THE WAY YOU WANTED | Gabriel Bortoleto

CAPÍTULO SETE

Admire all of you
But fire burns me too
Can't stop that disco getting through
Can't stop that disco wanting you
"Disco ── Surf Curse"

•••

O lugar era iluminado por luzes azuis, fazendo com que tudo parecesse estar em câmera lenta, a música ajudava naquilo, deixando o ambiente ainda mais divertido do que já era. Chiara segurava dois copos na mão, subindo as escadas que faziam o caminho até o camarote do andar de cima, fechado para os pilotos, mas nem todos se encontravam ali, o que fazia com que não estivesse tão cheio quanto deveria.

Gabriel esperava pela mulher, segurando a bolsa que a brasileira tinha levado com as duas mãos, batendo os dedos no objeto no ritmo da música que ecoava por todo o lugar. Um sorriso sem disfarce surgiu em seus lábios quando a viu, os cabelos soltos, os lábios vermelhos por um batom e o vestido que mais cedo tinha tirado seu fôlego ao vê-lo no corpo da mulher. Era vermelho, justo em cima e rodado em baixo, o que a deixava ainda mais bonita do que já era.

── Estava uma pequena fila lá embaixo, mas eu consegui o que queria. ── Sorriu, se sentando ao lado do brasileiro, entregando o drink em sua mão. ── Bloody Mary pra mim e Marguerita pra você.

── Obrigado. ── Beijou a bochecha da mais velha, se divertindo ao ver sua pele tomar uma coloração vermelha. Belmonte era adorável até mesmo quando estava com vergonha e Bortoleto achava aquilo encantador.

Os copos não demoraram para ficarem vazios. A bebida parecia aumentar os sorrisos que antes já estavam em seus rostos, assim como a proximidade de seus corpos, as mãos se tocando, os ombros esbarrando um no outro e os joelhos se tocando na posição em que estavam sentados. Gabriel olhava para a acastanhada com os olhos brilhando, a boca seca, mesmo que a bebida tivesse acabado a menos de um minuto, aquele era o efeito de Chiara Belmonte sobre si.

"Disco" começou a tocar pela boate, o mesmo pensamento parecia surgir na cabeça de ambos, assim como o idem desejo que tinham de aproveitar aquele momento lado a lado. Gabriel a puxou pelas escadas, os risos dela pareciam ser mais altos do que a música, causando uma velocidade surreal no coração do brasileiro, que respirou ofegante quando finalmente ficaram cara a cara, suas mãos na cintura delineada pelo vestido e as mãos menores tocando seu abdômen, os olhos grandes e castanhos mirando-o como se fosse a coisa mais bonita que já tinha visto. Chiara confessava que realmente era, mas nunca em voz alta.

── Cause there's nothing like it. Not like the way you move. ── Belmonte cantarolou, sorrindo ao levantar os braços e os mover no ritmo da música.

── Cause there's nothing like it. Locking my eyes with you. ── Sorriu o piloto, se mexendo junto da mulher. Estava tão feliz que nem mesmo se importava com Franco a alguns metros, segurando uma câmera enquanto ria e os gravava, Maini fazia gestos de beijos ao lado do argentino.

Os minutos se passaram e as músicas iam e vinham, mas suas mãos não se separaram do corpo de Belmonte, fosse em seus cabelos ou em sua cintura, pareciam estar conectadas ali com um ímã que não o soltaria tão cedo. Chiara ainda abraçava seu pescoço, um sorriso no rosto e os cabelos bagunçados, grudados na testa pelo suor que surgia depois de tanto dançar.

── Nunca me senti tão feliz como agora. ── Confessou a brasileira, juntando a testa com a do piloto, que engoliu em seco e sorriu. ── Nunca senti nada do que eu estou sentindo.

── Espero que sejam sentimentos bons. ── Sussurrou, implorando para que ela não visse o quanto suas pupilas estavam dilatadas ao olhar para seus olhos.

── Tudo é bom com você. ── Falou como se fosse um segredo, passando os dedos pelos cabelos da nuca do brasileiro. ── Tudo. Eu nem mesmo me conhecia, você me mostrou em poucas semanas algo que eu já não via há tanto tempo, Gabriel.

...

A cabeça doeu e seus olhos arderam para se acostumar com a ardência que a luz causava. O piloto olhou para o lado e caçou o celular, olhando para o horário quando a tela finalmente acendeu, ainda tinha mais 2h até seu voo. Tudo parecia normal, mas ao virar do lado contrário da cama, percebeu que não estava sozinho. A cabeleira castanha de Belmonte era irreconhecível, assim como seu rosto enquanto dormia, sorrindo levemente.

Gabriel sentiu o coração acelerar ao puxar as cobertas, mas respirou aliviado ao perceber que ambos estavam de roupas, mesmo que Chiara estivesse usando uma de suas camisas da McLaren, ainda sim estavam usando roupas.

── Já está acordado? ── A voz sonolenta da mulher o assustou, levou a mão até o peito, respirando fundo. Chiara permanecia com os olhos fechados. ── Me diz que não perdemos o voo. ── Implorou, abrindo apenas um dos olhos para olhar o piloto, que negou com a cabeça e levantou o celular para que a mulher visse o horário. ── Menos mal.

── Você lembra de algo da noite passada? Só consigo lembrar de nós dois na pista de dança e do Franco nos gravando.

── Foi ele e Maini que nos trouxeram para o quarto, como você era o único que estava com o cartão, eu acabei dormindo aqui, espero que não seja um problema. ── Se sentou, passando as mãos pelos cabelos lisos. Ah, se a brasileira soubesse que Gabriel sonhava com aquilo a tanto tempo.

── Não é, nós moramos juntos, Bel. ── Riu, se levantou da cama. ── Apenas estava com medo de levantar a coberta e estarmos pelados... Não que seja um problema também, não estou falando que seria ruim, mas estávamos bêbados, então... Meu deus eu só estou piorando tudo. ── Se desesperou para explicar.

── Eu entendi, Gab. ── Falou, a gargalhada ecoando pelo quarto logo depois. ── Acho que gostaria de lembrar se isso acontecesse, não sei você, mas seria bom.

── Então você quer dizer que..? ── Gabriel tentou disfarçar o sorriso que surgia em seus lábios, falhando de forma miserável, percebia aquilo pela forma que a mulher olhava em sua direção, se divertindo com aquilo.

── Em algum momento, Gab, em algum momento.

Bortoleto sentiu como se estivesse ganhando pela segunda vez naquela semana e nem mesmo estava dentro de um carro para que aquilo acontecesse.