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Eu e Jay estudávamos na mesma faculdade de Engenharia da computação, e em todos os dias de aula, ele sempre arrumava motivos para falar mal dos "Viados"
Era aquele cara metido a classe alta, porém era classe média baixa, no máximo. A única coisa que tinha em sua vantagem era a beleza, por mais que me doa admitir.

Jongseong era alto, marrento, levemente bronzeado. Quando sorria, chamava a atenção até dos homens. Gostava muito de ir à praia, então tinha a pele bronzeada, um tom dourado que não só o fazia parecer diferente, mas muito charmoso.

Nossa relação não é das boas. Mal trocamos palavras e sempre ele começava as piadas ofensivas, eu me fechava para ele, escutando músicas ou estudando. Não tinha me assumido ainda, então era sempre difícil e conflitante. Algumas vezes discutimos, mesmo quando eu temia que defender os gays iria automaticamente me tirar do armário. Mas todo mundo acreditava na minha heterossexualidade.

- Você é o tipo de cara que só aceita da ciência o que quer - Eu falei para ele depois de um argumento frustrante sobre transexuais. - Jay disforia de gênero é algo provado sim, algumas pessoas são idiotas, e também trans. Mas isso é verdade também para essa classe. Você estuda aqui e é idiota. Não quer dizer que todos nós também somos.

Felizmente a maioria concordou comigo. Meus colegas sorriram para mim, enquanto Jay ficava na sua rodinha com a namorada e seus dois amigos,infelizmente, o professor de cálculo chegou na hora e me repreendeu por começar a discutir em sala de aula. Então decidiu o professor que Jay e eu devíamos ser uma dupla para uma apresentação de projeto. Cometi o erro de reclamar.

- Quer vir aqui ser professor, Yang Jungwon?

- Não, senhor.

- Jongseong?

- Eu tô de boa com a escolha da minha dupla professor - Respondeu o homofóbico e transfóbico. Eu me virei para ele, e o sorriso debochado revirou minhas entranhas de raiva.

Fiquei calado, e já estava planejando tirar zero naquele projeto, quando, no final da aula, ele se aproximou de mim, sorriso no rosto, sozinho e me surpreendi quando ele apanhou do chão minha caneta que eu nem vi quando deixei cair.

- Eu vou pra biblioteca agora, mas se não quiser ficar perto de mim,tudo bem.

Ele caminhou para fora da sala, e, ainda com raiva, eu o segui. No caminho para a biblioteca, ele se virou para mim.

- Você é doido. Quase engoliu o professor Jungwon. Mas depois de você me chamar de idiota, eu não pude responder. Eu nunca neguei a legitimidade dos travestis.

- Transexuais.

- Claro. Eu não nego Jungwon, só não vejo qual a vantagem de simplesmente aceitar que um marmanjo é transexual e deixá-lo usar o banheiro feminino, quando claramente ele só está se aproveitando.

Acho que ele devia estar esperando uma contestação ao seu argumento, pois ficou surpreso e calado quando eu falei.

- E quantos marmanjos assim você encontrou na sua vida Jongseong?

- Mas te ... tem - Ele gaguejou.

Eu sorri, me sentindo vitorioso e me calei pelo resto do caminho. Na biblioteca, a gente pegou alguns livros relacionados ao dever, e sentamos calados. Eu encarei Jay lendo atentamente, olhos castanhos focados e brilhantes. Não queria admirar aquele garoto da carinha bonita, mas era difícil.

Aquela admiração da biblioteca só piorou à medida que nos encontrávamos todo dia por duas semanas, às vezes na biblioteca ou na escada do prédio principal do curso ou, eventualmente, na casa um do outro, sempre só nós dois, conversando sobre o trabalho, até que, de repente, estávamos rindo juntos a respeito de outros assuntos banais, isso nos conectou de uma forma surreal. Subitamente, ele não era mais o monstro da minha turma, mas um colega atencioso e interessado, que me fazia rir.

Seduction _ JayWon Onde histórias criam vida. Descubra agora