Pausa no trabalho

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CONSULTÓRIO DA DRA. THAIS.

A revelação sobre Íris faz Thais olhar para seu paciente por longos segundos, sem saber o que dizer. A expressão de espanto muda lentamente de forma, explicitando indignação.

— Roberto, percebe o quanto esse comportamento é danoso com essas mulheres? Íris é uma médica séria, que adotaria uma conduta arbitrária com um paciente por estar apaixonada.

— Doutora, eu não fiz nada. Não posso ser culpado pelos textos.

— Repare no que você mesmo diz: está se eximindo de culpa e terceirizando ela para um elemento externo, sua produção textual, escrita por você. Como não pode ser responsável?

— Não as obriguei a gostar do que escrevo.

— Sim, mas também não fez nada para evitá-las. Precisa entender que tem esse poder nas mãos e o exerce pelos seus textos. O que escreve é parte de você. Assim como qualquer homem charmoso, atrai a atenção e se torna alvo de desejo das mulheres, você o faz pelo texto. São formas diferentes de sedução e são inerentes aos homens que as possuem. Não pode fingir que o texto é algo diferente de você. Eles são uma forma de sua sexualidade, seus desejos e quando não se responsabiliza por elas, estas o controlam.

O paciente torce os lábios, em uma expressão de discordância.

— Posso te dar um exemplo: após você sair, nenhuma delas lhe procurou, procurando reviver a experiência do harém. A Íris é exceção, provavelmente por não trabalhar no mesmo espaço que vocês. Nenhuma delas foi atrás de você, e provavelmente alguma delas deve ter iniciado um relacionamento, ao invés de manter esse laço com você. Bastou você parar de escrever.

Roberto não sabia o que dizer para refutar. Imediatamente lembrou de Rebeca e Sandra.


REBECA

Era muito cedo e Rebeca voltava para seu apartamento completamente suada pelos seus exercícios físicos. Desde a demissão de Roberto que não se exercitava no local de trabalho. Aliás, muita coisa mudou com aquilo. Rebeca adorava as histórias escritas por Roberto, assim como suas ordens depravadas que a ajudavam a manter o foco no trabalho. A cumplicidade com as demais mulheres deixava tudo mais delicioso, pois havia uma intimidade muito forte entre elas, assim como um sentimento de amizade. Infelizmente, não durou para sempre.

A demissão de Roberto por Denise rompeu os laços entre elas de vez. A gerente, antes confiável, se tornava uma pessoa estranha, capaz de trair qualquer uma delas. Ela se afastou, assim como Sandra e Amanda. Não demorou muito tempo para um sentimento de vazio tomar a todas elas. Não apenas pela ausência de Roberto no dia a dia, mas também na publicação de seus textos. Era quase como se aquele homem tivesse morrido, deixando de manifestar sua presença nas suas diversas formas, como amante e como escritor. Foi esse vazio que Sandra quis preencher.

Era uma surpresa aquela mulher se declarar, tão surpreendente quanto na vez em que a convidou, sem ainda conhecê-la para ajudar um casal de amigos a se exercitar. A situação inesperada a levou para o meio de um delicioso harém onde viveu, situações inéditas. Sempre teve uma atenção a mais de Sandra, mas não desconfiava de segundas intenções, ainda mais sendo ela. Sandra tinha fama de namoradeira, principalmente por sair com colegas de trabalho. Não se importava com as pequenas fofocas de colegas com quem se envolvia. Rebeca a via como uma mulher livre e independente demais para querer um relacionamento fechado e foi uma surpresa tremenda quando ela a pediu em namoro.

Ela ficou encantada com o gesto, mas tinha desconfiança. Sandra não era mulher de se prender a uma pessoa só, além de ser diariamente paquerada pelos colegas. Segurar os ciúmes no início foi difícil, mas sua namorada correspondia às suas expectativas, ficando lentamente mais fechada aos flertes dos colegas. Ela realmente queria algo sério com Rebeca.

Departamento das Fantasias Secretas IIOnde histórias criam vida. Descubra agora