MERLYAH SIWERS era somente uma garota quando viu a verdade cruel que existia fora das marés do Distrito 4.
Também era só uma garota quando percebeu que para sobreviver, deveria ser tão cruel quanto o mais revoltoso mar.
Então ela encantou cada trib...
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ESTAVA NEVANDO LÁ FORA. Eu percebo quando chego ao vagão das refeições para o café da manhã. Era um bonito contraste com a paisagem, além do tom sarcástico dessa coincidência infeliz.
Não consegui pregar os olhos durante o tempo que restou da noite passada, quando deveria estar dormindo o que não poderia dormir na arena. Em poucas horas chegaremos à Capital, o plano de como agir já está na minha mente, após passar a madrugada inteira planejando e aperfeiçoando os detalhes.
Eu observo o vagão de refeições, que em seu centro tinha uma mesa bem posta e com tantas comidas diferentes que era possível eu nunca ter visto muitas delas, mesmo no gabinete do prefeito, a área mais luxuosa do Distrito 4. Eu me sento à frente de Ethan, me fazendo refletir algo que eu não tinha pensado muito.
Eu tinha um plano, mas ele também devia ter. Eu não era a única pessoa com uma estratégia naquele lugar, a maioria eram mortos de fome que não poderiam raciocinar direito e morreriam ao longo dos jogos, como em todos os anos.
Mas havia aqueles que foram treinados, alimentados e estavam com muita vontade de voltar vivos para seus distritos. Assim como eu.
Eu não seria a única naquele lugar com treinamento para sobreviver, muitos tributos ali viviam isso em seus distritos, em seu dia a dia. Não deveria subestimar ninguém, nem mesmo aqueles que aparentam ser mais fracos e frágeis.
Ethan levanta os olhos que estavam em seu prato e dá um pequeno sorriso em minha direção, o qual eu retribuo levemente, uma ideia sendo projetada na minha mente.
Seria ótimo ter alguém na arena que estivesse disposto a matar e morrer por mim. Mesmo que seja moralmente errado, era a porra dos Jogos Vorazes, nada ali era moralmente correto. Minha mente trabalha rápido, pensando em como fazer isso acontecer, e acho que já tenho meios de fazer isso acontecer. Os cenários passam pela minha cabeça como um furacão. Nós, os melhores amigos que foram para os jogos juntos, então um deles sacrifica a sua vida, fazendo o outro procurar vingança.
Preciso de algo ardente, que transforma as pessoas, algo por qual alguém morreria em um ato impensado. Eu acho que já tenho isso: Paixão.
Algo que arde como o fogo e é mais eficiente que um barril cheio de pólvora. Paixão cega as pessoas e as deixa escravas desse sentimento. É exatamente isso que eu preciso na arena.
