Nessa era de urgências e metas inadiáveis, somos constantemente empurrados a correr, a fazer o agora, e de preferência, tudo ao mesmo tempo. Dizem que, para alcançar qualquer coisa, é preciso pressa; que cada minuto parado é um minuto perdido. E, nessa velocidade imposta, acabamos esquecendo de nós mesmos, como se pausar fosse um ato subversivo, uma pequena rebeldia contra o ritmo das coisas. Mas talvez, seja justamente essa pausa que nos traga clareza e força para seguir.
Há uma beleza esquecida em respeitar as pausas e acolher o próprio cansaço. Como um jardim que floresce ao seu tempo, dar-se um momento de respiro é permitir que a vida se organize dentro de nós. Às vezes, o mais sábio não é lutar para alcançar o inalcançável a qualquer custo, mas deixar que as coisas floresçam por si, sem atropelos. Nos cobramos tanto e tão cedo, como se tudo que somos pudesse caber em metas e resultados. E, ainda assim, há algo em nós que sabe que somos mais do que essas medidas.
Tirar tempo para si é um ato de respeito, uma lembrança de que nossa existência vai além dos números e títulos, além das notas ou conquistas. A jornada é longa e, sem pausas, até o prazer do aprendizado perde o sentido. Nos ensinamentos da pressa, esquecemos que o verdadeiro aprendizado é aquele que, ao longo do caminho, nos transforma e nos faz sentir completos. Mais do que cumprir prazos, aprender é também saber onde ir com calma, onde deixar o conhecimento criar raízes, e onde o próprio ato de esperar é uma lição.
Então, quando tudo parecer urgente e inadiável, talvez o ato mais corajoso seja parar. Respeitar o tempo como parte essencial do caminho, lembrar que a estrada é feita também de silêncios e respirações. Que o saber floresce em ritmos próprios, e que somos todos frutos de momentos em que escolhemos desacelerar, sentir e nos reencontrar.
No fim, a jornada é nossa. E entre pressas e pausas, o tempo que damos a nós mesmos pode ser o mais transformador dos passos. Afinal, o que vale mais: completar a caminhada exaustos e desgastados, ou vivê-la com calma, com força e verdade? A resposta, talvez, seja única para cada um. Mas que tenhamos a coragem de dar ao tempo o seu devido valor - e a nós, o respeito que merecemos.
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O Cotidiano em Relatos
PuisiOlha, não sou uma famosa, então talvez isso aqui seja só um monte de palavras jogadas por aí. Quem sabe você encontre algum sentido nelas? Ou talvez só risadas. São relatos poéticos sobre o tempo, os sentimentos e as loucuras do cotidiano. É só o de...