Capítulo 1: Noite agradável

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N/A - É bom estar de volta. :)

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POV Capitã Snow

Retiro meu tricórnio azul, sentindo o vento envolver todo o meu cabelo, descendo pelo meu corpo. A eletricidade de poder dentro do meu ser se manifestou, e o vento começou a me erguer, timidamente.

Envolta pela bruma salgada. Aqui em cima, de dentro do meu navio, olhando para o mar a minha frente, mesmo na escuridão da noite, eu me sentia viva. Cada balanço do navio era uma batida do meu coração, pulsando em harmonia com as marés que me cercavam.

Eu experimentava todo o poder do mar percorrer cada célula do meu organismo.

— Capitã Snow. — Viro minha cabeça para baixo. — Temos visitas. — Abro um dos meus sorrisos maliciosos e pulo, pousando sobre o navio. — Quantos nós até aqui, contramestre?. — Um, capitã. 

— Excelente, prepare as coisas, sinto que nossa noite será produtiva. — Ando mais para frente, olhando de fora do navio, o mar estava se agitando, e eu gargalhei com aquilo, ele sentia a emoção de um novo saque. — Os canhões estão carregados e prontos para disparar a qualquer momento.

Confirmo com a cabeça. Em pouco tempo o navio se aproximou, pego a luneta, observando às características. Não reconheci a bandeira e aquilo me causou um arrepio.

— O que acha que é?. — Um mercante, talvez. — Tem muitos homens para ser um mercante, e tudo está escurecido demais, seja lá o que tem na cabine, querem manter escondido.

— Acha que é algum nobre?. — Vamos descobrir. Mantenha nossa bandeira bem erguida. Não queremos que duvidem de nossa intenção. Preparem-se para abordagem assim que estivermos ao alcance.

— O que devemos fazer com os prisioneiros?. — Jogue para o mar, não deixe nenhum sobrevivente, a menos que sejam úteis para negociarmos um resgate. Quero todo o tesouro para nós. — E quanto ao navio em si?.

Sinto o vento entre meus dedos, a magia pronta para ser usada.

— Queime-o até os alicerces. Não quero deixar nada que possa nos identificar ou ser rastreado. Faremos deste um aviso para qualquer outro navio que ousar cruzar nosso caminho.

— Às suas ordens. — Seu olhar se volta para minha tripulação. — Preparem-se para o ataque!

A resistência foi um pouco mais complicada do que eu esperava. Esses marujos foram treinados, era perceptível. O que só confirmava o que eu disse. Não era um barco mercante. Usei um pouco da magia para derrubar alguns, os ventos os tiravam do chão antes mesmo que percebessem.

Endireito novamente meu capuz e a máscara prateada que cobria minha boca e nariz. Saltando no meio da diversão. O silêncio se fez presente. Sentia os olhos vidrados em mim conforme andava, a madeira em baixo dos meus pés respondendo ao solado de couro das minhas botas pretas.

— Você!. — Alguém disse com desgosto, um rapaz de barba amarelada. — Sim, é ela. Snow. A maldita saqueadora e pirata. E aquele é o Fúria dos Ventos, seu barco. — O nojo na voz do outro quase me ofendeu. — Vejo que alguém andou lhes informando sobre mim.

— Sua reputação é muito conhecida, sim, mas não do jeito que pensa. E não sabia que aparecia tão frequente aos saques. Já que sua cabeça está valendo muito a bastante tempo.

Coloco a mão sobre o peito. — Me sinto lisonjeada, mas se está preocupado comigo, não há porque. Sei me cuidar.

Ele ri, fiquei pensando que tipo de criatura ele escondia em baixo daquela barba horrorosa. — Sua pirataria não vai durar muito, Snow. —  Agora ele estava começando a me irritar. — Para você é Capitã Snow. Agora, chega de baboseiras, estou ficando entediada, não é rapazes?.

Os gritos, junto com o barulho das espadas sendo desembainhadas cobriu o ambiente. Eu amava esse som. Inspirei o ar daquele momento.

— Para onde estão indo?. — Não vou dizer merda nenhuma, me mate logo. — Como é corajoso. Vou perguntar mais uma vez, porque estou paciente essa noite. Para onde estão indo?.

— Não lhe interessa, puta. — Me viro para o prenunciador daquelas palavras, e sorrio, mas antes que pudesse dizer alguma coisa, Zayn já tinha disparado um soco em sua boca.

— Tenha modos, a cachorra da sua mãe não lhe deu educação?. — Todos rimos. — Ora, Zayn, ele é apenas um jovem marujo, ainda está aprendendo, não é, meu bem?. 

Me aproximo dele, que me encarou, ajoelho diante seus olhos, abaixo a máscara para que só ele possa ver, seus olhos percorreram aquela região, parando em minha boca.

E eu sorrio de forma mais encantadora. — Está interessado?. — Ele continua me encarando, se eu não soubesse que a única pessoa aqui capaz de magia, sou eu, teria certeza de que alguém estava o enfeitiçando.

— S-sim. — Mas você me ofendeu. — Faço um pequeno beicinho. — Pe-peço desculpas, senhora. — Capitã. — Corrijo. — Capitã. — Ele concorda. — Então, já que o seu Senhor não quer me dizer para onde vão, talvez você me diga, e eu lhe darei uma ótima recompensa.

Coloco a ponta do meu dedo em sua camisa manchada, raspando a unha por ali. — Salomão, não. — Encaro o capitão, de imediato, um dos meus homens o silenciou com uma faca em sua garganta. — E então?. — Sorrio, me aproximando ainda mais. Ele cheirava a pinha, me segurei para não retorcer o nariz. Odiava aquele cheiro.

— Nós estamos indo até a Capital. O Rei solicitou uma dama de companhia, para sua filha aprender algumas lições.

Um tremor ligeiro correu pela minha espinha. Valória. Ele estava indo até Valória. — Senhores, tenho ótimas notícias e mudanças de planos. Deixem o navio intacto. Vocês dois irão para o meu navio, o resto, no entanto, terão que voltar do lugar de onde vieram, só que dessa vez, nadando.

Os gritos começaram. Os marujos começaram a serem jogados no mar e os que relutaram, conheceram as lâminas afiadas dos meus homens. — Zayn e Liam, busquem a garota lá em baixo. Vou levá-los até o meu navio. Me encontrem na minha sala.

Volto meus olhos para os dois homens ajoelhados. — Se animem, senhores, temos muito o que conversar, mas agora, tenham uma noite agradável de sono.



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