Capítulo 11 - Nemo, o nada

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"O essencial é invisível aos olhos,
só se vê bem com o coração."

Cinco semanas se passaram desde que as Raposas tinham aparecido em Millport para recrutar Neil.

Uma semana que as provas finais tinham acabado. Tanto Ronnie quanto Neil, foram convenientemente aprovados na média. Fizeram o possível para não se destacarem em nenhuma das avaliações e assim aconteceu.

E havia uma semana que Neil tentava alinhar todos os documentos necessários para os irmãos.

Falsos históricos, falsos documentos de tutela, falsas identidades.

Ele se perguntou se seria necessário pedir documentos extras.

Ele preparou a documentação bem o bastante para que mesmo que em dado momento o conselho tutelar os visse, ainda assim, os irmãos passariam despercebidos, algo que Neil duvidava ser verdadeiramente confiável no início.

Neil ainda sentia seu coração pular só com a ideia de avaliarem seus documentos, e isso fazia com que sua mente martelasse dia e noite, se culpando por ceder, por aceitar ir para Palmetto.

— Neil! — Ronnie sacode o irmão, que até agora, ainda estava absorto em pensamentos.

— Oi!? — Ele responde ao menor, ainda muito fora de órbita.

— Você tá parado olhando pro nada já tem um tempão, fiquei preocupado. — Ronnie fez careta para o mais velho, e Neil agradeceu por tê-lo por perto.

— Era só isso, capetinha?

— Não, será que a gente pode comer pêra hoje? — Ele pediu ao seu irmão mais velho.

Normalmente uma criança pediria doces de verdade, preferiria chocolate, sorvete, macarrão, carnes de primeira.

Mas por nunca terem tido acesso a qualquer uma dessas coisas, ou mesmo Neil nunca ter se importado com doces, em geral, era natural para eles.

Eles não sentiam vontade de tomar suco, refrigerantes e energéticos.

Bebida alcoólica era terminantemente proibida, a não ser que fosse para higienizar agulhas e bisturís, para darem pontos em feridas graves, coisa que Neil já teve uma par de vezes, enquanto Ronnie, apenas uma.

E aquilo tudo era necessário, é sobre ambos comerem por baixos custos, comerem qualquer coisa, e principalmente comidas saudáveis que os ajudariam a se recuperar em um instante, que serviriam de energia para suas fugas repentinas e momentos em que o dinheiro reservado seria difícil de os manter até a próxima troca de identidades.

— Sim, podemos, Sunny. — Neil respondeu após ponderar um pouco. — Você quer pêras para comer no dia da viagem também? — Neil questionou com cuidado.

— Não precisa, eu sei que é caro. — Ronnie recusou docemente.

— Ok, vou comprar pêras para você hoje — Neil assentiu com cuidado.

Aquele dia passara voando novamente para ambos, Neil quase arrancava suas unhas fora, de ansiedade para a ida à Palmetto, enquanto Ronnie alimentava sua paixão platônica pelos gêmeos Minyard.

Neil se perguntou se fora boa ideia ter os apresentado em algum momento para seu irmão.

Chegou a conclusão que não, e se culpou por isso por poucos segundos.

— Loki, você acha que posso levar minha mochila assim? — Ronnie o chamou, tirando-o totalmente de seus pensamentos.

E Neil se perguntou por quanto tempo esteve distraído e até que ponto sua distração chegara, pois o que Sunny tinha feito com sua mochila era de arrepiar a nuca do pobre Neil.

Príncipio das RaposasOnde histórias criam vida. Descubra agora