O paciente em comum

685 4 0
                                    

Fazia anos desde o último encontro daquelas mulheres. Se antes eram amigas inseparáveis na faculdade, a vida profissional as havia separado, tornando seus encontros cada vez mais raros. Ao contrário do que parece, isso não diminuiu o entusiasmo delas, quando se encontram. A cada reunião, os sorrisos são mais abertos, as risadas mais exageradas e até mesmo as lágrimas são mais carregadas. Em alguns momentos as mesas vizinhas naquele bar se tornam uma plateia, tamanha animação, pelo tanto que chama a atenção para si.

Claro que não eram apenas as risadas levemente alcoolizadas que atraíam olhares para aquela mesa. Íris era uma mulher exuberante, com seus cabelos longos e os olhos azuis. O decote, mesmo discreto, atraía a atenção para o volume farto de seus seios. Thais, não ficava atrás. Loira, com os olhos pretos, tinha o corpo igualmente curvilíneo. As coxas grosas se sobressaiam quando cruzadas sob aquela saia, não muito longa.

Pelos anos afastadas, levaram horas colocando a conversa em dia. As primeiras mesas começavam a esvaziar quando Íris, trouxe um assunto novo à mesa.

— Thais, quando vai falar do motivo de nós estarmos aqui?

— Motivo? Eu te chamei para te ver, faz anos que não nos falamos.

— Sim, claro. Não tem nada a mais?

— O que seria a mais?

— O nosso paciente em comum.

Íris fala mordendo os lábios enquanto Thais franze o cenho.

— O Roberto... sim. Tivemos algumas sessões, mas parece que ele está finalmente progredindo.

— Que ótimo... — diz Íris enquanto se debruça na mesa, se aproximando da amiga. — e você? Fez progresso com ele?

— Do que está falando? — perguntou Thais, fingindo indignação o máximo possível.

Íris sorri, sapeca como quem sabe de todos os segredos que sua amiga tenta esconder.

— Esquece a ética e o sigilo entre doutora e paciente. Eu também transei com ele, então não precisa esconder nada de mim.

O rosto de Thais queimou, tamanha era a tranquilidade de sua amiga em falar aquilo.

— Não precisa me falar de você. Ele me disse. — respondeu Thais, olhando para os lados com medo de alguém mais ouvir.

— Me conta, como foi? — perguntou Íris, com um sorriso travesso nos lábios.

— Não vou te contar essas coisas.

— Desde quando tem segredo para mim, Dona Thais? Nunca me negou informação nenhuma dos seus homens... ou se esqueceu de que a gente dividia alguns?

Thais se contorce, geme baixo e se ajeita na cadeira. Íris percebe o desconforto.

— Está tudo bem?

— Sim, está. Só não tenho mais idade para essas brincadeiras.

A risada de Íris poderia soar um deboche, mas aquela mulher exalava suavidade e até mesmo o mais exagerado dos gestos era carregado de certa elegância.

— Amiga, relaxa. No início eu também não entendia o fascínio que ele provocava. Imagina que recebi um paciente bem introvertido, com um problema aparentemente sério de disfunção. Uma consulta comum, com um paciente como qualquer outros. Examinei, recomendei algumas coisas e o mandei embora. Mais nada! Ele falou o mínimo possível, não houve flerte, nem tentativa disso. Pior, estava visivelmente constrangido. Com certeza eu esqueceria o nome dele em alguns dias, mas aí li o texto dele. Me senti tão imersa naquelas cenas que facilmente imaginava aquele homem me comendo. Quando me dei conta, estava me masturbando no consultório pensando no que faria na próxima consulta.

Departamento das Fantasias Secretas IIOnde histórias criam vida. Descubra agora