Capítulo 1

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๑ ⋆˚₊⋆────ʚCapítulo 1ɞ────⋆˚₊⋆ ๑
No início de um ciclo.

Eu sempre esperei ser amada, sempre soube que erros fazem parte da vida. Mas, depois de tantos, fui me fechando ao mundo, erguendo barreiras que nunca imaginei que precisaria.

Desde pequena, cresci ouvindo que meus pais eram "amáveis", que me adoravam profundamente... Pelo menos foi isso que meu padrasto me disse. Ainda assim, nunca consegui acreditar de verdade. Sinto que tudo isso é uma grande mentira. Eu não me lembro deles, nem de como era a minha vida antes de tudo...

Antes do acidente.

Eu tinha apenas quatro anos quando perdi a memória em um acidente de carro, o mesmo que tirou meus pais de mim. Desde então, não sei quem eu fui, e muito menos quem sou agora. Tudo o que sei veio das palavras do meu padrasto. Nem mesmo o rosto da minha mãe eu consigo recordar, apenas alguns fragmentos vagos, quase irreais.

Depois daquele acidente, minha mente se tornou um vazio profundo. A sensação de não saber quem você é — ou quem foi — é aterrorizante, e é ainda pior quando você é só uma criança, assustada e perdida, sem respostas.

É como se uma parte de mim tivesse sido apagada para sempre. Não restam memórias dos meus pais, nem de quem eu era. Isso deixou marcas profundas em mim, a ponto de eu quase enlouquecer. Mas, de alguma forma, fui obrigada a seguir em frente.

Embora eu não tenha lembranças deles, eu tinha meu padrasto. Ele era a única pessoa que me restava, desde o dia em que acordei no hospital. Não sei exatamente há quanto tempo ele faz parte da minha vida, mas ele sempre foi o único que sabia quem eu era.

Muitas vezes, eu o perguntei sobre mim, sobre o que aconteceu, mas ele evitava responder. Sempre que eu mencionava meus pais, ele se limitava a dizer: "Sua mãe está cuidando de você de outro lugar, pequena". Eu era nova demais para entender. Foi só mais tarde que descobri a verdade: meu verdadeiro pai matou minha mãe.

O motivo? Ele queria reconquistar minha mãe, mas ela já amava meu padrasto, então, num ato de desespero, ele a matou e fugiu. Eu fiquei sem mãe, mas não completamente sozinha. Meu padrasto, que nunca pôde ter filhos, me criou como se eu fosse sua filha. E, com o tempo, passei a vê-lo como mais pai do que aquele homem que mal consigo lembrar.

Com o passar dos anos, o comportamento do meu padrasto mudou um pouco. Apesar disso, ele sempre esteve ao meu lado, me ajudando a lidar com a confusão na minha cabeça. Mesmo com todo o caos na minha mente, ele tentou ser o melhor pai possível para mim.

E foi assim que eu reaprendi o que é ter um pai, mesmo que, no fundo, eu soubesse que as cicatrizes do passado ainda me assombravam.

***

—  Cecília, Cecília, por favor, escute por favor! ‐ Ela diz isso com uma voz trêmula e apavorada

— Por favor meu amor, acorde. - Essa voz some aos poucos.

Essa voz é tão doce e melancólica. Sinto como se eu pudesse sentir tudo que essa mulher está sentindo nesse momento, é como se ela estivesse em um desespero profundo e quanto mais ela pede pra mim acordar mas sem ar eu fico.

É uma sensação que depois da tempestade se tornar um mar calmo, uma voz feminina tão doce, parece familiar ao mesmo tempo.

E daí, eu acordo.

— Cecília?

— Filha?

— Papai? - Minha visão está meio turva ainda por ter acordado agora.

— Ainda bem que você está bem querida. - Ele parece tão aliviado.

— O que aconteceu pai? - Pergunto ainda um pouco confusa

— Bem, eu cheguei meio tarde ontem e - Acabou interrompendo ele

— Papai, você estava trabalhando tarde de novo? - Recupero toda a minha consciência só para dar uma bronca nele

— Desculpa querida, foi uma reunião muito importante. - Ele diz isso meio sem jeito.

Meu padrasto ou melhor, meu pai, é extremamente ocupado com trabalho. Sempre viaja por meses e depois volta, ele teve que adquirir esse trabalho pois,
Acabamos tendo muitas dívidas por causa dos jogos de aposta dele.

Na época que a minha mãe morreu, ele se afundo em risteza e solidão, isso resultou em um vício insersante sobre jogos de aposta, sei que ele só fez isso para preencher o vazio em seu coração após a morte da minha mãe.

— Mas isso não é importante agora, quando cheguei você estava ardendo em febre e murmurando palavras de ajuda, fiquei preocupado então corri com você para um hospital próximo. - Ele explica isso de forma bem preocupada.

— Eu fiquei tão assustado, não importava o quanto o médico tentava te reanimar, você não acordava e continuava murmurando pedidos de ajuda. - Ele parecia tão cansado

— Nós estamos em um hospital? - Eu não tinha reparado nisso.

— Sim, eram 2h da manhã e vim correndo com você nos meus braços.

— Oh meu Deus papai..

— Mas depois de umas horas o seu coração começou a se acalmar. Os médicos ainda não têm certeza do que aconteceu, mas parece que você teve outro ataque do coração.

— Por favor me fale o que aconteceu minha filha, você se emocionou demais com algo ou foi estresse?

— Na verdade nem eu sei, só sei que ontem eu fui dormir tranquilamente mas..

— Eu tive aquele mesmo sonho, papai. - Eu falo isso enquanto coloco a mão no meu peito.

- Eu pensei que esse sonho já tinha ido embora, você disse que já tinha esquecido ele, filha. - Ele segura a minha mão preocupado

- Eu não sei o que deu em mim, papai. - Rio sem jeito.

- Por favor não se exalte muito filha, pode afetar o seu marca-passo.

- Eu sei disso papai, estou tomando todo cuidado possível por causa disso. - Dou uma leve risada para aliviar o clima.

- Papai.

- Você acha que algum dia aquele homem vai voltar?

Fica um silêncio assustador na sala depois que eu menciono aquele homem, meu pai sempre fica apreensivo quando menciono aquele homem.

- Não se preocupe filha, enquanto eu estiver aqui, ninguém vai te fazer mal. Você pode não ser minha filha de verdade, mas eu tenho a missão de te manter a salvo pelo nome da sua mãe. - Ele fala essas palavras com confiança.

- Obrigada papai, se não fosse por você, eu acho que nem conseguiria completar 21 anos. - lágrimas desabam dos meus olhos.

- Ei, ei pequena, nada de chorar!

- O médico disse pra você não se exaltar muito!!

- Sim papai, eu sei do marca-passo. - Começo a sorrir de um jeito caloroso enquanto o papai fica todo desajeitado tentando me consolar.

Bem, porque eu tenho um marca-passo?

Desde pequena eu sou alguém extremamente frágil. Minha vinda a esse mundo foi complicada e isso me trouxe sequelas irreversíveis que me afetam até hoje.

Desde que acordei naquele hospital à anos atrás eu já estava com isso no meu peito. Meu padrasto e o médico disseram que eu poderia morrer sem isso em mim, sou tão fraca que nem ao menos consigo fazer o meu coração bater…

Isso é algo tão frustrante para mim que me faz ter raiva por depender de todos à minha volta.

! Atenção !
Esse é um
recadinho para quem já leu
essa obra!! Bem, eu decidi reescreve
a obra e por causa disso pode haver algumas alterações significativas!!
- Ass: Hellen

๑ ⋆˚₊⋆────ʚContinuaɞ────⋆˚₊⋆ ๑

Se Você ainda tem Humanidade, Devolva Minha LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora