Capítulo IX

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Aquele momento, talvez, não pudesse ser mais constrangedor. 

Após uma breve sessão de beijos entre Gepard e Sampo que guardavam a confidencialidade do — quase — relacionamento, decidiram descer para tomar café. Mesmo que levemente incertos dessa decisão, e Gepard internamente torcendo para que suas irmãs já tivessem tomado seus caminhos de um dia comum mesmo que talvez estivesse cedo demais para isso. 

Quando os amantes se aproximaram do vão da cozinha e a pequena sala de jantar, eis que encontraram as duas garotas Landau tomando o desjejum calmamente. Gepard engoliu em seco de imediato ao que os olhares pousaram sobre si, mas mais ainda quando paralisaram curiosamente em Sampo Koski.

— Vou pegar um café — anunciou, e covardemente se virou para a cozinha onde buscou refúgio enquanto abandonava o outro.

Sampo se sentia como estivesse sendo sacrificado, mas segurou-se para manter sua pose confiante e se sentou em uma das cadeiras vagas próximo a Lynx; o que não passou despercebido por Serval que se perguntava se era pela irmãzinha ser a caçula ou por alguma familiaridade entre os dois.

Para alegria do divergente na família, Gepard voltou com duas xícaras de café fumegantes e sentou-se ao seu lado. Perigosamente próximo, diria Sampo, mas ele seria incapaz de reclamar pela atitude protetora mesmo inconscientemente. 

A simples ideia de que teria encontrado em Gepard seu anjinho da guarda particular, tirou-lhe um sorriso.

E, novamente, não passou despercebido por Serval.

— Se estiverem prontos, também estamos — falou a mais velha. — Para as apresentações, é claro.

— Hã — pigarreou. — Essas são minhas irmãs, Serval e Lynx. E...irmãs...esse é o Sampo.

— Sampo? 

— Isso.

— Encantado — interveio, sorrindo amigavelmente para Serval.

— Com todo respeito, mas o mesmo Sampo que você reclamava que não conseguia capturar?

O rubor consumiu todo o rosto de Gepard em fração de segundos, enquanto Koski obviamente o encarava, curioso.

— E conseguiu — disse Lynx, debochada. — Parabéns, irmãozinho.

— Algumas coisas apenas aconteceram — explicou receoso. — Nós decidimos...tentar nos conhecer melhor.

— Oh — cantarolou Serval. Ela pensou em fazer o papel de irmã má, talvez ciumenta, mas era tão adorável ver seu irmão tão tímido que tudo que ela conseguia pensar era em apertar suas bochechas. — Posso já perguntar quais são as suas intenções com meu irmão, Sampo Koski?

Ela saber seu nome inteiro lhe causou calafrios, mas Sampo soube sorrir.

— Seria clichê dizer que as melhores possíveis?

— Abstrato, eu diria.

— Pois bem — respirou fundo. — Vou me casar com seu irmão.

— Sampo! — gritou Gepard. Seu grito só foi ofuscado pela gargalhada da caçula. Lynx nunca havia rido tão alto.

— Gostei de você — Lynx disse. — Na verdade, senti que era legal desde aquele dia.

— Aquele dia?

Desta vez, foi impossível para Sampo não se sentir constrangido. Ele intercalou os olhares com Gepard e Serval pensando em como se explicar, mas a verdade é que ele não queria o fazer.

— Foi...no outro dia que dormi aqui — disse, apenas. Mesmo que não tenha sido suficiente para Serval, a reação de Gepard parecia ser mais esclarecedora.

Como um Anjo | CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora