guerra avisada não mata soldados

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CAPÍTULO 17: GUERRA AVISADA NÃO MATA SOLDADOS

Marcadas pelos ecos das emergências passadas, as paredes brancas e impessoais da enfermaria reverberavam com a tensão do momento. A luz fria se derramava sobre a maca, o brilho clínico contrastando com a palidez do corpo trêmulo de Louis.

Ágil, com as mãos firmes e a precisão de quem conhecia bem a fragilidade da existência humana, o Dr. Payne se preparava para o que parecia ser um combate urgente, desesperado para devolver à Tomlinson a vida que lhe escapava. A pele, quase esverdeada, exibia veias visivelmente roxas e inchadas, resultado da mistura injetada na corrente sanguínea. Os olhos estavam fechados, mas as pálpebras tremiam ocasionalmente, percebidas pelo médico como um reflexo dos efeitos tóxicos no cérebro.

Liam ajeitou a máscara de oxigênio, frustrado e preocupado, e agarrou novamente o pulso, sentindo-o fraco e irregular.

Eu estraguei tudo.

A máscara abafava os murmúrios de Louis, quase inaudíveis. Payne escolheu ignorá-los após perceber que Tomlinson alucinava, repetindo a frase como um mantra amaldiçoado.

— Fique comigo, Louis — pediu, tentando esconder a intensidade do próprio pavor. — Droga, isso é um desastre. Cadê o Narcan, Lucia? Preparem uma solução salina, rápido. Rápido.

Levou mais alguns segundos até a enfermeira retornar com os medicamentos, amarrando os braços inquietos do detento nas laterais da maca. Os olhos azuis imediatamente se abriram, encarando ambos num misto de dor e confusão.

— Não se mova — Lucia ordenou, aplicando a naloxona com uma eficiência quase ritualistica.

— Fique deitado, Louis. Apenas aguente um pouco mais.

Liam soava calmo, engolindo o bolo solado de nervosismo que sufocava a garganta. Novamente, ajustou a máscara com cuidado, tentando garantir que Tomlinson recebesse o máximo de ar possível. A enfermeira ajustou a linha intravenosa com a solução salina, tentando restaurar o equilíbrio do volume de sangue.

— Doutor, a pressão arterial dele está caindo ainda mais.

Os momentos passaram como um compasso lento. O médico observava cada monitor com um olhar fixo, o semblante sério revelando o peso da situação.

— Doutor?

— Continue com a solução salina, não podemos deixar a pressão cair mais. Checa a administração de oxigênio, aumente o fluxo, se for necessário.

O som dos monitores bipando ritmicamente amplificava a urgência do momento, onde cada segundo premeditava um enorme desastre. Por trás da gentileza habitual de Liam, o medo de falhar, a preocupação constante e a ligação exagerada com os presos eram demasiadamente óbvias. Lucia os observa com indiferença.

— Isso não faz nenhum sentido — reclamou. Levantou os olhos de volta à Louis depois de examinar alguns papéis, como se tentasse forçar uma resposta positiva através da pura concentração. — Colha uma amostra do sangue dele, Lucia.

O silêncio os acompanhou como trilha daquele de teste interminável, quebrado a cada bip do monitor indicando uma luta contínua entre a vida e a morte.

— Vamos, Louis.

A pressão arterial começou a subir aos poucos, a administração dos fluídos finalmente fazendo algum efeito e tornando a respiração de Tomlinson um pouco mais regular. Payne soltou um suspiro carregado de alívio cauteloso, mantendo sua vigilância constante.

Num pico de esforço visível, Louis abriu os olhos, exausto, apenas para fechá-los em seguida, sucumbindo à um apagão. Liam apertou os olhos com os dedos, convencendo-se de que o pior já havia passado e monitor continuaria a bipar. A vida, pelo menos por enquanto, prevalecia.

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⏰ Última atualização: Aug 25 ⏰

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