CAPÍTULO I

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Eu estava de saco cheio já

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Eu estava de saco cheio já. Acordar todos os dias às seis da manhã para ficar trancafiado em um prédio até às três da tarde, ouvindo professores encherem meu saco e pessoas achando que são melhores que eu. Que se fodam todos. Que se foda essa escola. Se for para terminar com o mesmo trabalho que minha mãe, que assim seja. Pelo menos ela teve dignidade suficiente para saber o que era bom para ela.

Não que eu queira ficar arrumando camas e varrendo o chão de um motel barato e vagabundo. Mas pelo menos ela escolheu isso para ela — não foi forçada a nada.

Eu, por outro lado, já sou obrigado a frequentar essa merda de escola porque meu pai acha que só porque tem dinheiro, ele pode mandar em mim, e em todos. Eu quero é ver ele explodir. Mas daqui uns dias ele não vai mais me manter em sua coleira, vou fazer dezoito anos e vou seguir meu próprio caminho. Longe dele e de todos.

Ser popular até que tem suas vantagens. Claro, eu posso foder quantas bucetas e rabos eu quiser, ninguém vai falar nada — só minha namorada.

— Mozinho, você não acha que esse vestido fica melhor em mim do que aquele? — perguntou Wendy, experimentando o milésimo vestido do dia, na quinta loja que passamos.

O decote do vestido azul ressaltava seus peitos gostosos, e deixava seus ombros de fora também. Já na parte de trás, ele não favorecia sua bunda.

— Claro, se você quiser ficar segurando uma placa para um lava-jato para homens que só querem comer você pelos seus seios, fique à vontade. — Ela tinha ódio no olhar, e eu abri um sorriso sacana à sua reação. — Ele não valoriza a sua traseira. E você sabe que você conseguiria mais do que uma lavagem de carro se a sua bunda estivesse mais aparente. — Eu tive que provocar. Eu não aguentava mais aquele dia.

— Por que você é assim, Tophe? — Ela revirou os olhos e entrou no provador novamente.

Não demorou nem dois minutos para que ela saísse com a sua própria roupa dessa vez, escondendo tudo aquilo que eu queria colocar minhas mãos.

— Você é um idiota, sabia? — Ela empurrou duas peças de roupa no meu peito, machucando de leve.

— Você só vai levar a peça de baixo? — perguntei, levantando o pedaço de pano vermelho em minhas mãos. — Ah se eu vou aproveitar meu aniversário... — Mordi os lábios, provocando um sorriso safado em Wendy.

— É um presente para nós dois. — Ela piscou o olho e foi em direção ao caixa.

A lingerie era bem sexy, coberta por renda e, mesmo com pano, era possível ver tudo através dela. Eu nunca quis tanto que meu aniversário chegasse.

Segui-a até o caixa para pagar as duas peças. Nós funcionamos assim: eu compro o que ela quer, e ela faz o que eu quero. Ou seja, o aniversário é meu, mas ela também ganha presente. Foi uma forma que encontramos para sempre estarmos felizes, mas isso não significa que eu esteja.

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