Se Ingrid houvesse usado um pouco mais de força em seu ataque, eu não teria conseguido segurar na borda, mas não conseguirei subir com o cetro, jogo-o no chão com desgosto. Faço força com o outro braço para subir, e consigo jogar o corpo na arena novamente, o coração palpitando forte. Quase.
- Que insistência - Ingrid grunhe.
- Não achou que tinha acabado, achou? - levanto-me ainda ofegante.
Ela abre os braços e neve sai de suas mãos.
- Não vai durar muito mais - afirma imponente.
Junto as pontas dos dedos em um movimento elaborado - e desnecessário - e abro as mãos puxando um fio dourado. Ela me observa curiosa. Meus saem do chão, e a força da gravidade sendo empurrada para cima, começo a flutuar em sentido giratório.
- De fato - concordo, juntando as mãos, enrolando o fio de ouro, fazendo força dobrada para comprimi-lo, quando se torna uma bola densa e volátil de torno de 15cm, divido-a em outras bolinhas menores, que giram velozmente em torno de mim, a sinfonia de sons graves e agudos enche meus ouvidos. Foi difícil adquirir essa habilidade, e ainda não está completa, criar pequenos sóis exige muita força e controle absoluto, as linhas que convergente velozmente com força dentro de cada bolinha são altamente instáveis, e as meus ainda não tem uma aparência de bolas, parecem mais novelos de lã com pouca linha. Mas cada uma dessas bolinhas tem a força de um vulcão em erupção.
- Você é bem surpreendente - Ingrid grita do chão, e colocando as mãos na direção do chão, começa a fazer uma rampa de gelo em espiral, até alcançar minha altura.
- E eu pensando que era uma decepção - por vezes a brutalidade da luta e bem vinda, podendo deixar de lado a falsa diplomacia.
- Não é deplorável, está fazendo jus às aulas que recebeu, mas ainda está longe de ser boa - ela alfineta sorrindo.
Reviro os olhos.
Ingrid junta as duas mãos sobre a cabeça e quatro clones de gelo se materializam em volta dela, formados por uma nevasca que a cobre. A parte interessante do Sol, é que além dele ser quente e não permitir a Ingrid que suas esculturas permaneçam intactas, derretendo sua superfície, também interfere nas moléculas da magia, tomando ou dispersando sua energia, deixando seus poderes instáveis, mas ela deve ser muito boa, visto que mesmo tão perto, ainda consegue usar seus poderes.
Não lhe dou a cortesia do primeiro movimento, atirando uma bolinha contra ela e seus clones. As linhas do Sol dançam freneticamente, em cores laranja, branco e amarelo, a imagem vem antes do som, e o som vem antes do impacto, eu mesma sou empurrada para trás pela pressão que as linhas emaranhadas fazem entre si.
- E se alguém ouvir? - ouço a pergunta ao longe e um burburinho.
A luz some tão rápido quanto veio, e não há mais nada dos clones de Ingrid, apenas uma estrutura de gelo - na frente de uma ofegante Ingrid - que presumo ter sido uma parede, que se quebrou, mas para ainda ter restado algo, deve ser extremamente forte.
Da ponta de meu dedo, libero uma pequena luz veloz que se põe atrás de Ingrid, reproduzindo minha imagem. Ingrid solta uma risada engasgada. Movendo os braços para os lados ela materializa imensas e grosseiras paredes de gelo, as quais começam a mover-se lentamente em sentido horário. Obrigando-me a aproximar de Ingrid, ou me afastar, saindo dos limites da arena. Opto por me aproximar já lançando um Sol. Vejo o corpo de Ingrid tornar-se gelo pouco antes de ser atingido.
Mais perto da explosão, uso os outros sóis para proteger-me do impacto, e observo uma das esferas encostar em outra por um instante, e ambas ganham uma pequena mancha negra. Fico apreensiva. Minha magia não estava muito estável, e esse estado é extremamente delicado, não posso perder o controle.
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Laços do Passado
RomanceA princesa Nymeria, de Coraci, encontra-se em um cenário caótico, ao descobrir uma gravides inesperada e o pai de seu filho desaparecer, logo após receber a notícia; em seguida o rei, pai de Nymeria, falece, após uma viagem comercial ao reino vizinh...