Capítulo 1

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Bruna

  Senhora Maria nos guia pela as ruas de Seattle, observo o lugar e acho que vou gostar de viver aqui, parece um lugar bem tranquilo. Chegamos em frente a uma pensão bem bonita, a senhora Maria vai na frente entrando na pensão e a sigo puxando a mão da Lia gentilmente, reparo no lugar e vejo que tem muitos homens sentados a mesa bebendo, fico meia apreensiva, está claro que a pensão é mais destinada a rapazes. Um homem muito bonito, forte e com cara fechada ao nos avistar levanta e vem até nós.

— Senhora Maria, o que a trás aqui? — Pergunta e reparo em seu rosto, ele continua sério sem esboçar uma reação.

— Senhor Theo, preciso que hospede em sua pensão essas duas meninas. — Aponta para mim e Lia, o homem ao qual agora sei o nome cruza os braços e desvia os olhos para nos encarando brevemente e em seguida olha para Maria.

— Sabe que minha pensão é destinada aos rapazes que vem trabalhar nas redondezas, não tem mulheres aqui na pensão.

— Sei meu filho, mas elas são novas na cidade, e como bem sabe a senhora Carmela já está lotada, só tem a sua pensão disponível e sei que você pode tomar de conta muito bem delas. —  Ele suspira e passa a mão no rosto ficando alguns segundos em silêncio parecendo pensar.

— Tudo bem, arranjarei um quarto para elas no andar de cima aonde não alugo para ninguém, assim não vai ter nenhum inconveniente com nenhum rapaz. — Ele se vira e começa a subir as escadas, Maria começa a seguir e entendo que é para nos seguirmos, olho para o lado enquanto vou passando perto da mesa e reparo que todos estavam nos observando, desvio os olhos sem graça. Assim que subimos as escadas tem uma porta ao qual ele abre e revela um corredor com cinco portas, ele abre uma e entra nela, os seguimos e observo que o quarto está bem arrumado, tem uma cama de casal e uma cômoda.

— Ficará aqui nesse quarto, neste andar a senhora não precisa se preocupar, apenas eu tenho acesso aqui e durmo no último quarto do corredor.— Aceno com a cabeça e entendo o porquê ele não aluga aqui no andar de cima, é mais como o espaço pessoal dele aonde ele mora.

— Vou indo minha filha, tenho que começar a preparar os pães para amanhã, se precisar de algo sabe onde me encontrar. — Mesmo acanhada vou até ela e a abraço.

— Obrigada pela a ajuda senhora Maria. — digo realmente grata, sem ela não sei para onde iria. Ela acena a mão como se dissesse que não foi nada e se retira.

— Não perguntei ainda, mas qual o valor do quarto?—  Pergunto olhando envergonhada para ele que estava me observando, quando ele fala o valor vejo que só terei dinheiro para dois meses, preciso arrumar um emprego urgente. Vou até a mala e retiro de lá a quantidade dos dois meses. — Quero deixar pago os dois meses. — lhe entrego o dinheiro.

— Tudo bem, quando estiverem prontas me avise para apresentar os outros moradores.

— Pode ser agora. — Ele acena e sai do quarto, pego a mão de Lia e saímos para fora, descemos as escadas e vejo os homens nos observando de novo, estou ficando envergonhada com isso, tem cerca de dez homens sentados a grande mesa.

— Senhores quero lhes dar um aviso, essas duas aqui... — ele espera eu falar nossos nomes. — Bruna e a Lia irão morar aqui conosco, exijo o máximo de respeito com elas, não quero nenhuma gracinha. — diz com a voz rouca e séria. Os outros rapazes concordam e Theo indica para nós sentarmos em outra mesa que tem para a cozinha, já que a outra que estão sentados está ocupados. — A comida de vocês já está incluso no aluguel. — Ele diz e estranho, não tenho experiência em pensões, mas sei que com comida é mais caro o aluguel, apenas aceno e sento a Lia na cadeira, Theo indica aonde estão os pratos e talheres e a comida.

— Peço desculpas pela a comida não está tão apetitosa, mas é porque sou eu que cozinho e não levo muito jeito para isso. — Diz um pouco sem graça, termino de colocar a comida para nos duas e me sento, coloco um pouco de comida na boca e sinto o gosto, não está ruim mas está faltando um pouco de tempero, claro que não vou falar isso para ele.

— Está boa. — Digo dando um sorriso e ele levanta a sobrancelha parecendo saber que estou mentindo.

— Mamãe terminei. — Lia diz empurrando de leve o prato, levanto e recolho os dois indo até a pia lavar.

— Se não for muito inconveniente, o senhor sabe de alguém que está contratando? Trabalho de tudo, sendo trabalho honesto, limpo, passo, cozinho. — digo envergonhada, mas preciso de um emprego e como ele parece conhecer muita gente as vezes pode me ajudar. Ele parece pensar um pouco e acena.

— Se concordar poderá trabalhar aqui para mim, como a senhorita já viu não sei muito cozinhar. — fico feliz, trabalhando aqui posso ficar de olho em Lia e trabalhar ao mesmo tempo.

— Sério? Eu quero sim, poderei cozinhar, limpar, passar e descontamos no aluguel. — Ele fala o valor que vai me pagar, e além do dinheiro da de descontar o aluguel ainda vai sobrar um pouco.
Olho as horas no relógio que tem na parede e vejo que são 18:00 horas. Olho para a sala de jantar e reparo que os rapazes já terminaram e não estão mais na mesa.

— Amor, fique sentada aqui quietinha que irei lavar as louças tudo bem? — Falo para ela o que vou fazer, Lia não me dá trabalho de jeito nenhum, é muito quieta e calada, sinto que por causa da convivência com nosso pai a deixou retraída. Pego as louças e começo a lava-las, enquanto vou lavando Theo limpa a mesa, assim que termino pego a vassoura e dou uma varrida na cozinha e sala de jantar, reparo que os quartos dos outros moradores são no andar de baixo perto da sala de jantar. Deixo tudo arrumado, e pego a mão de Lia.

— Já vamos subir. — o informo pois sei que ele também mora lá em cima. Ele estende uma chave na minha direção.

— Esta aqui é a chave da porta para ter acesso ao andar de cima. — o agradeço e saímos da cozinha, subo as escadas com Lia e destranco a porta seguindo para nosso quarto. Separo uma camisola para mim e outra para Lia e nos trocamos, me deito na cama e logo ela também vem se deitar.

— Boa noite querida. — digo dando um beijo na sua cabeça e ela sorri sonolenta.

— Boa noite. — acabo dormindo rápido por estar muito cansada, e pela a primeira vez em muito tempo posso dormir tranquila sem ficar com medo de apanhar.

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A história se passa mais ou menos em 1970, pode acontecer de ter alguma coisa meia fora de lógica pela a época, mas pesso que relevem.

Bruna Evans: 20 anos

Theo Smith: 32 anos

Lia Evans: 6 anos

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