scars - minsung

ninth

Storyteller POV

Han lhe encarou de volta, feliz demais por estar abrindo outra parte sobre si para Theodore. Se pudesse explicar para o garoto tudo sobre si, começaria com sua paixão pelos desenhos, além da mudança que tudo aquilo havia causado em sua vida e provavelmente na vida de muitas outras pessoas, anteriormente suas clientes.

- Quer um cafezinho, Theo... Dore? - indagou tentando ser mais simpático ainda assim que caiu na realidade, soltando a porta depois de a encostar de volta, então andou devagar na direção da mesinha de canto com a pequena máquina, sendo acompanhado pelo mais velho que estava ainda meio assustado com o ambiente.

- Tradicional, por favor... - o mesmo pediu assim que viu a indecisão do tatuador, tentando falar com ele e ao mesmo tempo viajar o olhar pelo ambiente. Não se sentia assustado, porém de certa forma era tudo bem escuro.

Se não fosse pelas placas de neon das quais o mais novo comentou, talvez seria tudo em tons de marrom, preto e cinza. O ambiente trazia um ar másculo, porém não era feio e arrogante, apenas não combinava nem um pouco com a personalidade educada e o jeito sorridente de Peter, uma das primeiras comparações feitas pelo convidado.

- Verdade... Aqui é bonito. - comentou recebendo o café, assim assoprou e bebeu um gole, lembrando do outro se gabando pelos supracitados quadros - Você é bobo... Não vou te dar os créditos. - disse só para não demonstrar muita alegria com o ambiente do Han, sentindo as boas sensações em silêncio.

- O Lewis tá acabando um projeto rápido ali, já você pode cumprimentar, tá?! Fica à vontade, senta aí no sofá. - o menor tocou seu ombro e apertou suavemente em carinho, soltando para ir mexer em seu armário próximo a maca vazia, provavelmente de sua responsabilidade.

O mesmo encontrou alguns cadernos mais velhos de sketch, todos cheios de desenhos próprios e não utilizados em sua grande maioria, assim levou para o sofá onde Theodore estava, iria lhe mostrar.

- Aqui, pra você conhecer mais sobre mim... Todos meus desenhos. Faço nas horas vagas aqui, às vezes em casa, ou sei lá... Já fiz em viagens. Momentos estressantes ou entediantes. - foi contando ao abrir um deles, passando as folhas devagar, tendo a atenção do doutor em sua arte, essas que começavam com desenhos menores.

Passou por uma espécie de cogumelo e outros musgos, algumas estrelas, uma "nave" de OVNIs, algumas flores também e outras coisas minimalistas assim. De início, era o que Peter mais gostava de tatuar, pois sempre podia fazer várias dessas no mesmo cliente, assim ganhava bem por trabalhos que considerava simples e não menos valiosos quanto ao seu talento.

- São bonitos, Peter... - o mais velho citou depois de um tempo, estava admirando em silêncio por timidez também, ia acompanhando a mão do outro passando as páginas e seus dedos bonitos deslizando pelo papel ao demonstrar a ordem na qual foi desenhando os arredores das figuras principais, explicando com carinho suas obras.

- Obrigado... Eu também gosto. - riu anasalado porque se sentia animado, era única a sensação de se abrir artisticamente para o outro - Por que você não tenta uma dessas? Hm? - sugeriu de brincadeira ao apontar uma espécie de flor caribenha, achava fofa e simples, combinava com Theodore.

- Não posso, Peter. Sou um futuro médico, isso me tiraria de qualificação. - respondeu de forma educada e antiquada, afinal no século XXI em seu país nada disso era tão importante assim.

- Claro que não, pequeno! Primeiramente, você pode fazer em alguma região escondida... Tipo, suas pernas ou seus ombros, costelas... De uniforme só serviço jamais veriam. Mas além disso, o preconceito é muito menor. Assim que você ingressar em um hospital, provavelmente vão descobrir seus talentos e perceberem o quão valioso você é, jamais te mandariam embora por uma florzinha fofa dessas. Basta não tatuar uma caveira. - riu pensando na ironia que seria um médico, pressuposto para salvar vidas, tendo algo que indica a morte em sua melhor face.