Capítulo 11

11 3 0
                                    

๑ ⋆˚₊⋆────ʚCapítulo 11ɞ────⋆˚₊⋆ ๑
Você aguenta ou eu aguento?

Minhas emoções estão à flor da pele, e não consigo disfarçar. A adrenalina ainda percorre meu corpo como um rio descontrolado, lembrando-me do que acabou de acontecer.

- Cecília, você está bem? - Madalena pergunta, a preocupação estampada em seus olhos.

- Estou sim, Madalena. Não se preocupe - tento tranquilizá-la, mesmo sabendo que minha própria calma é uma farsa.

Mas meus olhos descem para minha saia rasgada, e a realidade me atinge de novo.

- Bom... não posso dizer o mesmo do meu uniforme - murmuro, tentando não soar tão abatida.

A cena ainda se desenrola na minha mente. Ele avançou para cima de mim, e antes que eu pudesse reagir, o som do tecido se rasgando ecoou pelo corredor. Como ele conseguiu fazer isso? Tudo aconteceu tão rápido.

- Você tem uma saia reserva, certo? - Madalena me pergunta com uma ponta de esperança.

- Não. Naquele dia, consegui só o uniforme principal, os estoques estavam baixos.

- Aiaiai, Cecília. - Ela suspira, claramente tão frustrada quanto eu.

- Isso é terrível. A empresa está com os uniformes esgotados.

- Não era para ter uma nova remessa? - pergunto, confusa.

- Sim, mas tivemos problemas com o investidor. Por um erro de cálculo, acabou tendo a nossa remessa diminuída. Agora, estamos com poucos e principalmente com tamanhos pequenos - Sua voz é um misto de desapontamento e cansaço.

Minha mente começa a correr. Como vou trabalhar com essa saia ridiculamente rasgada?

- E agora? O que eu faço? - Sinto o pânico começar a crescer dentro de mim.

- Olha, Cecília, eu tenho uma solução, mas não sei se você vai gostar.

- Qualquer coisa serve, desde que eu possa continuar meu trabalho.

Ela se dirige a um armário grande e, após alguns minutos de busca, volta segurando... uma saia. Mas não qualquer saia. Uma minúscula.

- Você vai ter que usar um tamanho menor - diz ela, hesitante.

- O quê?! Um tamanho menor?! - Minha voz sobe uma oitava.

- Sim... é a única opção por enquanto. Amanhã, posso te emprestar uma muda do meu próprio uniforme. Acho que temos o mesmo tamanho.

Olho para a saia como se ela fosse um inimigo declarado. Eu odeio roupas pequenas. São apertadas, desconfortáveis, e... mostram demais. Mas o que posso fazer?

- Ok, vou usar... - cedo, relutante.

- Ótimo! - responde ela, com um sorriso que tenta ser encorajador.

***

Meia hora depois, estou andando pelos corredores, sentindo cada centímetro da saia curta e desconfortável. Ela é tão justa que mal consigo dar um passo sem sentir que estou à beira de um colapso nervoso.

Por que tenho que passar por essa humilhação só para trabalhar? Sinto que mereço um aumento só por sobreviver a isso.

Cada passo que dou parece amplificar o desconforto. A saia sobe um pouco mais a cada movimento, e estou constantemente tentando puxá-la para baixo, sem sucesso.

"Calma, Cecília... é só por um dia. Amanhã tudo volta ao normal", repito para mim mesma, como um mantra desesperado.

Ao chegar ao meu setor, sinto um frio na espinha quando vejo Callisto parado em frente a sua sala enquanto vários homens estão do lado dele. O olhar dos meus colegas me faz querer desaparecer. Suspiros disfarçados e sorrisos mal contidos me cercam. Mas nada é pior do que Ele me encarando com aquela intensidade calculada, os olhos varrendo cada detalhe, e eu posso jurar que o canto de sua boca se contrai em um sorriso quase imperceptível.

Se Você ainda tem Humanidade, Devolva Minha LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora