7. 𝖀𝖒𝖆 𝖛𝖊𝖗𝖉𝖆𝖉𝖊 𝖉𝖊𝖓𝖙𝖗𝖔 𝖉𝖆 𝖒𝖊𝖓𝖙𝖎𝖗𝖆

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No aposento da irmã, Rosy sentou-se na cama, juntamente com Ary para contar tudo o que escutou durante a sua sessão de etiqueta com a Rainha-Mãe.

A Princesa estremeceu ao ouvir mais uma vez sobre o Demônio Azul, ela já tinha ouvido falar dele inúmeras vezes. E não era a primeira vez que a Família Real escutava aquele codinome com pavor e medo.

Ary começou a caminhar lentamente para a sua varanda pensativa com o seu leque em mãos, enquanto admirava o céu e a plena neve que permeia ao redor do Palácio.

Papai pode até ter razão em nos manter em segurança, mas cedo ou tarde esse acordo pode fracassar e ninguém estará seguro no Reino!

Rosy a observava em silêncio naquele início de tarde. Ela não discordava de sua irmã, mas elas sabiam que era quase impossível de se obter mais informações.

Em meio aos questionamentos, alguém bateu na porta do aposento.

Quando a Princesa Ary se aproximou para abrir a porta, percebeu que era sua Serva Kassin. Sua expressão triste não deixava esconder o seu comportamento diferente, com as mãos juntas e de cabeça baixa, reverência antes de dizer:

— Desculpe atrapalhar Vossa Alteza, mas esqueci de lavar e passar as suas roupas...

Ary ao ouvir, olha para perto da cômoda próxima à sua cama, onde uma enorme cesta de roupas foi deixada erroneamente pela Serva.

A maioria das Servas não tinha sobrenomes, pouco a pouco estavam sendo adotadas para os Plebeus e Comerciantes, sendo comum ser tratado apenas pelo primeiro nome.

Kassin era a sua Serva "quase que favorita". Ganhou proximidade e confiança da Princesa pelo seu jeito humilde e simples de ser, mas seu comportamento havia mudado nas últimas semanas.

Já era a terceira desculpa que ela fazia perante a Princesa, ou melhor, a quarta, se contasse com a do Duque registrada na carta. As irmãs se entreolharam até Ary decidir indagá-la.

— Não quero mais desculpas, Kassin, mas quero que fale a verdade... O que está acontecendo?

Kassin ergueu lentamente a cabeça. As lágrimas de choro se esforçavam para não cair no seu rosto, que escondiam olheiras abaixo dos olhos pela vergonha sentida e a vontade de súplica querendo sair em palavras de sua boca.

Ary notou o estado dela e ficou chocada, assim como sua irmã.

A Princesa fechou a porta para que ninguém mais do Palácio a visse daquela forma, pois com certeza ela seria caluniada e demitida.

Enquanto Rosy acalmava Kassin em uma cadeira próxima a uma mobília, Ary separava um pequeno copo com água. Ela usava água em algumas poções, então tinha sorte de haver sempre em algum recipiente de reserva. 

Kassin pega o copo e bebe o líquido aos poucos, tentando se tranquilizar.

— Obrigada Vossa Alteza, sinto-me melhor.

— Por nada, Kassin, mas por que não me falou nada... Não precisa exercer os serviços se não se sente bem.

Ary murmurava, olhando de forma sincera nos olhos de sua Serva.

— Minha família sobrevive dessas diárias, Vossa Alteza. Mas mesmo assim não consigo pagar o aluguel ao proprietário que se passa por um Agiota...

Kassin, ao pronunciar, tapa a boca com a mão e vê os olhos amarelos da Princesa, refletindo preocupação ao ouvi-la de todo o coração.

Rosy não sabia o que aquele nome significava, mas sabia que não era boa coisa.

— A casa onde vocês vivem é de...

A Princesa não sabia desse lado da história, mas tinha compaixão. Não por ela ser apenas uma Plebeia, mas porque também a sua mãe era antes de virar Rainha.

— Quanto precisa para pagar Kassin?

Kassin fica surpresa com a atitude da Princesa que era uma verdadeira amiga, se não um anjo que ajudaria a minimizar a situação, mas nem tudo era o que parecia através de sua farsa encenada.

— O problema é bem maior do que aparenta ser... Fizemos empréstimos (usura), mas atrasamos meses e meses de aluguel. Iríamos devolver o dinheiro e sair da propriedade, mas Valafar pediu juros altíssimos que aumentariam dez vezes o valor. Como não podemos pagar, ele ordenou levar...

Ela caiu de joelhos aos pés da Princesa Ary ao continuar a dizer:

— ... Minha filha Saralin... Hoje à noite como moeda de troca.

Kassin suplicou diante da Princesa sua dor disfarçada e encoberta.

— Isso é um absurdo... Essa pessoa é um Ladrão e um Monstro, irmã. O Reino precisa fazer alguma coisa.

Ary ao ouvir atentamente sua irmã que estava preocupada e em estado de choque com a situação. Ela via também uma oportunidade de conhecer os problemas dos Distritos mais de perto.

Um dia, todas elas seriam responsáveis por governar Edelvais de qualquer maneira e enfrentar a realidade era o que mais ela desejava.

— Eu irei resolver isso, irmã!... Kassin você me levará para próximo de onde mora.

Ary continuou a olhar fixamente nos olhos de sua Serva bem determinada.

— Não, irmã!... É perigoso demais, e se o nosso pai souber que anda ultrapassando as muralhas do Palácio sem a autorização dele. Ele ficará decepcionado com você.

A Princesa Ary não descansava a sua mente vendo aquela Plebeia pedir veementemente por sua ajuda de joelhos.

— Eu sou uma Feiticeira e não tenho medo de enfrentar ninguém para proteger o meu Reino!

Em meio à tristeza dela, Ary reafirmou o seu compromisso, levantando o leque para perto de seu rosto em seguida.

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Reino de Edelvais vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora