Capítulo 4

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Depois do jantar, com o cartão enfiado no bolso do meu short, bato na porta da Cecília, minha amiga à bastante tempo, que mora cinco casas depois da minha.

- Minha irmã está no quarto. Vão fofocar, aposto. - O irmão dela abre a porta para mim.

- Por que você é tão intrometido, Moacir? não interessa o que vamos falar. - Entro no quarto dela e tranco a porta. Não quero ninguém ouvindo a nossa conversa.

- Fala logo, Dandara. Estou ficando louca de curiosidade. - Mostro o cartão para ela.

- Esse cara aí do cartão quer sair comigo amanhã, e eu não sei o que responder. - Eu não entendo muito de tecnologia, mas pesquisando na internet eu vi que é uma empresa que tem no Brasil todo. Pelo que entendi, ele é da diretoria, como está escrito no cartão. Não é um homem sem sobrenome. - Vi na internet que ele é dono da empresa.

- Que tipo de convite ele fez?

- Ele quer que eu mostre São Luís para ele, mas eu nunca passeei por aí à toa, como diversão. Nem sei onde é legal ir.

- Você está com medo? - sento-me em sua cama, tentando dar voz as minhas indagações.

- Não é medo, propriamente dito, é uma insegurança, porque o que um cara como esse, que está aqui provavelmente de passagem, quer com uma índia como eu? É óbvio que ele quer sexo, acha que somos mulheres fáceis.

- Você vive falando que quer conhecer o sexo, está dizendo que sabe o que ele quer de você, então está querendo me dizer que ele pode ser o escolhido?

- Ele é lindo, Ceci. Lindo mesmo, parece ator de novela. Não vou negar que ele me atrai. Me conta o que você sentiu quando transou a primeira vez. - Cecilia tem a mesma idade que eu, mas já ficou com alguns rapazes. Ela sempre foi mais atiradinha, menos reticente com a sua sexualidade. Nem tive tempo de pensar nisso, os estudos sempre foram o meu foco principal.

- A primeira vez não conta, amiga. Temos muitas preocupações e medos na cabeça para aproveitar esse momento. O que posso afirmar que sexo é muito bom, mesmo que não seja feito por amor. É por isso que eu não parei de fazer desde meu primeiro relacionamento, é muito bom sentir dois corpos se unindo por desejo. - Eu entendo quando ela fala sobre seus sentimentos, mas sou tão diferente dela, sempre achei que seria por amor a minha primeira vez. Nunca cogitei me entregar para um desconhecido, como um caso passageiro. Também nunca me senti atraída por alguém como me sinto atraída por ele.

- Você quer isso?

- Eu não sei, realmente não sei.

- Acho que você precisa viver o que ele está te oferecendo e deixar bem claro desde o começo que os seus desejos estão em primeiro lugar. Liga para ele.

- Agora? - minhas mãos tremem quando eu pego o celular e seguro o cartão.

- Tenta descobrir mais coisas, o que ele pretende.

- Tá, vou ligar.

- Eu vou buscar juçara para comermos depois. Assim você não fica com vergonha de mim. - Quando ela sai, digito o número dele. Toca três vezes e eu já estou desligando quando escuto sua voz.

Pronto.

- Miguel, é Dandara. - Busco respirar para o meu coração parar de bater acelerado.

Oi, Dandara. Esperava a sua ligação. - Merda, estou sorrindo. Ele estava pensando em mim.

- Então, estou te ligando para saber o que você quer fazer amanhã?

DANDARA - UMA HISTÓRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora