Capítulo 5

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A volta para casa é cheia de indagações, principalmente sobre estar certa com relação a ter aceitado sair com um desconhecido, um homem mais velho, visivelmente mais experiente do que eu.

Mesmo com a intenção dele bem definida, eu sinto a densidade no ar, sua respiração entrecortada, seu controle emocional, mesmo que ele não ousou mais do que um toque em minha pele, quando brincávamos nas águas do mar.

Não sei se estou frustrada por isso, acho que esperava mais dele. Se me deseja do jeito que me olha, está se controlando em demasia. Não sei qual é o seu verdadeiro receio com relação ao que quer fazer comigo, sei que dei condições para ele o dia todo.

— Gostou do seu sábado? — ele me pergunta, talvez adivinhando que estou pensando sobre isso.

— Gostei, nem me lembrava de quando tive um sábado livre só para mim.

— O que faz normalmente aos sábados? — Pergunta sem me olhar, está prestando atenção no trânsito, mesmo porque, ele é de fora da cidade, não conhece bem a estrada.

— Para ser bem honesta, é muito difícil ter qualquer dia só para mim. Tem a barraca na estrada, a barraca de artesanato do meu irmão mais velho, a minha irmã que me pede ajuda escolar porque minha mãe não tem estudo e por aí vai.

— Então é por isso que você não tem namorado? Falta tempo? — Maneira sutil que achou para me perguntar sobre um possível relacionamento.

— Deve ser, nunca parei para pensar sobre isso. Sempre achei que era porque não tinha aparecido alguém interessante na minha vida. — Isso é real, nunca tive tempo de pensar em romantismo, minha vida sempre foi diferente das outras garotas da escola e eu achava que era por causa da minha condição, de ter que trabalhar, mais do que simplesmente viver a vida.

Assim que Luiz Miguel para o carro diante de casa, ele segura a minha mão, me obrigando a olhar para ele. Nessa hora eu já senti que estava perdida. Ele não me deixaria ir embora sem mostrar parte do seu poder de sedução, que deixou controlado até o seu limite.

Ele sobe a mão pelo meu braço, segura a minha nuca, fazendo um carinho sutil com os dedos em meu pescoço. Eu quero esse beijo desde sempre e avanço para a frente para os seus lábios tocarem os meus mais rápido.

O ar fica rarefeito. Sua língua invade minha boca e algo se agita dentro de mim. Borboletas, mariposas, um enxame inteiro. Seu gosto é bom, seu beijo é doce, seus lábios são potentes, faz todo o meu corpo queimar de excitação. Grudo minhas mãos em seus cabelos fartos e não quero que o beijo acabe nunca mais.

Ele me solta quando não temos mais ar para respirar. Apoio o corpo de volta ao banco, nem notei que estava quase no colo dele. Miguel também volta a posição original, tão impactado quanto eu. Foi um primeiro beijo inesquecível.

— O que acha de passarmos o fim de semana que vem em Lençóis Maranhenses? Assim você teria dois dias só para você. Podemos conhecer o lugar, dizem que é espetacular.

— Por que você não é explícito nas suas ações? — ele me olha um pouco assustado. Não esperava a minha exigência, mas eu não posso dar um passo sem saber exatamente aonde ele quer chegar.

— Entendi. Quer saber exatamente o que tem a mais no convite. Okay, serei sincero. Quero você, Dandara. Quero te levar para meu quarto, para minha cama, quero foder seu corpo gostoso até você gemer de prazer. Sua voz me enlouquece, seu cheiro mexe comigo como nenhuma mulher o fez. O que me segura é sua expectativa. Estou aqui de passagem, tenho pouco mais de quarenta dias em São Luís e não tenho nada a te oferecer, a não ser sexo. É sua primeira vez, talvez queira que isso aconteça por amor. —Olho para ele espantada.

DANDARA - UMA HISTÓRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora