Capítulo 37

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Capítulo 37 - O declínio de Cecília.

A minha consciência diz que eu fiz algo errado, as batidas aceleradas do meu coração só confirmam o que eu estou sentindo no momento, mas minha consciência diz que fiz o certo.

Estou completamente perdida pois cada parte do meu corpo diz algo diferente e isso faz a minha cabeça doer. Sinto um enorme peso sobre meus ombros, parece que essa angústia nunca terá fim. Até que ponto a minha estupidez irá me envergonhar?

Tais pensamentos me tomam enquanto o ônibus está vazio, nem mesmo o silêncio me traz paz, o quão azarada eu sou?

Quando dou por mim acabo entrando no meu mundo de sonhos, onde as minhas memórias e sonhos aparecem para me atormentar.

Esse mundo onde eu vou parar quando durmo é completamente vazio, seria igual um quarto branco e não tem um fim. Tenho sonhado com esse lugar desde o meu acidente, aqui eu vago sozinha sem rumo até que a minha consciência me dê algo para ver.

- Você está perdida? - Ele me olha preocupado.

- O que uma moça tão bonita está fazendo num mundo tão branco?

Esse menino, eu já o vi algumas vezes em meus sonhos, mas agora consigo ver o rosto dele e sua aparência de forma clara. Seus cabelos são marrom e seus olhos são verdes de forma neutra, seu olhar transmite a inocência que as crianças possuem.

- A pergunta certa seria: O que uma criança está fazendo nesse lugar. - O pego e o coloco no meu colo.

- Eu estou brincando com a Cecília! - Ele diz alegre.

- Cecília?

- Sim, ela é minha amiga!

- Onde ela está? - Pergunto de forma curiosa

- É isso que estou tentando adivinhar. - Ele diz determinado.

- Estamos brincando de esconde-esconde.

- Você poderia me ajudar?

- Claro. - Digo com um sorriso.

- Mas vai ser difícil, estou procurando a tanto tempo. - Ele parece triste.

- Ela está ali! - Ele aponta para uma porta.

- Cecília! - Ele pula do meu colo e corre em direção a porta.

- Onde ele a viu?

- Eu só vejo uma porta.

Por algum motivo, quando vejo essa porta dentro me dá calafrios, não compreendo e sinto algo em mim que se nega a abrir aquela porta.

Mas mesmo estando com medo, sigo em frente e tomo coragem para abrir aquela porta, mas assim que abri aquela porta um medo descontrolado me toma a ponto de me fazer ficar de joelhos.

- Tia!

- Eu achei a Cecília! - Ele diz com um sorriso assustador.

- Ela está um pouco suja e meio "desgastada", mas logo irei consertar ela. - Ele me olha fixamente.

O que está acontecendo?

Por que há tanto sangue espalhando por esse cômodo?

E essa garota machucada que ele está segurando sou eu...o que essa garota pretende fazer?

- Tia?

- Que decepcionante. - Ele me olha com desprezo.

- Você está desgastada de novo, Cecília.

- Quando você irá continuar sendo tão imperfeita?

- Você está sangrando de novo e de novo, isso é nojento.

Se Você ainda tem Humanidade, Devolva Minha LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora