scars - minsung

sixth

Storyteller POV

Depois de levar uma marmita para Theodore, Peter ficou ansioso até que pudesse o ver de novo. Sinceramente, não desejava ter que deixar seu cachorrinho para trás por conta de sua mãe, porém, parecia sempre uma boa ideia quando lembrava que poderia ver o homem bravinho, aquele que lhe deixava com uma interrogação imensa nos pensamentos.

Durante duas semanas, conseguiu chegar nos horários certos todos os dias, via o garoto e levava algo para ele. Sabia que se fosse algo demais, seria recusado, motivo pelo qual na primeira terça-feira levou apenas um chocolate pequeno, enquanto na primeira quinta-feira foi um sanduíche que fez em casa mesmo.

Por alguns segundos, pensou em lhe dar uma vasilha reutilizável, assim o fazendo ter que lhe devolver, porém se desfez da ideia quando pensou que isso traria maior chance de ser recusado, optando por uma embalagem de plástico descartável, apesar do lanche que achava maravilhoso.

Theodore aceitava. Sempre com uma cara emburrada, como se em silêncio dissesse algo como "deixe de me encher o saco", contudo ele mesmo sabia que não era isso. Sentia-se intrigado com a preocupação do garoto tatuado, sua cara de mau ainda assustava o futuro doutor, esse que comia tudo que ele lhe dava de forma meio escondida, como se houvesse alguma culpa envolvida.

O mesmo se aproveitava da ajuda silenciosa para adiar as próprias jantas. Graças ao "maldito Peter Han", não dormia com fome mais, ao menos quando ele levava seu cachorrinho fofo até o hotelzinho', era quase como uma garantia para o trabalhador de que teria algo no final de seu turno, aguardava pelo dono de Dante e não podia revelar isso para ninguém.

Por empatia ou não, o cliente começou a aparecer no horário ideal, diga-se de passagem. O horário máximo, sem ter que pagar algum valor extra, era 18h, então o mesmo sempre aparecia entre 17h55 e 17h59. Theodore não sabia se era brincadeira consigo, mas aceitava, afinal não poderia ir embora antes de qualquer forma, bastava aguardar por Peter e receber um sorriso do mesmo, acompanhado da comida, mantendo a própria feição nada amigável, nunca deixando de ser carinhoso com o cachorro dorminhoco.

- Por que? - em um dia, de repente, perguntou para o tal Han, não tendo dificuldade em deixar claro que se referia a comida.

- Porque... Não sei, você é carinhoso com ele. - o mais novo olhou o cachorro, alisando a cabeça dele com a ponta das unhas - Algum problema? Não gostou de alguma comida? - indagou sincero querendo uma espécie de feedback.

- Nenhum... - fingiu não se importar, inibindo um sorriso que existia bem no fundo de sua alma, era gostosinho pensar que alguém, por mais desconhecido que fosse, fazia algo pensando em seu bem e nada além.

- Então tá bom, boa noite... Obrigado novamente. - Han saía dali aliviado, finalmente viu o rosto do garoto mais suave, não feliz, porém neutro, era um avanço e tanto.

Nesse dia, deixou um estudante de medicina bobinho por dentro para trás, aproveitando isso para planejar o que faria para ele na próxima semana. Sem que Theodore soubesse, obviamente, o tatuador buscava por ele nas redes sociais, queria achar algum ponto em comum, queria construir uma amizade.

Foi direto no Instagram do hotel para procurar imagens aleatórias, finalmente uma com o homem miudinho. Era ele, sua colega de trabalho e outras pessoas de trabalhos voluntários cuidando dos cachorrinhos, nem todos de raça, nem todos com dono. O mesmo tinha um sorrisinho um tanto contente no rosto, mas além disso, Han observou um chaveiro preso em sua calça, era um pequeno e engraçadinho Chucky.

Usou da informação boba para ir atrás do filme. Conhecia, porém nunca deu atenção o suficiente, então em seu fim de semana, pôs-se a assistir novamente, anotando alguns detalhes e prosseguindo, afinal eram muitos, literalmente 9 filmes, e estava ignorando a existência da série. Tentou também imaginar como introduzir o assunto, talvez tendo uma ideia tosca demais.