Capítulo I

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Coisas Caras

Gerard gostava de coisas caras. Caras como a gargantilha preta que rodeava o pescoço, os anéis finos que adornavam os dedos ou o dono da mão que lhe apertava a coxa debaixo da mesa enquanto tratava de negócios que o deixavam entediado.

Quem olhasse para o ômega de cabelos vermelhos ao lado de Frank Iero poderia facilmente dizer que eram um casal adorável. Vez ou outra o moreno interrompia o que dizia para lhe beijar o canto da boca, fazia questão de puxar a cadeira para que se sentasse, tal qual um perfeito cavalheiro ou, como agora, estendia um morango da sobremesa em direção aos seus lábios.

O ômega sorriu, sedutoramente partindo um pedaço da fruta madura e deliciosa entre os dentes branquinhos e alinhados. Sabia o quão bonito era e por isso havia chegado onde chegou.

A verdade é que era uma puta. Não, não interprete mal. Não era do modo pejorativo... apenas o era. Estava ali porque era bem pago para estar. Embora, fosse a puta exclusiva do alfa moreno e alguns poucos centímetros mais alto do que ele.

Tinha começado no ramo bem cedo, assim que se tornou maior de idade. Era um exibicionista nato, diria. Gostava muito de se mostrar e assim começou a vender suas fotos na internet. A princípio, era sobre isso, não tinha nenhum contato direto com os clientes, mas havia um em específico que gostava muito de depositar quantias generosas de dinheiro em sua conta bancária para ter acesso a conteúdos exclusivos.

O cliente em questão era Frank Iero, um dos empresários mais influentes de New Jersey. Não podia negar que se sentia o máximo por chamar a atenção de um cara que poderia ter simplesmente qualquer um aos seus pés, mas não era deslumbrado para achar que as coisas entre eles iam além de negócios. E então as coisas em questão acabaram saindo um pouco do controle.

Talvez, apenas talvez, um dia tenha se deparado com a entrega de um celular novo. Um presente. Não que precisasse, afinal, fazia um bom dinheiro vendendo seus packs na internet, mas logo ao ligar o aparelho entendeu do que se tratava. Havia feito charme, recusado passar o número pessoal para o empresário apenas para vê-lo implorar, mas o alfa foi mais esperto. O presente, na verdade, era apenas uma forma de manterem contato.

Gostava da atenção que recebia. Sentia-se adorável por prender a daquele alfa mesmo que nunca tivessem se visto pessoalmente e, com o passar do tempo, começaram a conversar casualmente por mensagens, mas nunca tinham passado disso.

Tudo mudou em uma noite onde Gerard havia acabado de chegar da faculdade, exausto. Tinha terminado de tomar um banho quente e estava pronto para se deitar quando o telefone tocou. Era Frank.

Nunca tinha ouvido a voz dele, mas deixou que o celular chamasse até cair na caixa postal, sustentando um sorriso convencido nos lábios. Se ele o quisesse, ligaria de novo. Por um breve momento, teve a confiança quase abalada enquanto encarava o display que se apagava. Durou pouco, logo em seguida tornando a tocar, mas esperou três toques antes de se deitar de bruços na cama macia para atender a ligação.

A voz rouca e sexy o pegou desprevenido; sabia que ele era um gostoso, mesmo que nove anos mais velho que o ômega, mas a surpresa mesmo veio com o pedido. O alfa havia acabado de entrar no cio e o queria. Querer era uma palavra rasa, na verdade, o alfa havia dito entre os arfares pesados de quem se tocava que precisava do ômega.

Nunca havia presenciado o cio de um alfa, mas sabia que eles não eram a epítome do autocontrole. Ponderou muito antes de aceitar. Também nunca havia vendido o corpo para alguém, não daquela forma. A verdade é que algumas coisas nem eram pelo dinheiro, apesar de os olhos terem brilhado ao ouvir os números aumentando sempre que recusava as propostas cada vez mais exorbitantes daquele homem. Gerard Way o queria, de preferência, bem fundo dentro de si. E assim o teve.

Tastes like strawberries ||frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora