Capítulo 5 - Descarte seu carro roubado em um ferro velho

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"Continuar andando para frente não
é o mesmo que seguir em frente."

A cidade tinha o sol estalando e parecia que havia um sol sobrepujando cada ser que caminhasse por aquelas ruas, e ao mesmo tempo tinha uma brisa gostosa e única pairando pelo ambiente, que quase compensava o sol irritantemente quente.

Neil tinha pensado muito em toda a paisagem durante a breve viagem de carro, tanto que mesmo quando já tinham deixado a parte mais habitada da cidade e já se encontravam em Irving, ainda se encontrava extasiado pelo ambiente tão singular que o local espalhava e se alojava nas narinas de qualquer um que passasse por um lugar como aquele.

Mesmo quando o carro estacionou por sua memória tão perfeitamente gravada sobre o esconderijo e onde ele deveria estacionar para o pegar.

Ele apenas fechou os olhos e tentou se apegar à lembrança da fumaça, de como ela tinha invadido seus pulmões há pouco tempo atrás, como tinha insistido em permanecer na cabeça de Neil.

A lembrança o fizera se acalmar suficientemente para que conseguisse achar o dinheiro em algum lugar de Irving e concentrar-se em outra qualquer coisa que não fosse o fato iminente de que eles poderiam ser pegos a qualquer momento.

O distraiu o bastante para que ele só se ligasse onde estava quando seu irmão saiu correndo do carro em direção a Neil, que andava lentamente para o carro.

Algo estava errado.

Ele teve certeza disso quando ouviu sirenes.

Polícia.

O irmão de Neil o alcançou e se agarrou a sua cintura, em pânico, com o pequeno corpo tremendo.

O menor tinha tanto medo da polícia quanto de Lola e o pai deles, por mais que ainda fosse tão jovem.

Neil o pegou no colo e fez o único gesto entre eles que poderia trazer um pouco de conforto para ambos.

"Estou aqui com você." Neil gesticulou silenciosamente para o seu irmão, com ele em seu colo.

Ele deitou a cabeça de seu irmão no seu pescoço e começou a correr, se escondendo no mato para se movimentar de forma furtiva, se encolheram longe da estrada, ao ponto de que se olhasse, achariam que os matos estavam apenas sendo afetados pelo vento, e por isso se mexiam com frequência. Só quem perdesse seu tempo olhando uma segunda vez perceberia a farsa.

Neil se arrastou mais para trás, sabendo que seria uma coceira terrível depois por se esfregar daquela forma no mato, enquanto mantinha em vista os policiais. Então ouviu o choro baixo de seu irmão, enquanto via uma viatura policial passar direto pelo carro roubado.

Então Neil apenas murmurou baixinho enquanto balançava seu irmão de levinho em seu colo.

- Sunny, Sunny, o que foi? - Neil perguntou passando os dedos pelo cabelo do mais novo com cuidado.

- Eu tô cansado... - Ele murmurou entre soluços, enquanto se encolhia mais. - Eu não quero mais fugir...eu não quero que você morra que nem a Mar-mãe - Ele quase a chamara de mãe, mas impediu a si mesmo, relembrando a resistência de Mary em ser mãe do pequeno, ser recorrente. - eu não quero mais fazer isso.

Neil sentiu seu coração afundar, enquanto o choro de seu irmão se tornava ensurdecedor e, mesmo assim, tão silencioso, como se fosse mestre em mantê-lo dessa forma, quieto. O que fez o coração de Neil quase explodir em raiva, seu irmão não conseguia chorar, ele estava cansado, com medo, e ainda assim não seria capaz de chorar livremente, como uma criança normal. E Neil não poderia o julgar por isso, era culpa dele e de sua mãe.

Príncipio das RaposasOnde histórias criam vida. Descubra agora