4. 𝕬 𝖁𝖎𝖉𝖆 𝖕𝖔𝖗 𝕰𝖑𝖊

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『Toda utopia é fundada numa ilusão de Destino, na ideia de que se chegará a algum lugar, um fim para o qual se pode colaborar, mas que nem por isso deixa de ser um futuro inelutável, o Reino Prometido.

Mas o Destino é também a Maldição ou a escolha Divina. E a Vida e a Morte podem se encontrar.

Trecho de um Registro.
Palácio de Edelvais.
Continente Faerûn.』

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A Rainha-Mãe não resistiu àquela esperança e levou ao aposento de seu filho.

Ercília, ao desenrolhar o frasco de cristal, tremia tanto que se aproximou do rosto de seu amado, já em estado de desmaio pela dor que sentia a aguardar o momento final.

A força dos fluidos regeneradores, com suas propriedades especiais tidas no frasco, eram mais eficazes pela manhã.

A natureza de cada ingrediente era o receptáculo de um valioso patrimônio que era obtido através das plantas colhidas em horas, dias e estações especiais, segundo processos rituais e místicos.

A água era o fluido mais complexo e paradoxal que existia e que era a poção, por excelência, capaz de transportar em si as forças etéreas ou cósmicas.

Nesta altura, ela, que sentia a morte se aproximar dele, acrescentou com voz confiante ao lado de Sudwaan, frente às falas baixas das Servas e Empregadas curiosas ao vê-la segurar bem o frasco em mãos.

A Rainha-Mãe expirou suavemente nos braços do filho com copiosas lágrimas na face lívida.

Ercília dizia sigilosas palavras que lhe ecoavam no coração, umedecendo os olhos do Príncipe com um lenço entregue de sua fidelidade, pela pequena gota de orvalho que ela era.

Logo que tenha soltado o último suspiro, fricciona todo o corpo com esse líquido e será capaz de viver 1000 anos... E enquanto eu viver, darei a vida por ele!

Depois, o fez beber avaramente com o precioso líquido nos lábios do Príncipe, escorrendo sobre as presas afiadas que a tocavam muitas vezes contra a sua pele fina.

Depois de alguns segundos, os olhos dele se abriram suavemente.

Ah!

Exclamou Ercília, enclavinhando os dedos no frasco, tal como apertamos, em sonhos, a haste de que nos suspendemos num precipício.

Sabrige passeou com seus olhos pelo aposento sem ousar fixar, mas por toda a parte.

Toda a dependência estava semeada de pontos luminosos, fulgurantes de vida. E todos esses pontos, que eram outros tantos olhos, perseguiam e cercavam Ercília.

De súbito, a pálpebra fechou-se e voltou a abrir-se ágil, como a daquela mulher que concedeu a centelha da vida e a luz vivente das estrelas que irradiavam uma viva claridade na sua mente.

Você trouxe a edelvaisse que lhe dei?

O Príncipe perguntou, ainda se recuperando do momento.

Sim, eu a guardei comigo. Mas, elas começaram a ficar...

Ela diz com as mãos trêmulas, enquanto retirava a caixinha novamente com cuidado de sua veste, ao começar a desembrulhar o pequeno ramo.

Enquanto o relógio pendulava, ocorreu-lhe o pensamento de que a edelvaisse lhe concedeu uma benção.

Ercília, ao pegar o pequeno raminho de edelvaisse na mão, viu as pétalas que antes estavam pretas recuperarem a sua cor branca, brilhante, limpa e luminosa.

Reino de Edelvais vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora