VALEU TUDO A PENA?

XI

Depois de dez dias em Paris, eu voltei para a Coreia. Nesses dias, me dividi entre compromissos de trabalho e Sn. As noites com ela eram maravilhosas, mas não passavam de muito carinho. Eu realmente não me importava com isso, embora a desejasse muito. Sabia que tinha que ser no tempo dela. Ela ainda estava muito insegura com tudo, e meu objetivo era fazer com que ela entendesse que podia confiar em mim. Eu voltei, mas ela ficou em Paris para os preparativos do show.

Ela me explicou por que os shows eram anunciados com apenas uma semana de antecedência. Precisava ser em um lugar com uma estrutura capaz de recebê-la após o show, praticamente uma UTI era montada para ela. Nem todos os lugares tinham essa estrutura, e tudo precisava ser feito em sigilo absoluto. Dois locais eram sempre sugeridos, mas, após o planejamento, aquele com a melhor logística era escolhido.

Este ano seria em Paris, porque, com a evolução da doença, não se sabia como Sn ficaria após o show. Do local do evento até a cobertura dela, eram 20 minutos de distância. Ela me contou que, após minha volta, Alexander estava organizando um dos quartos. Eu sempre tentava alegrá-la quando percebia o quanto estava apreensiva. Por causa dos meus compromissos de trabalho e os ensaios dela para o show da Midnight Reverie, só conseguiria vê-la de novo perto do dia do evento. Falávamos todos os dias por videochamada. Mesmo com a diferença de fuso horário, eu sempre arrumava um tempo para falar com ela.

Os dias passaram, e o show do Midnight Reverie foi anunciado para o dia 13 de março no estádio Parc des Princes. Como esperado, os ingressos se esgotaram em poucos minutos. No dia 11, eles fariam um ensaio geral, o que estava preocupando muito Sn. Ainda estávamos no dia 5, e ela me disse, durante uma chamada de vídeo:

— Tae, estou com medo... E se algo der errado? E se eu tiver uma crise? — Sua apreensão era evidente.

— Calma, Sn, eu tenho certeza de que você vai ficar bem — tentei tranquilizá-la o máximo possível.

— Eu já consegui suportar 1h30m de show, mas será que aguento 2h, dois dias seguidos? Eu preciso aguentar, baby...

Eu me derretia quando ela me chamava de "baby".

— Você é forte, Sn, vai conseguir... Não dá para fazer o ensaio antes ou diminuir o setlist? — perguntei.

— Não dá... Marcus, por causa do filho, só pode estar em Paris no dia 10... Mas vai dar tudo certo. Quando você chega? Estou com saudades — disse, manhosa.

— Chego no dia 12, linda. Vou ficar hospedado perto do local do show.

— Nada disso, você vai ficar hospedado na minha cobertura.

— Hummmm, gostei... — respondi, e ela riu aquele riso gostoso que eu tanto sentia falta.

Os dias foram passando, e, em uma reunião com os membros e empresários na sede da Hybe, revelei meu relacionamento com ela. Disse que ainda não era nada oficial e que queria manter tudo em sigilo. Contava com a discrição de todos. Eles concordaram e me deram os parabéns. Suga logo disse:

— Que bom que ela seguiu meu conselho...

Jungkook me deu um abraço apertado, desejando felicidades. Os outros começaram a me bombardear de perguntas, e eu tentava responder a todas. Após o falatório, falei com meu assessor:

— Preciso ajustar minha agenda de compromissos para ficar ausente por dez dias, entre 12 e 21 de março. É possível?

— Vou verificar, mas saiba que você tem muitas coisas para fazer, inclusive focar no próximo álbum solo. Vou tentar fazer alguns ajustes, e talvez consiga oito dias — ele respondeu.

— Tudo bem... Não tem jeito mesmo — respondi, contrariado.

Assim que terminamos a reunião e os empresários saíram da sala eu pedi pros membros continuarem e falei: