1 - First meet

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O som fraco da chuva batendo na janela me fazia relaxar. Desviei minha atenção do céu nublado para a rua que agora não tinha movimento algum. Parecia ser um bairro realmente calmo e acho que acertamos em escolher essa casa. Levantei da cama e olhei a porção de caixas lacradas com meus pertences. Comecei a organização pela caixa mais próxima de mim, nela estavam meus livros e cuidadosamente os tirei de lá, peguei o paninho que tinha separado para tirar qualquer sujo e poeira que pudesse ter trazido durante a mudança. Usei duas das prateleiras fixadas na parede ao lado da porta.

O tom azul bebê fez com que as prateleiras brancas se destacassem. Me fez lembrar um pouco o quarto do Andy em Toy Story, embora esta parede não tivesse as nuvens branquinhas como no filme. Mas eu poderia fazer depois, pensei com um sorriso, ficaria bonito e combinaria com minha coleção. Terminei com os livros e então segui para minha outra caixa, esta com pertences mais delicados e que demandam um cuidado especial. Tirei o isopor que havia colocado para evitar que se machucassem no caminho. Peguei as câmeras e com cuidado as posicionei na prateleira que havia separado para elas. Não tinha muitas e, embora quisesse aumentar minha coleção, eu sabia que precisaria juntar um bom dinheiro para comprar todas as que eu queria.

Um dia eu chegaria lá.

Segui para organizar minhas roupas dentro do armário e colocar meus casacos pendurados de forma que não ficassem amassados. Organizar os calçados foi a parte mais rápida já que a maioria eram tênis. E algumas horas mais tarde, já estava finalizando com a última caixa, onde estavam todos os meus desenhos e fotos reveladas. Mentalizava em como eu colocaria todos em um pequeno mural na parede. Certeza que a luz natural entraria pela janela e deixaria o espaço bonito. Minha cama ficar de frente para o mural seria um bônus. Praticamente a primeira coisa que veria ao acordar.

— O clima vai ser um desafio.

Olho sob os ombros e vejo minha mãe passando pela porta do quarto.

— Acho que o mais difícil vai ser a comida — Digo terminando com os mini pregadores nas fotos. Ficou tudo tão fofinho que foi impossível não sorrir diante a visão.

Escutei uma risada.

— Você tem razão — Ela concorda — Mas talvez a gente possa procurar um restaurante tailandês por aqui.

— Vou pesquisar na internet mais tarde — Ofereci.

— Ficou lindo — Elogiou — Você pensa em fazer alguma coisa nessa parede?

Sua atenção estava no azul bebê na parede das prateleiras.

— Pensei em desenhar algumas nuvens, mas preciso comprar o material.

— Precisa de dinheiro?

Neguei.

— Eu vou usar aquele — Falei sabendo que ela entenderia.

Desci da cama, onde eu usava de apoio para colocar as fotos e os desenhos, coloquei minhas pantufas e depois me abaixei pegando meu case. Soltei as travas e puxei a tampa revelando o violino que estava da mesma forma que tinha guardado.

— Fico feliz em saber disso — Escuto seus passos se aproximando de mim — Aquele dinheiro é seu por direito, querida. Não deveria se privar de usá-lo.

— É só que... — Começo tirando o instrumento do estojo — Não me parecia certo usar qualquer coisa que venha dele.

Ela segurou meus ombros em um abraço meio torto pela nossa posição.

— Freen, eu sei que ele ter sumido das nossas vidas deixou uma marca em você — Sua voz era suave, embora eu soubesse que ela escondia sua dor de mim — Mas neste momento, não podemos nos apegar às coisas ruins. Ele tinha um vício e talvez em sua percepção limitada causada pela fraqueza ele achou que isso era a melhor solução.

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