Capítulo II

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Sampo Koski tinha uma filosofia de vida bastante libertadora. Acreditava que deveria fazer o que tivesse vontade, pois era melhor se arrepender de ter feito do que de não ter feito; ele não gostava de pensar "e se". Porém, o Capitão da Guarda Silvermane o deixava cauteloso e receoso.

Ter jogado as cartas na mesa foi uma das coisas mais arriscadas que já fez na vida. Ele não tinha ideia se podia conquistar a afeição de Gepard, mas deixou claramente exposta sua atração pelo próprio.

Sampo pensou em tentar esquecer, ou ao menos fingir que não aconteceu e seguir com suas provocações e flertes como se sua declaração tivesse sido um delírio. Mas iria contra o que ele acreditava: sem arrependimentos. Não queria se arrepender de ter sido franco com o outro.

Gepard ter saído em completo silêncio, sem uma única palavra, nem que fosse para ofendê-lo ou anular sua tentativa de romance, acabou lhe atingindo em cheio.

Não era possível que o Capitão fosse imune ao seu charme. Era bastante narcisista da sua parte anunciar isso, mas Sampo tinha noção de sua aparência e aptidão física; ele é um bom partido. Mas Gepard lhe ignorava como se fosse comum ver milhares de Sampo Koski por aí.

Talvez estivesse sendo um pouco dramático.

Como não queria aceitar que Gepard em nada se incomodou com suas palavras de afeto, Sampo tomou como uma missão persegui-lo. Não de uma maneira estranha e excessiva, pois não queria ser chamado de "stalker", mas admitia que tentava estar presente, coincidentemente por perto, para observar as ações do loiro.

Mas nada havia mudado. Gepard Landau continuava tão impecável como sempre foi. Um verdadeiro cavaleiro. Um príncipe em sua armadura branca.

Gepard era tão bonito que doía; pensava.

Entretanto, escondido naquela máscara de perfeição, guardava-se um Gepard tímido e confuso. Talvez por sua completa falta de conhecimento em relacionamentos amorosos e flertes, ele não sabia como interpretar o avanço de Sampo. Obviamente, precisava ignorar que o rapaz era um completo malandro ganancioso, o que era difícil esquecer, todavia, o capitão se pegava pensando se havia sido real aquelas palavras em tom de brincadeira.

Talvez não importasse. Gepard não tinha certeza do porquê pensava naquilo. Se fosse real, também não saberia como agir. E se não fosse, manteria as coisas do jeito que estão, o que deveria ser fácil.

Sampo sempre tinha palavras doces e sedutoras para lhe dar, o que o fazia confuso. O excesso das brincadeiras tornava tudo mais complicado. Se enfim fosse verdade, poderia ser que nunca tivesse sido uma brincadeira por parte de Koski, e suas provocações eram sua forma de flerte. Da mesma forma que poderia ser que depois de tanto brincar, uma atração real tenha surgido.

Por outro lado, Gepard tendia a acreditar que tudo era em prol da diversão de Sampo, ou em outras palavras, era tudo brincadeira, o que passou, e o que passaria. Sampo não o levava a sério, e talvez nem tivesse motivo para isso. Então aquela singela, porém direta, confissão, tratava-se de mais uma de suas brincadeirinhas para tirar Gepard de sua rotineira calmaria.

Ora, ora. Se deixasse Landau sozinho com seus pensamentos, não teria um minuto inteiro antes do rubor em suas bochechas aparecer. Se afogar no trabalho era nada mais que sua medida de defesa. Obviamente que completamente discreta, afinal, não poderia se permitir demonstrar inquietude como um rapaz adolescente.

Ele estava um pouco distraído ao ponto de nem sempre estar com a cabeça no lugar. Às vezes discutia algo com um dos guardas de seu pelotão e se este voltasse no assunto, minutos ou horas depois, Gepard provavelmente teria esquecido. Porém algo tão simples quanto uma "falta de memória" não faria alarde em seus colegas.

Como um Anjo | CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora