Olá, amores!
Sim, hoje tem recadinho no começo. Atenção dobrada neste capítulo, do meio pro final tem uma cena intercalando a narração em terceira pessoa com um flashback narrado em primeira pessoa. Como há essa oscilação de POV, fiquem atentos. Os flashbacks estão marcados em itálico e entre aspas, como de costume.
Importante: este capítulo fará uma menção breve sobre abuso sexual, sem detalhes gráficos. Não há romantização do tema.
Boa leitura, bebês 🖤‡
CAPÍTULO 11: NÃO TENHO MAIS MEDO DE VOCÊ
Harry praticou algumas vezes a expressão neutra na própria fronte, rumando até a mesa onde todos o aguardavam, uma falsa calma esculpida em sua cara de pau. Caminhou no seu passo polido, silencioso como um gato. Zayn foi o primeiro a notar, o rosto se contorcendo ao que espremeu os olhos e o fitou com suspeita, o riso malicioso vazando pelos cantos erguidos dos lábios. Nada lhe escapava.
- Alguém teve um feliz natal - foi traído pelas próprias bochechas, sentindo-as arder ao que Calvin debochou, atraindo todos os olhares para seu pescoço marcado.
Mordeu os lábios e abaixou os olhos, evitando qualquer contato visual com Tomlinson. Respirou fundo, a mão branquíssima sacudindo de um lado para o outro tentando afastar a mosca que voava sobre as uvas de sua bandeja.
- Podemos não falar disso? Sério, não foi nada demais.
- Uh, isso quer dizer que foi ruim - Oliver pontuou.
- Não - interveio. Rápido demais, ansioso demais. Todos riam, pareciam se deleitar do constrangimento de Harry. - Ah, calem a boca.
- Não seja um chato. Conta pra gente, Hazz. Quem foi o sortudo?
Foi Horan quem disse, obrigando Styles a olhá-lo com descrença. O loiro sorria como se o desafiasse a falar a verdade crua a todos os ouvintes, avançando a mão para os bagos e colhendo uma uva. Estava azeda, o sumo ácido tornando a mucosa ressecada e a língua ácida.
- Ninguém em especial - rebateu, sentiu o coração falhando quando Louis o encarou. - Segui o seu conselho - virou-se para Delfino, - e comecei um novo negócio.
Era brincadeira, óbvio. Atirou no escuro, tentando desviar do assunto impertinente e manter oculta a identidade do autor de seus hematomas. Do outro lado da mesa, Tomlinson parecia indiferente, embora sua testa estivesse franzida, dois sulcos se formando na horizontal e um em meio as sobrancelhas. Harry identificava a preocupação naqueles vincos, a reputação imaculada dependia de sua boca fechada. Não ousaria conspurcá-la.
- Posso entrar na fila? - Malik brincou, iniciando um aglomerado de comentários descontraídos sobre um revezamento de turnos.
Styles finalmente expirou o ar dos pulmões, preferindo as brincadeiras invasivas aos questionamentos sobre as marcas em seu colo. Tomlinson se levantou da mesa, limpando a garganta e recolhendo as sementes de uva amontoadas com um guardanapo.
- Vai pra onde?
- Ligar pra minha mulher. Encontro vocês no banho de sol.
Íris azuis cruzaram com as verdes no caminho, o barulho das pessoas ao redor se tornando ruído branco. Você vai contar pra ela?, Harry quis perguntar. A resposta era evidente. Observou-o erguer as mangas do moletom até os cotovelos, as tatuagens aparecendo em meio aos pelos dourados, e enxugar a testa com as mãos. Ele estava suando?
Louis refez o caminho já conhecido até os orelhões, agastado pelo próprio nervosismo. Sentia as gotículas de transpiração vararem seus poros, umedecendo sua nuca, costas e mãos. Um fio escorreu pelas costas e ele amaldiçoou Styles por ter ferido sua pele com as unhas, impossibilitando-o de retirar o agasalho mesmo com o aumento da temperatura. Discou o número de telefone e, vertiginoso, escutou a voz calorosa de Eleanor lhe acolher mais uma vez, abraçada na própria ignorância.
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desperado • l.s.
FanficNo cárcere, privados de sua própria existência e das interações humanas convencionais, os prisioneiros cumprem suas penas contando os dias para desfrutar novamente da liberdade. Entre as rebeliões, brigas por território e frustrados planos de fuga...