CAPÍTULO 48

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HMC, Fresno, CA - December 10, 2018. 03:26 AM.

Maiara respirava pesadamente enquanto via o sangue escorrer de suas luvas até o chão, formando duas pequenas poças do líquido vermelho. Os bips das máquinas disparados entravam por um ouvido e saíam pelo outro, igual as vozes chamando por seu nome.

— Maiara? Fizemos tudo o que tinha que ser feito, precisa dizer a hora da morte. - Maiara não se moveu, ainda estava em transe.

— O coração dela já não aguentava mais lutar.

— A culpa não foi sua. - O sangue estava em suas luvas, como não poderia ser culpa dela?

— Se quiser, eu falo com Thiago e as filhas delas. - Como se tivesse levado um tapa de cada lado do rosto, Maiara voltou a realidade. - Eu falo com elas.

— As minhas filhas são as filhas dela também. - Cuida das meninas para mim. Elas merecem uma mãe de verdade e eu não posso ser essa mãe. A voz falha de Marilia após levar um tiro apareceu na cabeça da Maiara, junto com a primeira lágrima que escorreu por seu rosto. - Não está certo.

— Sentimos muito, Maiara.

— Eu não sinto, não vou deixar ela morrer. - Maiara se aproximou de Marilia, começando uma segunda massagem cardíaca, não deixando ninguém tira-la dali. - VOCÊ NÃO VAI MORRER.

— ELA JÁ MORREU. - Miranda gritou.

— ELA NÃO VAI MORRER ATÉ EU FALAR QUE ELA PODE MORRER. - Os médicos não sabiam o que deveriam fazer. Miranda mandava eles tirarem Maiara de lá e Maiara não queria sair, além de ser a chefe deles em quase tudo dentro do hospital. - VOLTA, MARILIA. ESTOU MANDANDO VOCÊ VOLTAR.

— VOCÊ NÃO É DEUS PARA DECIDIR QUEM MORRE E QUEM VIVE. A HORA QUE DEIXA DE VIVER, MAIARA.

— ELE ME DEU O DOM DE SALVAR VIDAS E EU ESTOU FAZENDO ISSO AGORA MESMO, MIRANDA. - Maiara parou a massagem que parecia não funcionar, fechou o punho e acertou o peito de Marilia, sendo puxada para trás. - Não morre, seu coração é o meu coração. Não me mata, Marilia. Não me mata.

— Sinto muito... - Maiara chorava nos braços de George, deixando seu corpo cair no chão ao lado do dele. Os bips das máquinas foram se reestabelizando, surpreendendo todos ali dentro. - Consegue ouvir isso? Ela voltou, Maiara. Ela voltou para você.

— Vamos colocar ela em coma induzido enquanto vocês procuram o que está acontecendo com o coração dela. - Miranda não olhou para Maiara, deu a ordem e saiu, não fazendo nenhuma diferente para a dona do hospital.

Maiara não parou de chorar, Marilia estava viva novamente, mas poderia morrer a qualquer momento. Tinha quatro dias que tudo havia acontecido, quatro dias que João tinha feito o disparo contra Marilia e morrido em seguida. Desde então Marilia sofria com problemas no coração e ninguém sabia o que era.

Dividindo suas atenções entre as quatro adolescentes dormindo e a televisão, Thiago, Allyson, Camila e Ana esperavam o jornal da madrugada voltar do comercial. A esperança de ter novas notícias sobre Léo e Thomas era enorme.

— Voltamos agora com o caso que vem movimentando Fresno nesses últimos dias. - Os quatro olharam para a televisão, esperando a pausa dramática do jornalista acabar. - Para quem não lembro ou está sem saber, a família Jauregui teve uma reviravolta assustadora para uns e inacreditável para outros.

— João Mendonça ou Fernando  Zor como constava em sua certidão de nascimento, usava o nome de João Von Uckermann, um cidadão do México que não sabia que seu nome era usado, forjou a própria morte depois de atropelar três crianças em um condomínio fechado de Fresno. Entre elas o sobrinho e agora sabemos que um dos garotos era seu filho.

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