Capítulo 6

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Vejo o carro saindo depressa e volto para a barraca de cabeça baixa. Se eu tivesse dito a ele que já estava decidida a acompanhá-lo na viagem, nada disso teria acontecido. Ele ficou bravo porque está certo de que eu não vou aceitar o que ele me oferece.

Minha mãe sai de casa depois de meia hora e fechamos juntas a barraca.

— O que você tem, Dandara?

— Não tenho nada, mãe.

— Está assim por causa do moço. — Não gosto quando ela usa seus poderes de índia para ler a minha aura.

— Não sei o que eu faço.

— Faça o que te faz feliz, querida. Não devemos fugir do nosso destino.

— Ele não é o meu destino, mãe. É um forasteiro.

— Ninguém sabe o dia de amanhã.

Tarde da noite, sentada na varanda de casa, a voz da minha mãe ainda ecoa na minha mente. Luiz Miguel está no meu destino, ela sabe e eu também sei. Meu corpo vibra quando ele está perto, foi assim desde a primeira troca de olhares. Não posso fugir do meu destino, meus antepassados sempre me guiaram e me colocaram de frente com esse homem, com algum propósito que eu ainda não sei.

Apanho o celular e pergunto se posso ligar para ele agora. Se ele estiver dormindo, não haverá resposta e deixarei essa conversa para amanhã.

Menos de cinco minutos, meu telefone toca.

— Luiz?

Você me perdoa por hoje? Fui muito grosseiro com você.

— Não tenho o que perdoar. Ambos estamos confusos.

Eu não sou assim normalmente. Ou sou e não reparei. Acho que esse calor que faz aqui na sua terra aquece meus miolos.

— O calor daqui é sufocante mesmo. Tenho saudades quando podia nadar nua no lago, ser índia tem suas vantagens. — Uns segundos de silêncio se fazem e eu sei bem qual é a imagem que ele criou na cabeça. Dandara, fez isso de propósito.

Quer me derrubar, imaginado você nua, nadando nas águas quentes do lago?

— Gosto do tom da sua voz quando está... — Paro tentando achar a melhor palavra, mas ele é mais rápido do que eu.

Excitado? — Não tem outra palavra que resume tão bem esse momento que antecede o sexo.

— Está assim agora?

Impossível não me sentir assim com a linda imagem que minha mente criou.

— Precisamos conversar sobre o nosso final de semana.

Nosso? — ele indaga, ainda sem compreender muito bem o que eu disse.

— É, nosso...

Se eu te disser que estou com medo agora, você acredita? Não quero te magoar, Dandara.

— Não serei magoada, porque você está sendo muito honesto comigo. Eu tenho que escolher alguém e eu escolhi você, não tem do que ter medo. Na verdade, eu é que tenho que ter medo, afinal nunca estive com um homem antes e você não me parece um cara comum.

Vou cuidar de você enquanto estivermos juntos, eu prometo.

— Que horas você passa aqui no sábado?

Bem cedo, não quero perder tempo.

— Ah...Luiz, assim você me encabula.

Desculpe, Dandara. Estou ansioso para tomar seu corpo e marcar como meu.

DANDARA - UMA HISTÓRIAOnde histórias criam vida. Descubra agora