A exploradora perdida

Perdão

Ficamos os dois a olhar para a porta durante uns momentos até a campainha tocar novamente, o Diogo mobilizou-se e foi abrir a porta à Rita que olhou diretamente para mim antes de entrar, ela trazia um ramo de girassóis na mão e no braço oposto uma saca com algo dentro, pousou o saco em cima da mesa e disse algo ao Diogo que, no estado em que eu estava, nem consegui decifrar , em seguida veio na minha direção e entregou me o ramo que tinha um bilhete, abri-o e dentro estava escrito "Há coisas que não podem ser expressadas através de palavras, o meu arrependimento é uma delas", no final de ler o bilhete olhei para ela que por sua vez se aproximou furtivamente de mim e me deu um abraço apertado, enquanto tudo isto aconteceu conseguia ouvir o Diogo a resmungar baixinho, enervado, e nada contente coma presença dela no meu apartamento (claramente ele não percebe o quanto a Rita é importante para mim).

-Rita, vamos para a cozinha, o Diogo preparou o almoço e a mesa já esta posta. - disse meia nervosa.

Ela concordou e fomos as duas para a cozinha, ela acomodou-se assim que chegou e informou-nos que tinha trazido aperitivos, o Diogo colocou o que ela trouxera  na mesa e depois olhou para mim.

-Não vais comer assim pois não? - perguntou ele indignado .

-O que tem de mal em mim ? - perguntei meia receosa sem saber ao certo a que é que ele se estava a referir.

Sem me dar resposta ele veio em minha direção e ordenou-me para que me sentasse, assim o fiz e ele começou a trançar o meu cabelo e a dar um pequeno sermão em como não deveria comer com o cabelo solto porque supostamente me poderia engasgar com um ou algo do género, achei tudo aquilo muito estranho, na realidade a Rita estava a observar-nos como um falcão, o que não ajudou nada em manter-me confortável, o que aconteceu de seguida fez com que o almoço todo fosse um desastre e nem conseguisse tocar na comida, o Diogo termina de fazer a minha trança e pega carinhosamente na minha cara fazendo com que eu o olhasse, então, depois aproximou se da minha cara e deu-me um selinho (O que deu na cabeça dele?!), fiquei quieta em choque durante uns segundos e dou graças a deus que a Rita não surtou, Diogo fez carinho na minha cara, mas eu afastei-o e levantei-me dando a desculpa de estar mal disposta e ir descansar para o quarto, sendo que não tinha coragem de olhar nenhumas das pessoas que estavam na minha cozinha, acrescentei também para que o Diogo cancelasse a reunião da tarde e que ele e a Rita estavam convidados a sair da minha casa assim que terminassem de jantar.

Entrei no meu quarto e desabei no chão em autêntico choque, pus os dedos nos meus lábios, onde outrora estavam os lábios do Diogo, ele deixou lá uma sensação calorosa e o cheiro dele ficou impregnado em mim (Porque é que ele fez isto?), fiquei tão confusa, não sabia o que fazer, como reagir nem como processar o que havia acontecido, fui me deitar na cama e fiquei lá quieta a pensar.

Não sei quanto tempo fiquei na cama, mas acho que fiquei por bastante tempo porque quando pequei finalmente no telemóvel ele estava cheio de mensagens preocupadas do Diogo, e também algumas da Rita (por mais estranho que pareça), as mensagens que o Diogo me enviou eram pedidos de desculpa e a dizer que ainda estava em minha casa e precisava de falar comigo, as da Rita eram perguntas de como eu estava e a explicar que tinha falado com o Diogo e tudo estava resolvido entre os dois, adicionando que ele explicou tudo o que se passou no almoço e ela não estava chateada.

Mandei mensagem curiosa para o Diogo a perguntar o que havia dito à Rita para que ela nem ficasse zangada, ele só me respondeu que estava na sala à minha espera para conversarmos, visto que ele não me iria dizer mais nada, decidi ir até à sala, encontrei o sentado no sofá, em cima da mesa da sala tinha um lanchinho constituído por dois  croissants e sumo de laranja natural, ele olhou para mim e gesticulou para que me sentasse e comesse o que ele preparou, assim o fiz enquanto o olhava curiosa.

- Queres saber o que se passou não é? A verdade é que eu quis testar a  Rita e acabou tudo por ir longe demais, já lhe expliquei tudo, incluindo que vai demorar para que eu confie completamente nela a ponto de a deixar sozinha contigo, mesmo assim ela entendeu o que eu fiz e ficamos os dois em tréguas um com o outro. - disse ele sem coragem de me olhar nos olhos - Peço imensa desculpa por te beijar sem consentimento, realmente não era a minha intensão fazer um ambiente constrangedor como aquele.

-Eu realmente não estava espera dessa... -  respondi sem saber que mais dizer.

-Espero que o que aconteceu não afete a nossa amizade - disse ele enquanto fazia olhos de cachorrinho abandonado para mim.

-Não, claro que não Diogo, foi algo inofensivo.- sorri para ele.

Depois desta conversa ficamos os dois a conversar e acabamos por ir ver um filme juntos, era a vez do Diogo escolher, achei a escolha um bocado estranha, o Diogo escolheu "O Titanic".