Narrativa

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CONSULTÓRIO DA DRA. THAIS.

— Muito interessante o que me disse sobre essa dificuldade em relacionamentos.

— Eu diria mais desesperador do que interessante.

Thais dá um singelo sorriso.

— Isso pode explicar muita coisa em você. Você tem dificuldade em controlar suas relações com mulheres.

Roberto franze o cenho.

— Eu lhe explico. Aparentemente você teve muitas experiências traumáticas no que diz respeito a se envolver com mulheres. Além de ser privado desses relacionamentos, não se sente no controle em nenhum deles. Ser alvo de chacota seguidas vezes provavelmente o afasta de se relacionar com mulheres, mas não inibe seu desejo. Então canaliza isso em texto, onde consegue controlar todas as circunstâncias da narrativa. 

— Nunca pensei dessa forma, mas faz sentido.

— Deveria pensar, pois sua saída para relações saudáveis passa por aí. Não é que você não é bonito, não se veste bem ou não é inteligente o bastante, pois Amanda e as demais mulheres querem ser as mulheres de seus textos. Isso significa que fantasiam e desejam se relacionar com os personagens desses contos. 

— Mas invento personagens, nenhum deles tem nada a ver comigo.

— Tem certeza? São criações suas, com certeza eles tem partes de você, pois elas conectam você a eles. Pense quando você só conseguia desempenho sexual naquela sala. Você vestia uma máscara naquele espaço, provavelmente evocando características dos personagens que criou. Eles são partes de você. Precisa aprender a deixar essas características aflorarem mais, sem precisar se esconder em uma sala escura.

— Isso não faria de mim um homem abusivo?

— Faria de você um homem ciente de seu potencial. A partir daí você tem controle sobre sua vida e seus relacionamentos. Acredito que ara fazer as escolhas corretas é preciso conhecimento. 


BRUNA

O sexo com Roberto na recepção da empresa mexeu com Bruna. Para os colegas de trabalho era a mesma advogada excelente, assertiva e exigente com os demais colegas. Para um certo "cara do TI", a transformação era absoluta. De início, claro, ela não o destratava mais, sendo mais respeitosa e inclusive o chamando para fazer "ajustes" na manutenção em seu computador. Se Roberto está em outra sala, ela sempre aparecia com algum sorriso sapeca quando ninguém olhava. Criou-se uma cumplicidade entre os dois onde Bruna se sentia à vontade para correr alguns riscos. 

Envolver-se com aquele tímido prestador de serviços atiçou a curiosidade de Bruna pelas produções textuais de seu amante. Dessa vez, despida de preconceitos com a escrita erótica do rapaz, pode perceber um certo talento para cenas de sexo. Sentia-se imersa naquelas cenas onde assumia papéis bem submissos, assim como os vividos por ela com Roberto. Havia contos onde um homem possuía várias mulheres,  uma fantasia tipicamente masculina, mas que mexeu com ela pela primeira vez. A vaga curiosidade de estar com outra mulher foi relembrada enquanto se imaginava compartilhando com aquelas demais personagens o seu amante. A leitura formava uma imagem deliciosa na mente de Bruna, capaz de orientar suas masturbações matinais. Era o bastante para saciar seus desejos, mas a curiosidade apenas aumentava.

Certo dia, ela chamou Roberto para a sua sala, mas mais uma "manutenção". Aproveitando-se de um dia atípico, com a maioria dos colegas fora de escritório, mal esperou o técnico entrar e o surpreendeu, trancando a porta. Abraçou-o e lhe deu um beijo longo, para em seguida saciar suas curiosidades.

— Queria te perguntar uma coisa: essas histórias que escreve, com várias mulheres. De onde tira elas?

— Algumas são fantasias, outras são coisas que já vivi.

Departamento das Fantasias Secretas IIOnde histórias criam vida. Descubra agora