THE WAY YOU WANTED | Gabriel Bortoleto

CAPÍTULO UM

You told me I would never see you walk away
Said you'd never break my heart
Never leave me in the dark
“Lovers ── Anna of the North”

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O aeroporto de Jidá não estava tão cheio naquele final de tarde, o tempo já começava a mudar e os vôos mudavam no painel, a quantidade de pessoas diminuindo conforme o tempo se passava. Talvez fosse por estar distraída e não perceber outras pessoas que poderiam estar ali ou apenas estava vazio como aparentava estar, aquilo realmente não importava naquele momento, não quando sua mente rodava em torno de um assunto que sempre seria seu tormento, as chamadas de perdidas de Augusto em seu celular a lembraram de como o final de semana tinha sido um verdadeiro caos, trazendo assuntos que fugia como se fossem seu pior medo. A verdade era que realmente faziam parte de seu grande medo, a assustadora ideia de todos verem sua pessoa com olhos diferentes, calculava cada passo dado desde que entendeu sua personalidade, fugindo de quem realmente era de verdade. A dor de usar uma máscara que nunca quis realmente colocar.

Uma mão em seu ombro fez seu coração acelerar durante alguns segundos, mas o corpo não reconheceu o toque daquela mão quente, a mão de Augusto era sempre tão gelada quando encostava em si, nenhum calor seria suficiente para mudar aquele fato, mas realmente não importava, tinha sido um ponto final, nada voltaria a ser como antes, mesmo que precisasse viver com a insegurança e incerteza da exposição. Encontrou os olhos de Gabriel quando se virou, o brasileiro tinha um pequeno sorriso no rosto, perguntando silenciosamente se poderia se sentar no assento que estava vago ao seu lado, mesmo que tivessem tantos outros, Bortoletto queria sentar perto de si, mesmo que pudesse estar ao lado de qualquer outra pessoa. Trocaram toques quase imperceptíveis quando o brasileiro se sentou na cadeira, deixando a mala no mesmo lugar que a dela também estava.

── Também pegou o vôo das 19h? ── perguntou, se apoiando na cadeira para que pudesse olhar para a acastanhada. Belmonte parecia estar perdida em seus próprios pensamentos, um olhar quase um pouco assustado, Gabriel sentiu vontade de correr até Augusto e fazê-lo pagar por ser o culpado daquilo ── Eu estou no assento B16, e você?

── Eu estou no B17, parece que vamos dividir a viagem então ── a brasileira sorriu minimamente, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha ── Às vezes eu falo demais, acho que deveria saber disso.

── Eu sou um bom ouvinte, gosto de conversar na verdade, torna tudo menos entediante ── confessou, se encantando com o pequeno sorriso que a mais velha esboçou, por menor que fosse, ainda era um sorriso ── E vai ser bom ter alguém para falar sobre o filme que estiver passando, nunca consigo ficar calado.

── Eu também não ── Belmonte riu, fazendo com que o sorriso do outro brasileiro, ficasse ainda maior do que já estava. Tinha a sensação de nunca ter realmente reparado no quão bonito o sorriso da garota era, mas ali estava, bem diante de seus olhos, algo que nunca tinha dado a devida atenção ── Então seremos ótimos vizinhos de assento, Gab.

── Com certeza seremos, Bel ── sorriu, controlando a enorme vontade de arrumar a mecha do cabelo, que tinha saído de trás da orelha da brasileira.

O tempo parecia não passar com normalidade enquanto conversavam, Gabriel tinha os olhos atentos para não perder o vôo, mas ainda prestava atenção em cada palavra que saía pelos lábios de Chiara. Nunca tinha visto a brasileira falar com tanta leveza e emoção, mesmo que estivessem dividindo histórias um tanto bobas sobre o ensino médio. Sentiu que estava conhecendo aquela Chiara que se escondia em salas do Paddock para gritar de felicidade após uma coisa boa, não que prestasse tanta atenção assim, mesmo que admitisse prestar atenção até demais na amiga.