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Ela começou a falar, olhando diretamente nos meus olhos:

— Tae, eu me lembro como se fosse ontem a primeira vez que te vi, e não foi em Nova York. Dois anos atrás, a banda estava no Japão para um evento, e você também estava lá com o grupo. Lembro de ter observado de longe aquele grupo de sete homens que faziam tanto sucesso. Admirei muito a beleza de todos vocês.

Eu tentei puxar na memória. "Meu Deus, como eu não notei a Midnight Reverie naquele evento?" pensei, tentando recordar, mas sem sucesso.

Ela continuou:

— Eu já tinha escutado algumas músicas e visto alguns clipes de vocês, mas não tinha me aprofundado. Na época, a banda estava em pausa e eu estava envolvida em outros projetos. Um tempo depois, o YouTube me recomendou um vídeo seu quando pesquisei sobre jazz. Eu estava no Refúgio, sem meus discos, e fiquei encantada com a sua voz e talento. Eu estava passando por um momento muito difícil e suas músicas me fizeram companhia. Depois, quando voltei do refúgio, não acompanhei sua carreira por questões pessoais e projetos. Mas, quando te vi entrando na academia naquele finalzinho de outubro, eu me lembrei imediatamente de você, do grupo e das suas belas músicas. Naquele dia, no entanto, eu não estava bem e saí rapidamente, mal conseguindo te cumprimentar.

Ela pausou, respirando fundo.

— Nos dias seguintes, a vontade de falar com você crescia, mas eu estava com vergonha. Alexander e Gabriel me incentivavam, mas minha timidez era demais. Como uma mulher como eu puxaria assunto com o cara mais lindo do mundo? Sn, a batetista empoderada era uma coisa. Já a Sn real... é mais complicada — disse, ainda me encarando. Se ela soubesse que naquela época eu também queria desesperadamente falar com ela...

— Até que um dia eu me senti mal. Justo no dia que decidi finalmente falar com você. Quando você me viu daquele jeito, eu queria me enterrar de tanta vergonha. Fiquei mal por alguns dias. Depois, voltando de uma reunião, te vi na piscina. Encorajada pelo Alexander, fui até você e assim nossa amizade começou. Mas, com o passar do tempo, percebi que meus sentimentos por você eram mais profundos e conflitantes. Tentei abafar, amenizar, até achei que estava confundindo as coisas. Mas quando você se declarou, vi que o sentimento não era só meu. Eu não podia te deixar se envolver mais. Quando você foi embora, fiquei arrasada por não ter me despedido. Acabei tendo uma crise e fiquei internada por dois dias.

— Crise? Que tipo de crise? De dor? — perguntei, aflito.

— Já vou chegar lá — respondeu, calma. — Uns quinze dias atrás, encontrei com Suga em Nova York. O convidei para almoçar, querendo saber de você. Ele me disse que você estava estranho, que tinha voltado diferente de Nova York. Eu percebi que você não contou o que aconteceu para eles, mas nem precisava. Suga notou minha expressão quando falou de você, ele viu minha tristeza. Ele me perguntou se ainda éramos amigos e eu disse que não. Ele falou que eu estava perdendo tempo, que a vida era curta e que devia voltar a falar com você. Disse que nunca tinha te visto falar de uma mulher com tanto entusiasmo como naquela vez em que almoçaram juntos e nos falamos por vídeo.

Eu só podia escutar, em choque, sem acreditar que Min Yoongi tinha guardado isso de mim...

— Mesmo assim, eu achava que era melhor nos afastarmos. Queria manter distância, embora me doesse. Mas, quando te vi no desfile, percebi que o que eu mais queria era te ver, estar com você. E agora, aqui estamos. Eu precisava te contar tudo, mostrar que meus sentimentos são como os seus... se é que você ainda sente algo por mim.

O coração pulsava forte, acelerado pela saudade. Nosso olhares se cruzaram, e foi como se o tempo congelasse. Ela sorriu, um sorriso tímido. Quando me aproximei dela, a intensidade aumentou. Eu segurei seu rosto com uma determinação que transcendia o simples reconhecimento. As mãos dela, em resposta, se perderam nos meus cabelos, buscando coragem naquele momento. Meus olhos exploravam cada expressão no rosto dela em busca de palavras não ditas. Os olhos dela por sua vez, eram um oceano de emoções.

VALEU TUDO A PENA?Onde histórias criam vida. Descubra agora