Parque

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Harry se encolheu debaixo do telhado do castelinho do parquinho, a chuva que caía era intensa e gelada, o garoto estava encharcado e morrendo de frio, mas qualquer coisa era melhor que voltar para casa. Harry odiava tanto sua família.

O garoto chorava baixinho agarrado aos joelhos, rezando para morrer de uma vez, quando vê não muito longe dali, o senhor Rozier, era o seu professor da escola primária que sempre demorava demais as mãos na cintura dos meninos e meninas mais novos. Mas havia algo estranho, o homem parecia aterrorizado, correndo pela rua e tropeçando nos próprios pés, olhando para trás como se tivesse alguém, ou algo, o perseguindo.

O menino apertou os olhos para ver melhor e percebeu que sim, realmente havia algo perseguindo o homem, era uma figura alta e esguia, com a pele extremamente branca. A "coisa" era rápida e se movimentava de forma desgovernada. O homem tropeça e cai no chão molhado, e a figura sobe em cima do homem.

Harry começa a ofegar assustado, não conseguia ver direito, mas o pouco que era visível, era possível ver a figura com os dentes cravados no pescoço do professor. O menino fechou os olhos com força achando que tudo aquilo era apenas uma alucinação pela falta de sono. Mas quando abriu tudo ainda estava ali, porém agora a criatura estava em pé encarando diretamente o garoto, ao lado do corpo sem vida do homem.

A criatura começou a andar até o menino e uma onda de medo atravessou o corpo de Harry cada vez que o homem branco se aproximava mais dele.

"Quem ousou presenciar minha alimentação?" A criatura falou e sua voz era estranha, soava como dezenas de vozes sobrepostas retumbando. Os pelos de seus braços e da nuca do menino se arrepiaram.

Harry se encolheu mas ainda, ficando em silêncio, lágrimas caindo de seus olhos. Ele iria morrer? A criatura iria fazer com ele o que havia feito com o professor?

"O-olá" ele disse humildemente, a voz saindo fina.

O mundo inteiro ficou em silêncio por um momento, nem mesmo o som estrondoso da tempestade poderia ser ouvido, então Harry ouviu um leve farfalhar. Algo roçou sua bochecha e ele se esquivou.

"Uma criança?" a coisa murmurou, a voz ficando mais suave. Não havia toneladas de vozes se sobrepondo agora. Foi apenas um. "Me diga, pequeno, o que você está fazendo aqui sozinho, com essa chuva?"

O menino e contorce com medo, desviando o olhar várias vezes.

"Está tudo bem. Você viu o que eu fiz com aquele homem?"

O menino concordou com a cabeça, com muito medo. Com certeza a criatura iria estraçalhar ele completamente, ele não sabia se agradecia ou implorava por misericórdia.

"Eu não tenho dinheiro..." O menino diz trêmulo.

"Eu não preciso de dinheiro, criança tola." A criatura dá uma risada suave.

Harry franziu a testa, ombros caídos. "Então o que?"

"Está tudo bem, criança. Você não fez nada de errado. Mas não posso deixar você ir sabendo que você viu aquilo" Harry sabia o que aquilo significava. "Mas também não posso matar uma criança"

A luz do poste piscou por um momento, mostrando-lhe melhor uma figura da criatura sombria com olhos vermelhos, vermelhos, antes de escurecer novamente. Harry pensou que os olhos da criatura seriam brancos. Talvez tenha parecido assim pois a praça estava muito escura.

"Então... o que você vai fazer?" O menino pergunta cada vez mais nervoso"

"Serei honesto com você", disse a criatura. "Eu me alimento da alma das pessoas. Mas..."ele parou por um momento, depois falou: "Você é jovem. Muito jovem. Sua alma provavelmente é insípida, eu não poderia devorar ela, é contra meus princípios" Que engraçado, uma criatura que havia acabado de matar um homem falando sobre princípios. "Terei que esperar você crescer até certo ponto, então devorarei sua alma"

Brilho das Almas PerdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora