Capítulo VI

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Ele podia sentir o toque forte e a pele quente, acompanhados por gemidos suaves, talvez um pouco contidos, instigando seu quadril a continuar o movimento lento e contínuo.

Mas não passava das lembranças daquela que poderia ser facilmente uma das melhores noites da sua vida. Pois quando a manhã chegou, trouxe o ar frio já tão conhecido por si e a solidão que em nada lhe agradava no momento.

Onde sequer Gepard estivesse, Sampo Koski era egoísta o suficiente para dizer que não era o lugar que deveria estar. Ele queria ter acordado ao lado de seu amado capitão como em qualquer romance açucarado que se poderia consumir por aí.

Secretamente havia imaginado até mesmo a oportunidade de poder preparar um café da manhã para os dois e ficarem de toques e palavras cúmplices, como verdadeiros amantes.

Gepard não estava ali. Tudo que Sampo encontrava ao redor era um quarto surpreendente organizado após uma noite tão proveitosa e ao seu lado na cama, vazio. Ele realmente não estava satisfeito e ficou se perguntando o motivo do outro ter precisando sair tão cedo.

Não enrolou mais. Saindo da cama expondo-se como veio ao mundo, apenas agradeceu pelo quarto possuir um banheiro acoplado e fez uso do próprio. O banho que tomou lhe tirou um pouco da sensação ruim e parte de si estava levemente animada de ter usado o mesmo sabonete cheiroso que Landau, mas não admitiria em voz alta.

Quando vestido, enfrentou uma breve questão, onde imaginava se o melhor seria sair por onde entrou (da janela) ou poderia sair pela porta e correr o risco de se encontrar com os outros integrantes da família de seu amado. Porém, sem qualquer vergonha aparente, apenas sorriu e saiu pela porta.

Estava confiante de que sairia sem problemas até encontrar a "mini-Gepard" sentada à mesa com uma xícara com algo fumegante. Ela apenas levantou os olhos e bebeu de sua bebida quente ainda o encarando.

— Tem chocolate quente. Se quiser café preto, terá que fazer.

Ele arregalou levemente os olhos pela naturalidade da menina.

— Me chamo Lynx, a propósito, e você?

— Sampo.

— Hm — Refletiu. — Acho que já ouvi seu nome. Meu irmão te odeia, não é?

— Algo assim.

— Imagino. Nossa irmã Serval diz que às vezes o ódio não é o que imaginamos ser.

Entretido pela conversa, Sampo se sentou e se serviu da bebida pronta.

— O que você quer dizer com isso?

— Eu não deixaria alguém que odeio entrar no meu quarto, ou passar a noite — Deu de ombros. — Então eu acho que meu irmão pode se irritar tanto contigo que confunda seus sentimentos.

— É uma possibilidade — sorriu. — Nossos trabalhos são distintos, então dou um pouco de canseira. Às vezes.

— Imagino.

Mas ela não imaginava, só estava curiosa se Sampo era um amigo bom e confiável, mesmo que, se ele não tivesse essas qualidades, seu irmão jamais deixá-lo-ia entrar em sua casa.

— Preciso sair em uma hora. Você sairá também?

— Sim, mas, na verdade, preciso ir agora.

— Tudo bem, é que preciso fechar a casa apenas.

Sampo ainda estava surpreso, provavelmente chocado, pela genuína tranquilidade com a qual Lynx conversou com ele. Até aproveitou para tentar descobrir mais sobre talvez ela ter escutado algo pela noite, mas suas respostas deixavam claro que não sabia de nada e, na verdade, nem maliciou. Ela chegou a usar exatamente a palavra "festa do pijama" para descrever o fato de que haviam dormido no mesmo quarto. Sampo achou graça, mas jamais desmentiu. Não tem nada mais precioso que a inocência de uma criança e, especialmente daquela, estava imensamente grato.

Como um Anjo | CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora