoa que entrava viu. - VOCÊ NÃO VAI ATIRAR EM NENHUMA DELAS, PORQUE EU NÃO VOU DEIXAR.

— NEM EU.

Marilia puxou a arma da cintura ao reconhecer a voz que tinha acabado de chegar, sabendo qual era a primeira e única regra entre as duas: atira primeiro e pergunta depois.

Foi o que as duas fizeram. O tiro de Vitória havia acertado o peito de João e o tiro de Marilia havia pegado em Kristine, ambos, agora, caídos no chão.

— Desgraçada... - Kristine começou a chorar, sentindo o sangue escorrer por seus lábios. - Não era assim...

— Eu esperava esse tiro da desgraçada da Ana, Vi . - João riu para disfarçar, mas se sentia tonto feito uma barata. - Somos todos uma família, como chega atirando assim?

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