Cuidado, frágil

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Diante do espelho, a luz suave reflete não apenas um rosto, mas uma história entrelaçada com sombras e memórias. Cada contorno revela não apenas a superfície, mas uma tapeçaria de experiências — algumas delicadas, outras marcadas pela dor. Olhando para as linhas que marcam a pele, sinto o peso das inseguranças acumuladas, como se cada uma delas fosse um aviso silencioso, um lembrete da fragilidade que carrego.

São tantas as vezes que o medo de não ser suficiente me fez hesitar, que a falta de autoestima apagou o brilho que poderia ter iluminado o caminho. Aqui, neste espaço íntimo, encaro a vulnerabilidade que me compõe. Vejo as marcas do passado, como cicatrizes invisíveis, que me tornaram cuidadoso em minhas escolhas, sempre temendo o impacto de um erro.

No silêncio do meu olhar, busco entender o que significa ser inteiro. Cada racha não é apenas uma falha, mas um testemunho de resiliência. São partes de mim que aprendi a esconder, como um cristal precioso envolto em papel, delicado e suscetível a quebras, mas também resistente em sua essência.

Assim, no reflexo, descubro que essa fragilidade é também um convite à compaixão, um chamado para tratar a mim mesmo com mais gentileza. É um reconhecimento de que ser humano é, em essência, viver entre o medo e a esperança, entre a dor e a possibilidade de renovação.

Aqui, diante do espelho, deixo as expectativas se dissolverem e permito que a luz que emana de dentro comece a brilhar. Aceito cada parte de mim, mesmo as mais frágeis, e assim me permito florescer. Em cada imperfeição, encontro a verdade de ser quem sou, e percebo que não é preciso ser forte o tempo todo. A beleza reside na aceitação do ser, na suavidade de viver plenamente, sem a necessidade de me esconder.

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