Capítulo III

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— Qual o seu objetivo?

Sampo degustou mais um gole de sua bebida antes de encará-la com um semblante preguiçoso.

— Preciso de um?

— É de se esperar — retrucou.

— Se eu te contar que é só por diversão...acreditaria?

Ela sorriu.

— Não depois de vê-lo suspirando como um idiota.

Seele não era a melhor companhia que podia pensar, mas uma das poucas que aceitava beber com ele. Sampo Koski podia ser uma pessoa popular, mas isso não o fazia amado.

— Eu não sei — disse abertamente. Ele estava sério. — Quanto mais avanço, mais eu quero.

— Quer o quê?

— Simplesmente quero. Quero mais dele.

Seu drink havia acabado, então enquanto sinalizava para que o barman enchesse seu copo, ele ajeitou sua postura de forma que ficasse com o corpo inclinado no balcão.

— Quero vê-lo; quero tocá-lo; quero estar ao seu lado; e também quero conversar.

— Você está apaixonado.

— Lógico que não! É só uma atração, uma euforia, como uma criança ganhando um novo brinquedo e quer ficar com ele todos os dias e depois irá enjoar.

— Eu não fiz uma pergunta — ela retrucou, todavia. — Constatei um fato.

Sampo estava injuriado.

— Você pode não estar familiarizado e por isso se nega tanto. — Bebeu de sua bebida. — Ou só é um babaca.

Antes que Koski pudesse dizer qualquer coisa, Seele continuou: — Mas você não é uma criança e ele não é um brinquedo. Se quer seguir adiante, tome suas responsabilidades, do contrário, é melhor acabar aqui.

Às vezes Sampo esquecia que com Seele as conversas tendiam a carregar uma verdade amarga.

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Gepard havia aprontado. Ou ao menos era essa a sensação que tinha após ter beijado um criminoso.

Veja bem, não foi ele que beijou realmente, mas deixou ser beijado. E pior, meio que correspondeu, então carregava sua culpa.

Talvez ele tenha gostado daquilo. Não, não daria mesmo para esconder, principalmente porque a mísera memória o fazia corar e querer sorrir como um adolescente em seu primeiro flerte. A falta de relacionamentos amorosos em sua vida deve ter afetado essa perspectiva, deixando-lhe abobado para essas situações.

Landau estava exagerando, tinha certeza. Como poderia, afinal, estar ansiando para rever um homem tão imoral como Sampo Koski? Ele precisava se lembrar constantemente que Sampo era um criminoso para tentar trazer sua sanidade de volta e não ficar suspirando ansioso pelos cantos.

Seu foco, entretanto, estava na reunião que Bronya convocou inesperadamente e, pelo seu semblante, sabia que era algo muito sério.

— Solicitei que estivessem aqui, pois fiz algumas investigações e tenho motivo para suspeitar que alguém está usando vestígios do Stellaron para produzir bombas.

Bronya, desde o trágico ocorrido com o Stellaron no planeta, se tornou bastante sensível sobre o tema. Isso não a deixou negligente, todavia, mas preocupada com qualquer assunto que o envolvesse para que fizesse parte da resolução e tivesse conhecimento e controle sobre aquilo que por anos trouxe tristeza ao seu povo.

Como um Anjo | CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora