Capítulo 29

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Capítulo 29 - Estamos Conectados

**Callisto**

O que eu faço com essa mulher?

Parece que estou me apaixonando por ela de novo, eu não posso, ela não deve lembrar de mim.

Eu não posso interferir na vida dela, não quero que ela se force a se lembrar das coisas do passado.

Eu me lembro vividamente da vez em que ela quase morreu por causa do seu coração, depois disso eu não pude ver ela. Mas agora ela está na minha frente, tento não pensar demais mas é impossível, quando ela me olha eu simplesmente me desmonto.

Preciso fazer ela se demitir o mais rápido possível, se ela permanecer aqui tenho certeza que eu não irei me segurar, ela não pertence a mim, eu não posso cobiçar alvo que não é meu.

Isso me deixa tão confuso porque quanto mais tento afastá-la ela permanece ao meu lado, sei que é de forma "profissional" mas ter ela do meu lado o dia inteiro me deixa sem ação.

É isso, eu preciso fazer algo. Posso começar mudando ela de sala! Ela não precisa ficar dentro da minha sala, posso pedir pra Madalena.

- Madalena! - Ela me olha surpresa.

- Você não muda em, parece o mesmo menininho travesso. - Ela sorri enquanto me deixa constrangido.

- Eu tive uma ideia.

- Qual seria?

- Quero que você prepare uma das salas desse andar para ser o escritório da Cecília.

- Por que? - Ela me pergunta confusa.

Que desculpa eu invento?

Eu não posso simplesmente falar que não consigo me concentrar tendo a Cecília no mesmo local de trabalho que o meu.

- Eu prefiro trabalhar sozinho. - Viro o meu rosto para o lado.

- Ou você não consegue se concentrar tendo ela por perto. - Ela sorri.

- Como você...

- Sei que você ainda gosta dela.

- Afinal, eu te conheço bem.

- Conta pra sua madrinha o que tá acontecendo. - Ela acaricia o meu cabelo.

- Eu não sei, eu só me sinto estranho tendo ela por perto.

- Igual quando eram pequenos?

- Lembro até hoje que ela vivia correndo atrás de você, mesmo que você não gostasse.

- Era fofo ver aquela garotinha que parecia um coelhinho atrás de você.

- Vocês eram tão lindinhos quando pequenos, acho que tenho uma foto até hoje.

- Se não me engano foi naquele dia em que ela beijou a sua bochecha. - Ela me olha rindo enquanto me deixa constrangido.

- Não precisa lembrar disso. - Tento esconder a minha cara que está cheia de vergonha.

- Bem, eu já vou indo. - Ela se levanta

- Sobre a mudança que você falou, irei deixar tudo preparado.

- Mas.

- Eu acho que você deveria se aproximar dela novamente. - Ela sai em direção a porta.

- Só vivemos uma vez, e essa vida deve ser sem arrependimentos. - Ela sai.

- Viver sem arrependimentos.

Eu nunca ao menos fui digno de ter arrependimentos. Desde cedo, fui forçado a me adaptar a uma vida de desafios e adversidades, onde cada escolha moldava meu destino de forma implacável.

Cresci em um ambiente onde a única coisa constante era a incerteza, onde a sobrevivência exigia que eu aprendesse a ser astuto, a não confiar em ninguém além de mim mesmo.

Hoje, aqui estou, um produto das circunstâncias que me cercaram. Não posso mudar o passado, nem posso reescrever os capítulos sombrios que compõem minha história. Cecília, doce Cecília, é melhor que ela não se lembre de mim. Ela merece um futuro sem fim, ou ela vai acabar se machucando de novo por minha culpa.

Por mais que às vezes me veja tentado a buscar redenção, a buscar um caminho para reparar os erros que cometi, sei que é uma ilusão. Não há redenção para alguém como eu. O passado deve permanecer enterrado, trancado em um cofre de memórias que nunca mais serão revividas.

Mas mesmo assim, há momentos em que as lembranças ressurgem, como fantasmas do passado que me assombram nas horas mais silenciosas da noite. Sinto o peso dos meus pecados, o fardo das escolhas erradas que fiz. E mesmo que tente me convencer de que não há espaço para arrependimentos, uma parte de mim ainda se debate com a culpa e a angústia.

No entanto, A cada novo amanhecer, sou confrontado com a realidade de que não posso mudar o que passou, apenas posso escolher como seguir em frente. E assim, ergo-me do abismo do meu passado, com a determinação de encontrar um lugar neste mundo onde minhas sombras não possam me alcançar.

Então, avanço, um passo de cada vez, rumo a um futuro incerto, mas cheio de possibilidades. Cecília pode não lembrar de mim, mas eu jamais a esquecerei. Ela será sempre a luz que brilha em meio à escuridão, a lembrança de um tempo em que a esperança ainda era possível.

E enquanto eu caminhar nesta estrada solitária, levarei seu sorriso comigo, como uma promessa de que, mesmo nos momentos mais sombrios, há sempre uma razão para continuar seguindo em frente.

Eu não terei nada a mais com ela do que o profissional, não posso me aproximar dela ou ela estará em sérios problemas, não vou perder ela de novo.

- *** eu tenho certeza de que você vai me ver brilhar!

Sim Cecília, eu vou te ver brilhar um dia e farei com que ninguém apague uma estrela tão brilhante como você.

**Cecília**

- Mas clarice, realmente precisa disso tudo?

- Claro que precisa!

- Eu acho que você está exagerando, como vai cuidar dessas plantas todas?

- Não são simplesmente plantas!

- São os meus ingredientes frescos, meus doces só ficam bons quando eu uso ingredientes frescos.

- Então esse é o seu segredo. - Olho para clarice com um olhar audacioso.

- Não conte pra ninguém em!

- Pode deixar comigo! - Ele sorrio pra ela

- Você teve notícias do seu pai? - Clarice se levanta

- Não, nenhuma parece que dessa vez ele está em uma viagem bem longa.

- Ele só visualiza as minhas mensagens e nunca respondi, tentar ligar pra ele é algo inútil.

- Me sinto mal porque ainda estamos brigados.

- Logo ele volta e vocês se acertam, não precisa ficar ansiosa demais. - Ela dá um tapinha no meu ombro.

- Eu realmente espero que seja isso.

- Aqui, experimenta um dos meus morangos. - Clarice está com uma cesta cheia de morangos.

- A sua casa realmente é interessante, além de ser uma padaria ainda tem uma estufa para cultivar frutas.

- Meu sonho sempre foi ter esse tipo de casa, eu realmente amo morar aqui e não trocaria essa casinha modesta por nenhuma mansão.

- Eu também desejo uma casa assim, só que fora da cidade, em um campo cheio de árvores sem fim.

- Adoraria passar os meus últimos dias envelhecendo numa casa modesta, também era um dos desejos da minha mãe.

- Quem sabe um dia a sorte te reserve isso. - Clarice sorri.

É quem sabe um dia a sorte me reserve isso.

Se Você ainda tem Humanidade, Devolva Minha LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora